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    Veneza sofre com a falta de educação de turistas e deve criar taxa de entrada

    DA AFP

    28/08/2014 02h00

    Fotos de Veneza que estão sendo publicadas em jornais italianos estão deixando os moradores e o poder público em choque. São pessoas fazendo xixi em latas de lixo, lavando-se nos canais e cozinhando nas ruas. Outras imagens mostram como bicicletas, carros e motos passam pelas vielas da cidade, apesar de isso ser totalmente proibido.

    Preocupadas, as autoridades estão desenvolvendo ideias para coibir o turismo de massa, que está degradando a cidade do amor e da cultura. A indignação sobre a situação de Veneza começou com a publicação há poucos dias da foto de duas pessoas que em pleno dia praticavam sexo na ponte dos Descalços, uma das quatro que cruzam o Grande Canal, sem que ninguém dissesse nada ou a polícia tomasse providências.

    Reprodução/corrieredelveneto.corriere.it
    Turistas flagrados fazendo xixi no cesto de lixo
    Turistas flagrados fazendo xixi no cesto de lixo

    "É preciso começar com um sério debate que dê a Veneza os instrumentos para tramitar o que é sua fonte de desenvolvimento econômico, e evitar que isto não vá em detrimento do patrimônio único e cultural da cidade", disse a secretária de Estado de Patrimônio da Itália, Ilaria Buitoni.

    O órgão estuda uma forma para controlar o fluxo de turistas no destino, declarado patrimônio da humanidade pela Unesco. O presidente da região do Vêneto, cuja capital é Veneza, Luca Zaia, indicou a possibilidade de organizar "um número programado de turistas" para evitar as massificações.

    No entanto, Zaia criticou duramente algumas propostas sobre a introdução de uma taxa para entrar na cidade como medida para conter a chegada em massa de turistas.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Onde fica Veneza
    Onde fica Veneza

    "Temos a obrigação de garantir o acesso a todas as classes sociais. A ideia de uma Veneza só para poucos ricos é vergonhosa", disse Zaia.

    "Os turistas que vêm passar o dia em Veneza sem ficar para dormir custam muito mais em questão de serviços e deixam menos. É justo que paguem um ingresso", rebate Claudio Scarpa, presidente da Federalberghi, associação de hosteleiros de Veneza.

    Atualmente, existe em Veneza uma taxa de alojamento para os visitantes que vai de € 1 (R$ 3) a € 5 (R$ 15) a cada noite, dependendo de quantas estrelas tem o hotel.

    Segundo os dados da Federalberghi Veneza, de cada dez turistas que chegam à cidade dos canais, sete não ficam para dormir e fornecem só 30% do faturamento turístico total à cidade.

    Marco Michielli, vice-presidente da Confturismo, associação que reúne restauradores e hoteleiros, ressaltou que há anos pede que seja "regulamentado o acesso a Veneza" e lembrou de Serenissima, que, com apenas 50 mil habitantes, "suporta a cada dia uma média de 60 mil turistas e tem dias que chega aos 100 mil".

    Por enquanto, as diferentes vozes em Veneza não estão de acordo sobre como enfrentar o problema, mas, para a secretária de Estado italiana a questão é urgente: "Veneza está morrendo e é preciso enfrentar o problema imediatamente. Não se pode mais esperar".

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