• Turismo

    Friday, 03-May-2024 19:02:10 -03

    Cachoeiras da serra da Canastra surpreendem com quedas menores

    MICHAEL KEPP
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    19/06/2014 02h00

    Para mim, as melhores cachoeiras nunca são as maiores. Sim, as cataratas do Iguaçu são de tirar o fôlego. Mas quedas-d'água menos estupendas, que massageiam as costas, lavam o suor e oferecem um bom lugar para nadar são mais convidativas.

    Afinal, qual é a graça de passar horas caminhando até uma cascata em que você não pode se molhar e com que não pode interagir? É como a diferença entre suspirar por uma top model e ser seduzido por alguém que acaba de conhecer.

    Eu já fui a toda parte para conhecer tais cascatas –desde as três chapadas (Diamantina, dos Guimarães e dos Veadeiros) até as cavernas em Mato Grosso e os cânions do Rio Grande do Sul. Mas, para encontrá-las, os paulistas só precisam ir ao parque nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, como descobri numa viagem de três dias ao local.

    O cartão-postal do parque, a cachoeira Casca d'Anta, é a terceira maior queda livre do Brasil e, como as cataratas do Iguaçu, é grandiosa. Mas esse véu de noiva de 186 metros cai com tanta força que quem está cansado da vida deveria experimentar ser massageado por ele. E a descida íngreme por pedras escorregadias faz com que chegar até sua piscina natural turbulenta, cheia de ondas agitadas, seja uma empreitada perigosa.

    A parte superior da Casca d'Anta, onde a queda começa, é frustrante por uma razão diferente. Depois de a cachoeira escorrer sobre uma formação rochosa em degraus, desde seu mirante só são visíveis os primeiros metros de seu mergulho vertical.

    O passeio até a parte superior da cachoeira vale a pena porque você percorre o parque nacional da Serra da Canastra, um campo de vegetação rasteira e manchas do cerrado, onde brotam as nascentes do rio São Francisco, que o parque foi criado para proteger.

    Nessas nascentes, o arenito e quartzito –rochas feitas de areia– atuam como esponjas, retendo a água da chuva que escoa para formar riachos que se juntam para criar o Velho Chico.

    ÁGUA E SOL

    As duas quedas-d'água mais convidativas e interativas que encontrei na serra da Canastra ficam em áreas de propriedade particular vizinhas ao parque (os ingressos saem por R$ 10). Uma delas, a cachoeira do Fundão, é um véu de noiva de 60 metros que recebe sol o dia inteiro.

    O volume da queda-d'água e a profundidade de sua piscina verde-esmeralda inviabilizam a massagem, mas convertem a água borbulhante logo atrás da cachoeira numa banheira de hidromassagem natural.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Ainda mais encantadora é a cachoeira do Cerradão, uma cascata de 140 metros que quebra duas vezes sobre pedras que se projetam da parte inferior de um paredão de quartzito. As pedras suavizam a queda, criando as condições perfeitas para uma massagem. E a piscina cristalina, cercada por mata ciliar, converte o lugar num oásis.

    As cachoeiras são ainda mais encantadoras quando exclusivas e se a única outra pessoa com quem você as compartilha for também uma maravilha. E quando minha mulher e eu visitamos a cachoeira do Cerradão, de outro modo deserta, pode ter sido o mais perto que já chegamos do paraíso.

    Clique aqui e veja uma lista com as mais altas quedas-d'água do mundo.

    MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado no Brasil, é autor do livro "Tropeços nos Trópicos - Crônicas de um Gringo Brasileiro" (Record)

    Tradução de CLARA ALLAIN

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024