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    Eric Schmidt, líder da ascensão do Google, sai da presidência do conselho

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    22/12/2017 01h22 - Atualizado às 10h59

    Dani Pozo - 10.out.14/AFP
    Google Executive Chairman Eric Schmidt speaks at the "The South Summit"- Spain Start-Up convention at Las Ventas bullring on October 10, 2014 in Madrid. AFP PHOTO / DANI POZO ORG XMIT: TG3429
    Schmidt, presidente do conselho do Google, fala durante evento em Madri

    Eric Schmidt, 62, vai deixar seu posto como presidente executivo da Alphabet, a controladora do Google, pondo fim a um incomum triunvirato que durou 17 anos e comandou a ascensão da maior companhia de Internet do planeta.

    O engenheiro Schmidt vai deixar seu posto na próxima reunião do conselho, em janeiro, mas continuará como consultor técnico da empresa e manterá um assento no conselho, anunciou a Alphabet.

    Schmidt deixou a presidência executiva do Google sete anos atrás, substituído por Larry Page, um dos cofundadores da companhia. Mas continuou a ser a face pública da companhia de buscas e da Alphabet em todo o mundo, lidando com questões políticas e negociando com autoridades regulatórias e políticas, em um período de escrutínio crescente sobre a companhia.

    Sua estreita identificação com a campanha presidencial frustrada de Hillary Clinton atraiu atenção indesejada e o Google e outras grandes empresas de tecnologia estão enfrentando pressão e política e regulatória em Washington este ano.

    Nos meses que antecederam a eleição, quando a expectativa era de que Hillary vencesse, o apoio de Schmidt a ela era encarado como jogada astuta, perpetuando o relacionamento que ele havia criado com a Casa Branca do presidente Barack Obama. O elo também era visto como plataforma de lançamento para uma possível carreira política para o chairman do Google. Mas a arriscada aposta política que ele fez fracassou, com a eleição de Donald Trump.

    Schmidt teve posição central em mais uma tempestade política na metade do ano, quando um economista que questionou o crescente poder de mercado do Google foi demitido pela New America Foundation, organização que recebe apoio financeiro significativo do Google e de Schmidt.

    A despeito desses tropeços e de informações quanto a desentendimentos crescentes entre os líderes da empresa, algumas pessoas que trabalharam em estreita proximidade com Schmidt e Page descartaram as insinuações de que a posição de Schmidt poderia estar em questão. Fazer de Schmidt a face pública da empresa em todo o mundo era conveniente para Page, um homem reservado que prefere concentrar sua atenção em questões técnicas de longo prazo e tem pouca paciência quanto a conveniências políticas.

    Um porta-voz do Google disse que a saída de Schmidt do posto estava em discussão há mais de um ano e que a posição de chairman executivo em período integral havia se tornado desnecessária depois da criação da holding Alphabet em 2015.

    Isso elevou Sundai Pinchar, o principal engenheiro do Google, ao posto de presidente-executivo da companhia de Internet, afastando Schmidt um pouco mais do negócio que continua a responder por 99% do faturamento da Alphabet.

    Schmidt não foi localizado para comentar, de imediato, e a empresa disse que seu único comentário público seria o tuite no qual declarou que "mal posso esperar para mergulhar no que há mais de recente na ciência, tecnologia e filantropia".

    Engenheiro respeitado e com muita experiência no ramo altamente técnico do software para empresas, Schmidt não era muito conhecido fora do Vale do Silício quando foi selecionado para comandar o serviço de buscas criado por Page e Sergey Brin, dois alunos de pós-graduação da Universidade Stanford, em 2001. Na época, Schmidt se referiu ao seu papel, jocosamente, como o de "supervisão adulta". Ele foi tirado da obscuridade para oferecer experiência de gestão à companhia, mas a brincadeira mascarava tensões, já que os investidores externos do Google haviam pressionado os jovens cofundadores a confiar a gestão da empresa a um executivo mais experiente.

    O relacionamento entre os três —com Schmidt sempre subordinado aos fundadores, que retiveram a maioria das ações do Google— sustentou uma década de rápido crescimento, até que Page assumisse como presidente-executivo. A participação de Schmidt na empresa caiu mais ou menos à metade nos últimos 10 anos, ainda que ele continue a deter US$ 4,9 bilhões em ações da Alphabet.

    Schmidt continuará a assessorar diversos negócios da Alphabet, entre as quais a Sidewalk Labs, sua subsidiária de "cidades inteligentes", e as iniciativas da empresa na área da saúde.

    O chairman executivo do Google desempenhou papel importante nos últimos anos para o debate quanto à inteligência artificial, percebendo antes de muitos outros observadores do setor de tecnologia que esse avanço tecnológico poderia resultar em uma reação adversa caso gerasse perdas fortes de empregos.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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