São 664 quilômetros vencidos em treze horas: um trajeto longo. Mas isso não impede que a estrada de ferro Vitória-Minas seja utilizada por cerca de 3.000 pessoas todos os dias.

A principal vantagem é o preço: uma poltrona entre os pontos de chegada e partida custa R$ 58 (econômica) e R$ 91 (executiva, com ar-condicionado e poltronas 20% mais largas). O mesmo trecho de ônibus custa entre R$ 90 e R$ 135.

Gaía Passarelli/Folhapress

Trem Vitória-Minas operado pela Vale

"Nosso foco é o passageiro das cidades pequenas," diz o chefe de bordo Sergio Dunga, 52, que trabalha na rota há 21 anos.

O trem parte pontualmente todas as manhãs nos dois sentidos: às 7h de Pedro Nolasco, região metropolitana de Vitória, e às 7h30 da praça da Estação de Belo Horizonte. A Vale recomenda a compra de passagens com antecedência apenas em feriados e dá 20% de desconto na compra pelo site.

Em atividade contínua desde 1907, a EFMV margeia os rios Piracicaba e Doce, atravessando montanhas e vales na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. A mata verde fechada, fresca e imponente, domina as montanhas mineiras após a saída de BH. A primeira boa chance de fotos está na região mineradora de Itabira, cerca de uma hora e meia depois da saída de BH. É onde o trem atravessa uma gigantesca escavação de minério, equilibrado nos trilhos de uma plataforma.

O trecho mais bonito está muito à frente, cerca de cinco horas antes de Vitória, entre a pequena estação de Krenak (nome de uma extinta aldeia de índios) e a bucólica Aimorés. É onde o pedregoso Rio Doce acompanha o trilho do trem, presenteando quem está nas janelas do lado esquerdo com a visão das imensas rochas que brotam do rio e das águas verdes da Barragem de Aimorés refletindo as montanhas da região.

A rota usa vagões construídos na década de 80, importados da Romênia. A falta de luxo é compensada pelo excelente estado de conservação e limpeza dos vagões que, na classe executiva, são aconchegantes o suficiente para quem quiser tirar um cochilo, atrapalhado apenas pelos anúncios dos alto-falantes indicando próximas paradas e pelo entra e sai constante de passageiros. Os banheiros são dispostos a cada dois vagões, arejados e constantemente limpos.

A única refeição do dia é o almoço, entregue direto na poltrona pouco antes do meio-dia. Custa R$ 16 e sustenta o humor de quem faz o trajeto completo na forma de um marmitex simples de arroz, feijão, farofa e bife - sem opções para vegetarianos. Como não há bandejas nas poltronas, o melhor é aproveitar para esticar as pernas e andar até o vagão restaurante, que oferece mesas e cadeiras limpas.

A lanchonete tem petiscos industrializados, como salgadinhos de pacote e refrigerantes. Exceção é a caixinha de doces caseiros (brigadeiro, beijinho e cajuzinho), que custa R$ 3. Mas o melhor é a oferta aparentemente infinita de café coado e pão-de-queijo quentinho (R$1 cada) que os funcionários passam vendendo nos vagões durante todo o trajeto.

Dicas

Se acabar a bateria do celular ou do laptop, a composição tem um espaço "de leitura", antigo vagão restaurante adaptado com cadeiras, balcão de metal e tomadas para quem quiser recarregar baterias. Não há Wi-Fi, mas o uso é gratuito e, no dia da visita, sem filas.

O melhor lugar para ver a viagem são as "varandas", extremidades dos vagões com janelas grandes e espaço suficiente para quem quem esticar as pernas ou fazer fotos.

Outro cuidado: fotos, apenas pelas janelas. Não dá tempo de saltar nas paradas nas estações, que duram apenas entre um e quatro minutos.

SERVIÇO
Onde saídas diárias da estação Pedro Nolasco (Grande Vitória) às 7h e da Praça da Estação de Belo Horizonte às 7h30. A viagem leva cerca de treze horas.
Quanto R$ 58 (econômica) e R$ 91 (executiva, com poltronas maiores e ar-condicionado). Passagens compradas on-line com até um dia de antecedência têm 20% de desconto.