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    Em Vegas, gay pode tudo, menos casar

    DA ASSOCIATED PRESS

    28/08/2014 02h00

    Embora casais gays ainda não possam se casar na capital mundial do casamento, Las Vegas quer deixar claro que eles –e seu dinheiro– são mais que bem-vindos ao bufê de outras atividades que a "Sin City" (cidade do pecado) tem a oferecer.

    As autoridades municipais de turismo recentemente lançaram sua primeira grande campanha de TV dirigida à comunidade LGBT: um comercial estrelado por um bonitão e com história maliciosa. A Liaison, primeira casa noturna gay em um dos grandes cassinos da Strip, a avenida principal de Las Vegas, foi inaugurada algumas semanas atrás. E as piscinas de cassinos, que vêm enfrentando dificuldades para se diferenciar no bem-sucedido mundo dos day-clubs, descobriram um nicho nas festas de piscina para gays.

    Os esforços fizeram da cidade um dos destinos favoritos para viajantes gays, os quais, segundo especialistas em turismo LGBT, têm maior probabilidade de não ter filhos e tendem a dispor de mais renda disponível do que a média dos visitantes à cidade.

    Mas alguns líderes de negócios temem que o veto do Estado de Nevada aos casamentos homossexuais esteja impedindo Las Vegas de atingir seu potencial máximo junto a esse grupo demográfico.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Onde fica Las Vegas
    Onde fica Las Vegas

    "Chegamos a um ponto, no Estado de Nevada, em que nossas leis atuais em relação ao casamento gay e lésbico tornaram nosso principal setor econômico, o turismo, não competitivo", disse Michael Weaver, vice-presidente de marketing da Wynn Resorts.

    "Hotéis, cassinos, restaurantes, floristas, fotógrafos e músicos de Las Vegas precisam ter liberdade para concorrer com os 19 Estados nos quais essa liberdade [de casamentos gays] existe", disse.

    Enquanto a lei estadual de proibição aos casamentos homossexuais é debatida nos tribunais, os anunciantes de Las Vegas não estão perdendo tempo em seus esforços para criar uma imagem da cidade como uma espécie de parque de diversões ousado, para adultos, com espaço para acomodar a comunidade LGBT.

    O site da Las Vegas Convention and Visitors Authority, a agência municipal de turismo, deixa de lado a questão do casamento e alardeia cerimônias de compromisso (sem valor legal), pacotes de lua de mel no cassino e hotel Paris e músicos e cantores reverenciados pela comunidade LGBT –ícones como Cher, Celine Dion e Elton John fazem longas temporadas na cidade.

    NA TV

    O sugestivo comercial lançado recentemente é outra estratégia para estender o alcance do lema "o que acontece em Vegas fica em Vegas".

    O filme começa com um homem e uma mulher chegando juntos ao balcão de um hotel em Las Vegas; em seguida, a mulher corre para o banheiro. Quando um homem bem vestido chega ao balcão, o recepcionista pergunta se os dois homens vão se registrar juntos. Eles trocam um olhar breve, mas significativo, que sugere: "Estamos em Vegas... Por que não?"

    "A propaganda permite que as pessoas percebam que, não importa quais sejam suas origens, podem vir a Las Vegas e se divertir", diz Jim McMichael, gerente de diversidade e marketing cultural da agência municipal de turismo.

    "Com a desaceleração da economia, precisamos garantir que cheguemos ao maior número possível de mercados", explica McMichael.

    Las Vegas não é a única cidade dedicada aos jogos de azar que tenta capturar o mercado LGBT. Atlantic City vem se promovendo agressivamente na mídia paga e social como destino perfeito para casamentos, luas de mel ou festas de despedida de solteiro para gays.

    Las Vegas é o destino mais popular entre os polos turísticos norte-americanos para os gays e homens bissexuais, atrás de Nova York e empatada com San Francisco e Chicago, de acordo com uma pesquisa da Community Marketing, uma consultoria e instituto de pesquisa que estuda os hábitos de consumo dos homossexuais.

    A cidade ocupa o terceiro posto nas preferências das lésbicas e mulheres bissexuais, atrás de Nova York e San Francisco, e empatada com Chicago, de acordo com a mesma pesquisa.

    As demais cidades no topo da lista são baluartes mais estabelecidos do orgulho LGBT. Muitas delas têm "bairros gays", como o distrito de Castro, em San Francisco, estabelecidos há décadas.

    Las Vegas surgiu do nada no mercado LGBT cinco ou dez anos atrás, de acordo com John Tanzella, presidente da Associação Internacional de Agências de Turismo Gay e Lésbico. Mas tem um enorme potencial. "É uma cidade criativa e antenada", diz ele.

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