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    Depoimento: suei mais nas trilhas da chapada que no ritual da sauna xamânica

    ROBERTO DE OLIVEIRA
    NA CHAPADA DOS VEADEIROS (GO)

    09/01/2014 03h30

    Com aquele céu cravejado de estrelas, passarinhos em cantoria e gente simpática esbanjando alegria, o convite para um mergulho no "útero da Mãe Terra" parecia perfeito para o clima da chapada.

    A promessa vinha dos organizadores da sauna xamânica, descrita como "um dos mais poderosos rituais de cura", que trabalha "todos os níveis do ser humano".

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    Sob o efeito do atraso do avião, das filas no aeroporto e dos buracos da estrada de Brasília até Alto Paraíso (GO), a "capital" da chapada, era difícil resistir à "reintegração no ecossistema" e não doar "sangue [suor] à natureza".

    Nada mais propício para promover tal "sacrifício" do que uma viagem à chapada dos Veadeiros. Místicos buscam a região por acreditar que o lugar é sagrado. Veem nela um coração magnético onde pulsa energia -do bem.

    Será talvez obra de sua localização no paralelo 14, o mesmo que corta Machu Picchu, lendária cidade inca peruana. Outra justificativa é que o cenário repousa sobre uma das maiores placas de cristal de quartzo da Terra.

    O vapor da sauna se transforma na "respiração do Grande Espírito", na descrição do xamã, que explica que a cerimônia tem o poder de "promover a conexão entre todos os seres": pessoas, animais, plantas e até mesmo gnomos. Lá fui eu em busca da prometida experiência.

    Inspirada nos ritos dos índios norte-americanos, a sessão dura cerca de 40 minutos. Os participantes entram e saem sete vezes da sauna, que é iluminada por velas. A cada entrada, um banho quente de ervas, enquanto a iluminação é reduzida.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Se bater preguiça, o ideal é afugentar esse pecado capital para não "romper o grande elo com a mãe natureza".

    Além de purificar o corpo, o banho a vapor ainda estimula os sentidos, segundo pregam seus seguidores e discípulos. Sangrei, ou melhor, suei bastante.

    Saí de lá renovado, com uma baita sensação de alívio, mesmo sem ter-me conectado com ninguém. Minto: no caminho de volta à pousada, um guia me ofereceu seus serviços.

    Este, sim, me ajudou a conhecer não só o "útero" como os outros "órgãos" da "Mãe Terra": nascentes, rios, riachos, cachoeiras, matas.

    Com ele, percorri quilômetros de trilhas para alcançar vistas panorâmicas do alto de cânions. Entre uma trilha e outra, suei mais do que na sauna xamânica.

    Naquele refúgio sagrado, ouvi sons e cantos que purificaram minha alma.

    Avistei espécies raras que coloriram minha visão. Em dois dias, os meus chacras estavam todos alinhadíssimos.

    Mistério sempre há de pintar na chapada. Misticismo ou esoterismo, pouco importam os "ismos". Deixe seu lado hippie aflorar e mergulhe. Nem que seja nas piscinas naturais que forram o coração do cerrado brasileiro.

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