É fundamental acordar bem cedinho em Alter do Chão e aproveitar para se mexer antes que o sol vire um maçarico. A claridade das 6h30 já permite começar a programação com uma bucólica caminhada na praia deserta, em direção ao píer, burlando os primeiros raios e aproveitando para dar um mergulho nas águas tépidas.
Sem vento, o rio Tapajós fica tão liso que parece um tapete translúcido, no qual as nuvens conseguem se refletir com nitidez, criando um curioso efeito visual.
Também a essa hora as ruas ainda estão vazias, favorecendo explorar a pé alguns recantos por detrás da vila, em vias não pavimentadas, lá onde ficam as casas de veraneio, em meio à vegetação nativa –e à sombra.
Deixe para tomar o café na sua pousada depois dessas andanças para, em seguida, descer novamente até a beira do rio, dessa vez afim de escolher qual é o passeio de barco que se encaixa melhor no seu perfil e no seu tempo.
Em Alter, é só chegar até a areia para notar que há vários tipos de embarcações às margens do rio. Além das enormes "gaiolas", que fazem excursões pela região e organizam pacotes para o centro de Santarém, você vai ver lanchas de alumínio, canoas, bajaras e catraias.
As duas últimas são típicas da região. A primeira, com motor e potencial para levar passageiros aos igarapés (canais navegáveis entre ilhas fluviais ou entre ilha e terra firme) e às praias vizinhas; movida a remo, a segunda se presta a fazer a microtravessia entre o continente e a disputada praia do Amor.
Fernando Mola/editoria de Arte/Folhapressr | ||
Mapa da região |
Trata-se de uma ilhota que se transformou no cartão-postal de Alter, mas que fica inteiramente submersa entre fevereiro e junho, quando as chuvas costumam castigar a bacia Amazônica e o nível do rio Tapajós sobe demais. Nessa época, a paisagem da vila é outra, quase irreconhecível.
Logo você vai observar como também foi implantada a organização entre os chamados catraeiros e barqueiros em geral. Para atender ao turismo –que representa 80% da renda deles–, foram criadas diversas associações entre as comunidades locais, apoiadas por ONGs e sem vínculo político, proposta bem-sucedida em Alter.
O preço de R$ 5 (que desce para R$ 4 quando as águas baixam de patamar) para transportar quatro pessoas até a outra margem é aplicado com hegemonia, e cada catraeiro aguarda a sua vez.
O sistema flui e, por sua vez, o visitante não se sente pressionado e sequer explorado. E, pasme: esses profissionais não aceitam gorjeta!
A maioria das pessoas que chega a Alter do Chão acaba passando o dia "lagartixando" numa espreguiçadeira na praia do Amor, deitada em redes na sombra das barracas ou de molho na água, sentada em cadeiras de plástico.
PÔR DO SOL
Mas é um pecado viajar para um destino tão exótico e não aproveitar o leque de atrativos que só pode ser desvendado de barco –tem quem fique hospedado nas embarcações maiores.
Caso você chegue à vila no fim da tarde, agende um passeio para admirar o pôr do sol, evento que é levado a sério nessas redondezas.
Vá de lancha ou embarque numa bajara e, em cerca de meia hora, você vai estar pisando num banco de areia chamado ponta do Cururu, onde o "grand finale" são os últimos raios de sol derretendo no horizonte enquanto alguns botos fazem peripécias a poucos metros da areia.
Na volta, aproveite para já deixar agendado, com o mesmo barqueiro, o passeio da manhã seguinte. Dessa forma, você vai ter o dia inteiro para aproveitar.
O itinerário deve incluir o igarapé do Macaco. Com a embarcação, chega-se a uma "piscina" gelada e translúcida, com água que bate na cintura, ideal para dar umas braçadas e fugir dos mosquitos.
Toda a área é banhada por vegetação endêmica. Segundo o guia, ali dá muito tucunaré e tambaqui, peixes tipicamente amazonenses.
Em seguida, é hora de conhecer a ponta do Muretá e a do Caxambu, onde as paradas estratégicas são para se refrescar no rio, já nem tão transparente. Tome cuidado com a correnteza.
Depois, vale um desvio para conhecer o lago Jucuruir, antes de reabastecer as energias com uma cervejinha, um coco ou uma caipirinha e um peixe em um dos restaurantes que se encravaram ao longo das margens do Tapajós.
Os estabelecimentos oferecem um serviço de praia "sui generis": pelo celular, você liga para um dos números que estão marcados numa folha grudada na estrutura superior da barraca e faz o pedido; assim, poupa tempo e não queima o pé.
Explicação: as cadeiras, mesas e espreguiçadeiras, ficam literalmente dentro d'água, e a cozinha, digamos, mais distante. E, a esta altura, como já passa das 12h, os atendentes enfrentam o sol para servir os turistas.
No Pará, as temperaturas são altas e todo cuidado é pouco. Chapéu e protetor são imprescindíveis. É também por isso que o barqueiro evita navegar nessa hora e espera amenizar a quentura.
O roteiro segue até o pequeno igarapé de Iruçanga, no qual penetramos a pé até chegar ao poço de água gélida, onde dá para mergulhar –a esta altura da tarde escaldante, é uma sensação refrescante.
PARA QUANDO VOCÊ FOR A ALTER DO CHÃO
SITE OFICIAL
facebook.com/semturstm?fref=ts
AÉREO SP-SANTARÉM-SP
TAM R$ 1.071 (conexão em Belém ou Manaus). Reservas: 4002-5700; tam.com.br
Gol R$ 1.135,90 (escala em Brasília e Manaus). Reservas: 0800-7040465; voegol.com.br
DE SANTARÉM PARA ALTER
Do aeroporto, o melhor é pegar um táxi e combinar a tarifa, que varia de R$ 80 a R$ 100. A viagem de 37 km por estrada asfaltada dura aproximadamente 1 hora
PACOTES
Egípcia Tours três noites no hotel Mirante da Ilha saem por R$ 1.970 com café, tour e aéreo. Reservas: (11) 3459-3444; egipciatours.com
Nascimento pacote de três noites no Mirante da Ilha, com passeio, custa R$ 2.750, com café e aéreo. Reservas: 0800- 7741110; nascimento.com.br
Adventure Club quatro noites no hotel Belo Alter, com café e passeio por comunidades ribeirinhas, saem por R$ 2.584. Sem aéreo. Reservas: (11) 5573- 4142; adventureclub.com.br
PASSEIOS DE BARCO
Pôr do sol R$ 200 o tour de 1h30, para três pessoas
Igarapés R$ 400, para três pessoas
GUIAS LOCAIS
Moysés (93) 9175-8441
Erik (93) 9112-0840
ONDE FICAR
Belo Alter Hotel no meio de um bosque, é um pouco afastado da vila, mas tem piscina e restaurante. Para chegar ao centro, conte 15 minutos de caminhada. Diária custa R$ 231 por casal, com café (rua Pedro Teixeiro, 500; beloalter.com.br )
Pousada do Mingote bem perto da praça principal e dos restaurantes e a 200 metros da areia. Os quartos são simples, porém com camas confortáveis. Diária por R$ 160, para casal, com café (travessa Agostinho A. Lobato, s/nº; pousadadomingote.com.br )
Hotel Mirante da Ilha boa localização, com vista lindíssima para a praia do Amor e para o rio. As acomodações são confortáveis e o hotel conta com restaurante panorâmico. A diária custa R$ 198 por casal, com café
(rua Lauro Sodré, 369; hotelmirantedailha.com.br )
Barcos para hospedagem quatro pessoas pagam R$ 3.200 por quatro dias navegando, com marinheiro (Sérgio: 93/9202-6625)
ONDE COMER
Arco-íris da Amazônia o dono, Pedro, sempre oferece uma opção vegetariana, além do prato do dia. No cardápio, carne, peixe, camarão e o moussaka, uma especialidade grega. Prove o crepe de doce de leite com sorvete de gengibre. No local, há uma joalheria e loja de roupas (praça 7 de Setembro, s/nº)
Mãe Natureza serve pratos como o pirarucu, especialidade regional. Há música ao vivo, prestigiando o ritmo carimbó (praça 7 de setembro, s/nº)
Farol da Ilha com vista para a praia, tem no cardápio caipirinhas; os pratos, à base de peixe, são preparados com bastante tempero (orla de Alter do Chão, s/nº)