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    Passeio em mina é mergulho na terra e na história do ouro no Brasil

    RODOLFO LUCENA
    ENVIADO ESPECIAL A MARIANA (MG)

    06/11/2014 02h00

    Um mergulho nas profundezas da terra, uma jornada pelos escaninhos da história do Brasil: assim é o passeio nas Minas da Passagem, que se apresentam como a maior mina de ouro aberta à visitação pública no mundo. Mais de cem metros abaixo da terra, o visitante pode ver as cicatrizes que a exploração do minério deixou.

    São cerca de 12 quilômetros quadrados de túneis, que se combinam como veias de um corpo pulsante. A maior parte do terreno está alagada pelo lençol freático, fendido nos tempos da mineração, formando um lago subterrâneo de águas frias, em escuridão permanente, que atrai mergulhadores do mundo todo.

    Marcelo Forlani
    Turistas passeiam pelas minas
    Turistas passeiam pelas minas

    O empreendimento Minas da Passagem, de cerca de 200 anos, fica em Mariana, pouco antes da área urbana dessa que foi a primeira vila, cidade e capital de Minas Gerais. O ouro foi descoberto na região no final do século 18, mas foi ao longo do século seguinte que a exploração ganhou fôlego e organização.

    A Vila da Passagem, entre as povoações de Mariana e Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto (hoje Ouro Preto), foi fundada em 1719, quando foram descobertas as jazidas de Passagem. Até 1756, vários mineiros obtiveram concessão para exploração das jazidas; com o tempo, a propriedade foi consolidada sob um único dono.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Em 1819, foi vendida ao barão W. L. Von Eschwege, que formou a primeira empresa mineradora do Brasil, a Sociedade Mineralógica de Passagem. Construiu o engenho e estabeleceu o primeiro plano de lavra subterrânea.

    E é num dos carrinhos que transportavam os mineiros para as entranhas da terra que os visitantes de hoje são levados a conhecer as Minas da Passagem. O trolley desce 120 metros, por 315 metros de trilhos, levando até 16 turistas em cada viagem.

    Algum visitante pode ter um certo receio ao ver o equipamento, que deixa evidente o peso do tempo, e ao perceber que é apenas um cabo de aço que sustenta o carrinho em seu mergulho.

    Quase todos sentem frio na barriga quando a traquitana despenca em direção à boca do túnel.

    Lá embaixo

    No interior, a temperatura é amena -de 17°C a 20ºC-, tornado agradável o passeio pelos túneis. Ao longo de cerca de 30 minutos, a guia conta histórias do tempo da mineração e desfia informações curiosas sobre a mina, onde a lavra só terminou no final dos anos 1970 -no total, lá foram produzidas 35 toneladas de ouro.

    Mostra vestígios de veios de ouro, aponta minério de ferro, apresenta o turista à pirita, o ouro de tolo -aquele que parece, mas não é.

    A última parada é no lago subterrâneo, de águas frias e estéreis. Cada visitante testa a temperatura da água e fica imaginando a aventura que deve ser nadar naquela escuridão -mas isso é uma experiência permitida apenas para mergulhadores com larga experiência.

    Minas da Passagem
    quando seg. e ter., das 9h às 17h; qua. a dom., das 9h às 17h30
    quanto R$ 35
    mais (31) 3557-5001; minasdapassagem.com.br

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