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RICARDO AGUIAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

28/06/2014 19h37

A ciência tem se focado em duas principais estratégias para combater a dengue: defender a população contra o vírus -método utilizado pelas vacinas -ou atacar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, por meio de modificação genética.

A ideia é diminuir a população do inseto na natureza.

A técnica está sendo utilizada na cidade de Jacobina, na Bahia, onde mosquitos transgênicos machos são liberados desde 2013.
O projeto começou em 2009, quando uma parceria entre a USP e a empresa Moscamed -especializada no monitoramento e controle de pragas-, lançou o Projeto Aedes Transgênico (PAT).

Entre 2011 e 2013, foram realizados estudos no município de Juazeiro, também na Bahia, onde foram liberados mais de 17 milhões de mosquitos transgênicos em dois bairros da cidade.

Esses mosquitos tinham um gene que não permitia a sua prole chegar à fase adulta, para reduzir o número de insetos da próxima geração. A quantidade de ovos do Aedes aegypti diminuiu em até 93% onde foram soltos.

Agora, em Jacobina, o PAT pretende analisar também a incidência da doença para constatar a real eficácia dos mosquitos transgênicos.

"Estudando uma cidade inteira, teremos dados para afirmar se a técnica realmente diminui casos de dengue", diz Margareth Capurro, pesquisadora da USP e coordenadora do PAT.

Capurro também estuda outros métodos de fazer mosquitos transgênicos. Sua pesquisa, ainda em fase de testes, pretende inserir um gene nos insetos que é ativado pelo vírus da dengue. Quando ativo, ele eliminaria tanto o vírus quanto o mosquito.

CRÍTICA

A principal crítica da liberação de mosquitos transgênicos na natureza está relacionada ao possível impacto ambiental que os insetos modificados geneticamente poderiam causar.

Capurro, no entanto, afirma que o método é completamente seguro. "A diminuição da população de Aedes aegypti não causará nenhum tipo de impacto ambiental", diz a pesquisadora.

"Esse inseto não é nativo do Brasil, foi introduzido. Já esteve erradicado no país por mais de dez anos, entre as décadas de 70 e 80".

POTENCIAL

Assim como as vacinas contra dengue, os mosquitos transgênicos são uma técnica, ainda em desenvolvimento, com potencial para combater a doença. Como os resultados são apenas preliminares, a continuação dos estudos é necessária.

"É mais uma alternativa que precisa ser testada", diz Bergmann Ribeiro, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.

"As vacinas contra dengue estão em desenvolvimento, mas não estão no mercado. Enquanto isso, os mosquitos transgênicos são uma estratégia que tem potencial."

RICARDO AGUIAR é trainee do 2º Programa de Treinamento em Jornalismo de Ciência e Saúde, que tem patrocínio institucional da Pfizer. O projeto final da turma é "Dengue".

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