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    Depoimento: 'Pedi demissão quando vi que o momento certo nunca chegaria'

    DÉBORA YURI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    29/05/2014 02h00

    Eu decidia os próximos passos da viagem dia a dia. Cheguei a ir a um aeroporto em Dubai com a ideia de comprar uma passagem barata para qualquer lugar. Assim, acabei na Índia, um dos meus países favoritos, quase por acaso. Tempo é a principal variável em uma volta ao mundo, e não dinheiro, como todos pensam.

    Na África do Sul, viajei pelo "Baz Bus", um sistema de transporte que te permite viajar e conhecer gente ao mesmo tempo. A partir dali, fiz um "overland" até o Quênia. Algum tempo depois, encontrei um voo barato para a Europa, onde me locomovia de ônibus, trem ou companhias aéreas "low cost". Na Ásia, tudo é barato e não é um problema decidir na hora para onde ir.

    Comprei boa parte das passagens com milhas acumuladas com meu cartão de crédito. Há maneiras bem criativas de conseguir viajar por bastante tempo gastando pouco.

    Europa Ocidental, América do Norte e Oceania são destinos caros e eu gastava mais, mas compensava gastando pouco e vivendo como um rei em países como Índia, Bolívia, Tailândia e Laos. Não deixei de fazer as coisas que queria fazer no meio do caminho, como andar com gorilas em Uganda, voar de balão na Capadócia, mergulhar com tubarões na África do Sul, cruzar o deserto do Saara, me hospedar em templos budistas...

    Imprevistos virão, e cedo ou tarde a diarreia vai te pegar. Se estiver pela África, América do Sul ou Ásia, cuidado com a água e respeite seu estômago.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Mural da Viagem
    Mural da Viagem

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    A maior dificuldade é partir. Eu trabalhava em um banco de investimentos e percebi que o momento perfeito nunca chegaria. Aí, pedi demissão e me mandei. No momento em que você coloca o pé pra fora de casa e vai, tudo fica mais fácil e as dificuldades se transformam em desafios alegres.

    Não esqueça: é a sua viagem, o seu sonho. Crie uma lista de sonhos e vá para esses lugares, mas tenha flexibilidade para mudar. Não se comprometa por muito tempo, é frustrante ter de ir para algum lugar apenas porque o voo já esta comprado. Estabeleça um orçamento diário máximo, defina por quanto tempo quer viajar e vá.

    Hoje, ajudo pessoas a fazerem o mesmo que fiz. Eu era voluntário em hostels, trocava algumas horas de trabalho por estadia. Acomodação e passagens aéreas são os itens mais caros. Economizando nestes dois pontos, sobrava mais dinheiro para atrações turísticas, restaurantes e festas.

    Além disso, agora sou mais desapegado, leve, feliz, venci o egoísmo e vários preconceitos. Conheci outros esportes, comidas, religiões, falo cinco línguas. Viajar renova a autoconfiança, a paciência e te dá a sabedoria de anos em poucas semanas.

    Vou dar algumas dicas práticas: tenha sempre um rolo de papel higiênico contigo, sorria sempre, crie uma rotina de exercícios, não deixe de cuidar da saúde, alimente-se bem e tome muita água (em garrafas plásticas, dependendo de onde você esteja). Se você acha que certa comida vai te fazer mal, não coma.

    Quando bater saudade, procure algo que te faça se sentir em casa e use como seu refúgio –um café familiar, um restaurante que te atrai, uma bicicleta. Dê uma chance ao novo. E pense: sua viagem vai acabar um dia e você vai se arrepender se não aproveitar cada instante.

    RIQ LIMA, 27, empresário, criou o site www.worldpackers.com, que divulga oportunidades em hostels de 82 países. Estes estabelecimentos aceitam voluntários para trabalhar por algumas horas semanais em troca de estadia.

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