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    Cuenca preserva herança inca e trinca de patrimônios da humanidade

    GUSTAVO SIMON
    ENVIADO ESPECIAL A CUENCA

    20/02/2014 04h00

    A província de Azuay, a cerca de 450 km de Quito, pode não ser tão conhecida quanto a capital ou quanto Galápagos. Desde dezembro de 2012, porém, vem multiplicando seus orgulhos -e atraindo mais turistas.

    A capital da província, Cuenca, já tinha seu centro histórico tombado pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade desde 1999.

    No final de 2012, o chapéu-panamá, um dos principais produtos equatorianos -cujo principal polo produtor é Cuenca-, foi declarado patrimônio imaterial pela mesma entidade. Cinco meses depois, foi a vez do parque nacional Cajas, 30 km a oeste da cidade, ser elevado à categoria de reserva mundial da biosfera.

    Essa trinca de patrimônios da humanidade forma, junto com outra trinca, a de ruínas da civilização inca, os principais atrativos de Cuenca.

    Antes de ser fundada por espanhóis em 1557, a cidade abrigou o povo aborígine cañari e foi, junto de Cusco (Peru), uma das capitais incas. Apesar de as diferentes dominações terem envolvido guerras e dizimação de populações, ainda hoje tradições se misturam no centro urbano.

    O rio Tomebamba, que corta a cidade, também a divide entre antiga e moderna. E para conhecer a primeira, o melhor jeito é caminhar.

    A cada esquina, as ruas estreitas do centro histórico vão revelando um bom número de conventos e igrejas.

    A mais grandiosa talvez seja a catedral nova, com três naves e capacidade para 8.000 fiéis. Planejada para ser "tão grande quanto a fé do bispo" da época, foi erguida ao longo de quase cem anos, entre 1885 e 1974.

    É mesmo ao redor das igrejas que parece orbitar a vida cotidiana de charme interiorano -apesar de o trânsito do centro histórico ter seu quê metrópole- de Cuenca.

    Perto delas são vendidas rosas -a praça das Flores, em frente à igreja de Carmen de la Asunción, fica tomada delas-, "água de pitimás", infusão à base de ervas e especiarias produzida por freiras, e "pan de viento", saborosa empanada de queijo salpicada de açúcar.

    Mais presente que igrejas, só mesmo as "cholas", mulheres que andam de chapéu-panamá e saias coloridas até os tornozelos tão simbólicas dos Andes -a maioria se deixa fotografar com um sorriso.

    Apesar de certo desgaste, evidenciado por pichações, o centro histórico mantém ainda praças verdejantes, museus simples e casarões históricos, que por vezes guardam pousadas luxuosas, como a Mansión Alcázar (mansionalcazar.com), e restaurantes típicos bacanas, a exemplo do Tiestos (tiestosrestaurante.com) e da padaria da igreja Todos Santos.

    RUÍNAS E NATUREZA

    Um passeio a pé pelo centro pode terminar na calle Larga, que leva até Pumapungo, sítio em que foram descobertas ruínas incas.

    Degradadas pela construção de um colégio jesuíta na década de 1960, hoje elas estão em parte reconstruídas. O jardim e os degraus onde se cultivava alimentos em honra ao sol são o ponto alto do passeio, que custa US$ 5 (R$ 12).

    Mas, para uma imersão na cultura inca, melhor rumar até Ingapirca, na província de Cañar, a 80 km de Cuenca -ônibus partem em dois horários e fazem a viagem em 2h30, por US$ 2,50 (R$ 6).

    O principal complexo arqueológico do Equador é maior e mais bem preservado que Pumapungo (o ingresso custa US$ 6, ou R$ 14).

    Em Ingapirca, as alamedas de pedras que reconstituem construções seculares cañaris e incas ainda guardam particularidades como um raro templo inca de arquitetura circular, provável reflexo do contato entre os dois povos.

    As pedras lisas, que desafiam a estabilidade, a exemplo do que se dá em ruínas peruanas, foram carregadas pelas íngremes trilhas andinas.

    Outro sítio com estruturas remanescentes dos incas, Cojitambo, a 21 km de Cuenca, vale a visita mais pelas paisagens naturais.

    A montanha é procurada por escaladores, mas, a mais de 4.000 metros de altitude, todas as paisagens ao redor se descortinam entre as nuvens.

    Natureza também é o forte do parque nacional Cajas. Região de nascentes a até 4.400 metros de altitude, o parque tem cerca de 15 trilhas -três eram caminhos usados pelos imperadores incas.

    Elas passam por 250 lagoas e permitem avistar dezenas de animais (o rato-pescador-de-cajas e o lobo-do-páramo são endêmicos dali) e plantas, como a árvore "queñua", uma das poucas a sobreviver a grandes altitudes.

    O jornalista viajou a convite da Fundação Municipal Turismo para Cuenca e da LAN

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