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    Proibição do narguilé causa rebuliço na Jordânia

    DA FRANCE PRESSE

    10/02/2014 17h38

    A decisão governamental de aplicar uma lei que proíbe o narguilé nos restaurantes e cafeterias jordanos enfureceu os fumantes e proprietários de negócios.

    A lei, votada em 2008, nunca tinha sido aplicada, mas o governo decidiu revogar neste ano a licença de 5.000 estabelecimentos que propõe aos clientes a "shisha", um cachimbo de água típico da região.

    Khalil Mazraawi/AFP
    Jovem fuma no tradicional narguilé, em café da Jordânia
    Jovem fuma no tradicional narguilé, em café da Jordânia

    Fumantes e donos de cafés estão indignados com a decisão que questiona um estilo de vida e uma indústria com volume de negócios de milhões de dólares e com 12 mil empregados.

    "Milhares de pessoas perderão seus empregos", advertiu Emran Torsha, que gerencia o café Jafra, no centro de Amman, em que quase 2 mil clientes são atendidos diariamente - a metade para fumar.

    A licença que permite propor o narguilé no estabelecimento expira em fevereiro.

    "O que vamos dizer aos clientes que vêm aqui para relaxar?", se pergunta no café, enquanto dezenas de homens e mulheres de todas as idades fumam, bebem ou comem algo.

    O ministro do Turismo, Nidal Qatamin, pediu que "a proibição se aplique gradualmente, levando em conta os interesses comerciais".

    Para o ministro da Saúde, Ali Hiasat, a proposta é de eliminar o narguilé da Jordânia. "O governo não se retratará", afirmou.

    As autoridades começaram a aplicar a lei contra o tabaco em 2010, dois anos depois de sua votação. Mas foi praticamente ignorada, inclusive nos locais governamentais e nos espaços públicos, como hospitais e escolas.

    A lei prevê até um mês de prisão ou uma multa de US$21 a US$35 para os fumantes; inclusive seis meses de prisão e o pagamento de US$1.400 se se fuma, por exemplo, em uma pré-escola.

    A METADE DA POPULAÇÃO FUMA

    Mas o narguilé é um passatempo muito popular na Jordânia.

    "O que vai substituir a 'shisha' se o governo a proibir? Onde iremos?", se pergunta Wasim Yusef, um trintão sentado em uma das mesas do Jafra. "O narguilé é uma tradição. É meu único lazer."

    Os especialistas em saúde afirmam que o sabor frutado e variado da "shisha" pode fazer com que os fumantes se esqueçam do perigo do tabaco e advertem que o narguilé é mais danoso que o cigarro devido ao tempo que se passa consumindo.

    As autoridades estão preocupadas com os efeitos do tabaco em um país em que a metade dos sete milhões de habitantes são fumantes.

    "A cada ano se registram 5.000 casos de câncer na Jordânia. Cerca de 40% estão relacionados com o tabaco", afirma Firas Hawari, médico do Centro de Cancerologia do Rey Husein.

    A luta contra o tabaco se transformou em uma prioridade na Jordânia. A lei deve ser aplicada sem demora", salientou.

    Uma opinião compartilhada por Faten Hanaia, que dirige a associação Jordânia Sem Tabaco, para quem a proibição do narguilé é "uma primeira etapa para a proibição do fumo em lugares públicos".

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