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    Cibersegurança será antídoto contra ataques de hackers

    SILAS MARTÍ
    DE NOVA YORK

    25/10/2017 02h00

    Dado Ruvic/Reuters
    Yahoo anuncia adiamento de venda à Verizon, depois de ataque de hackers
    Yahoo! teve dados de 3 bilhões de usuários roubados por hackers

    No segundo andar de um prédio da Times Square, em Nova York, as luzes dos telões lá fora inundam a sala e pintam de azul e vermelho o rosto de especialistas em tecnologia que juram que o futuro da cibersegurança já chegou.

    "Tudo que parecia ficção científica já é realidade", diz Rick Howard, um dos diretores da Palo Alto Networks, empresa que desenvolve sistemas de blindagem contra ataques de hackers. "Já é algo normal vermos robôs que sabem o que fazem."

    Essas máquinas, com processadores ultrapotentes, substituem os cérebros humanos na prevenção aos ciberataques, estrelas de um "admirável mundo novo" da inteligência artificial, nas palavras de Vijay Balasubramaniyan, criador de uma espécie de biometria da voz usada em bancos e seguradoras.

    "Voz será a próxima interface", diz o empresário, dono da Pindrop, empresa que convenceu instituições financeiras a trocar senhas de acesso por uma simples conversa ""o banco identifica o cliente pela fala e pelo ritmo em que digita na tela de seu celular.

    "Se você olha para novos sistemas como o Google Home e o Amazon Echo, vê que são mais inteligentes porque são acionados pela voz. Isso é o que vamos ver agora. Quando pensamos no enorme volume de objetos ligados à internet, temos que pensar em como trabalhar com eles."

    Num encontro recente organizado pela Nasdaq, o mercado de ações das empresas de tecnologia em Nova York, Balasubramaniyan e outros empresários trocaram figurinhas sobre o front de novas máquinas e vulnerabilidades antes consideradas improváveis.

    Mesmo promissor e em expansão, o mercado dos aparelhos conectados à internet, que hoje vai de televisores a cafeteiras e geladeiras, ainda está cheio de pontos fracos.

    Foi um sistema de aquecimento e refrigeração, no caso, que serviu de brecha para um ataque há quatro anos ao Target, uma das maiores redes de varejo dos Estados Unidos, que teve seus dados de compra e venda roubados. O episódio expôs o perigo da chamada internet das coisas, ou IoT, na sigla em inglês.

    Na sequência, vieram ataques ao Yahoo, que comprometeu todos os seus 3 bilhões de usuários em 2013, à rede de dados bancários Swift, no ano passado, e neste ano à Equifax, empresa de análise de risco de crédito que vazou informações sigilosas de cerca de 140 milhões de clientes.

    "Não são ninjas pendurados do teto, são coisas muito básicas que atormentam as empresas", afirma Brendan O'Connor, da ServiceNow, firma que presta serviços de cibersegurança. "Ataques são como água, eles seguem as rotas de menor resistência."

    Nesse oceano de ameaças às empresas, Shaun Cooley, executivo da Cisco, diz que é preciso pensar em "pequenas ilhas". Ele quer dizer, no caso, fazer um esforço para pulverizar redes e isolar partes de um sistema que não precisam estar ligadas às demais.

    "Não há motivo para que um sistema de aquecimento se comunique com o setor de vendas, por exemplo", diz Cooley. "Ainda é desconcertante pensar que minha máquina de lavar e secar pode ligar e desligar a eletricidade e o aquecimento da minha casa."

    Na visão de executivos do setor, avançar na blindagem contra hackers passa por deixar cada vez mais partes da vida nas mãos das máquinas, por mais que seja difícil confiar na inteligência robótica.

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    VAZAMENTO

    Empresas foram alvo de roubo de dados

    Yahoo!

    Em 2013, hackers invadiram o Yahoo! e roubaram informações de 3 bilhões de pessoas. Estima-se que o preço de venda da empresa para a Verizon caiu cerca de US$ 350 milhões por causa do vazamento

    Equifax

    Em setembro, dados de 140 milhões de clientes da Equifax, empresa de análise de crédito, foram vazados. Os dados roubados incluíam o endereço e número de cartão de crédito dos usuários

    Target

    A varejista americana Target também foi alvo de um ataque. Em 2013, 70 milhões tiveram seus dados roubados. Dois anos depois, a empresa precisou gastar US$10 milhões em indenizações para as vítimas do crime

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