As advertências se repetiam, cada vez que eu comentava que visitaria Houston sem carro. "Não vai dar certo", "É melhor alugar", "Os ônibus são um lixo e demoram muito" foram alguns dos avisos que ouvi. Mesmo assim, resolvi encarar. Para piorar a situação, escolhi um hotel com base no preço. Era limpo, razoável, com café da manhã simples e internet rápida, mas bem distante do centro.
O problema, para o turista novato como eu, é que Houston não tem exatamente um "centro" onde tudo acontece. O "downtown" é espalhado por vários bairros, alguns bem longe entre si. Em resumo: não é uma cidade para se conhecer a pé, não dá para circular por tudo rapidinho, como em Nova York ou San Francisco.
Mas dá para encarar. Diferentemente das ameaças ouvidas, o sistema de ônibus é bem razoável, e as passagens são mais baratas do que em outras cidades dos Estados Unidos –US$ 1,25 (R$ 2,90) por trajeto único.
Lunamarina/Fotolia | ||
Centro financeiro de Houston visto do parque Eleanor Tinsley |
Apesar de hospedado na periferia da periferia, mais perto do aeroporto internacional do que de qualquer atração houstoniana, consegui me movimentar bem, sem estresse e sem me sentir em perigo (a taxa anual de crimes violentos na cidade é cerca de dez por 1.000 habitantes, o que parece pouco para padrões brasileiros, mas é mais do que o dobro da média nacional).
A administração de transporte tem um site muito completo e informativo (https://www.ridemetro.org/), que vale a pena ser visitado pelo turista mais organizado e disposto a economizar. Outra opção é simplesmente buscar em serviços como o Google Maps os ônibus indicados para trajetos mapeados pelo visitante.
O percurso até o Centro Espacial da Nasa me tomou duas horas, em dois ônibus -um urbano, bem simples, e outro mais bacaninha, com poltronas estofadas. As viagens à região central em geral duravam uns 50 minutos.
Claro que a população que viaja de ônibus é mais pobre do que o povo encontrado em museus e restaurantes ou mesmo no Centro Espacial; há um grande número de maiores de 65 anos e também impressiona o número de pessoas com necessidades especiais que circulam usando o transporte público.
Editoria de Arte/Folhapress |
A região central é dividida em vários distritos de interesse turístico: a área dos teatros e cinemas, a dos museus, o centro histórico, a região de compras. Em cada um deles, dá para circular a pé; se desejar fazer um trajeto mais longo, o visitante pode usar o serviço de metrô de superfície. Há ainda uma linha de ônibus gratuito, que faz um pequeno circuito no centrão.
Com mais de 2 milhões de habitantes, é a quarta cidade mais populosa dos EUA (atrás de Nova York, Los Angeles e Chicago. Ainda que não seja exatamente um centro turístico, tem algumas grandes atrações, como o Centro Espacial e ótimos museus, além de um mundialmente famoso centro médico de combate ao câncer.
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