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    Site americano funciona como 'Airbnb da maconha'

    DO "GUARDIAN"

    07/05/2015 02h00

    Reprodução/budandbreakfast.com
    Reprodução da página inicial do site
    Reprodução da página inicial do site

    Quanto os turistas chegaram ao Colorado no mês passado para comemorar o "feriado" extraoficial celebrado por entusiastas da maconha em todo o mundo no dia 20 de abril [em países de língua inglesa, a data é escrita como 4/20, um código para o uso da droga], alguns deles logo descobriram os limites das leis estaduais sobre a maconha.

    Mais de cem multas foram apresentadas, algumas das quais por fumo de maconha em público. Também há histórias de adeptos da maconha expulsos de hotéis por funcionários que conhecem muito bem a técnica de fumar com o vão da porta bloqueado por uma toalha.

    Tudo isso porque, embora a posse e uso da maconha sejam legais no Colorado, seu consumo público não é. O que representa um dilema para os turistas que vão ao Estado para comprar maconha mas não têm onde fumá-la.

    É aí que entra o Bud and Breakfast, para todos os propósitos um Airbnb para os turistas do baseado (bud, ou broto, em inglês, é uma gíria para maconha).

    "Muita gente gostaria de vir ao Colorado, ir aos locais licenciados de venda, comprar a erva e fumá-la na rua", diz Sean Roby, fundador e presidente-executivo do budandbreakfast.com. "Isso é ilegal. Queremos fornecer acomodações seguras e legais para que as pessoas contem com uma alternativa".

    O site, lançado em 1º de abril, tem aparência e navegação parecidas com a do Airbnb, mas segue uma estética muito mais "verde".

    Os viajantes buscam acomodações que aceitem o consumo de maconha, inserindo seus locais e datas de férias. Os proprietários de casas em países e Estados nos quais o uso recreativo e medicinal da maconha está liberado lhes oferecem acomodações nas quais possam se hospedar legalmente. Os anúncios também mencionam os pontos legais de venda de maconha mais próximos e divulgam eventos relacionados à cannabis na área.

    Entre as acomodações oferecidas estão uma cobertura em Boulder (Colorado); uma casa de férias em Hope, no Alasca; e uma suíte em Montevidéu, no Uruguai.

    Os anúncios também especificam onde é legal fumar maconha –dentro de casa, na rua, ou só em lugares específicos para isso, por exemplo– e os acessórios disponíveis. Alguns locais oferecem até a experiência do "acordar chapando", propiciando aos hóspedes aquilo que o trocadilho do nome do site promete.

    Roby diz que o budandbreakfast.com não foi concebido para derrotar o Airbnb, ou mesmo competir com ele.

    "O Airbnb é uma grande empresa. Listam todo tipo de acomodação, de castelos a barracas", ele disse. "Também queremos oferecer acomodações que vão de castelos a barracas, mas elas estarão especificamente relacionadas à maconha".

    Segundo ele, os proprietários de imóveis que usam o site não estão oferecendo apenas acomodações, mas conhecimento especializado e um verdadeiro guia "canábico", com os melhores pontos de compra, locais de diversão e variedades de maconha em cada cidade. Os proprietários de imóveis e as pessoas que os alugam passam por uma verificação antes que possam operar no site.

    Ainda que o Colorado não mantenha estatísticas sobre o turismo da maconha, Roby diz que os negócios estão florescendo. Desde o lançamento do site, segundo ele, o telefone toca sem parar.

    "O turismo da maconha está explodindo, totalmente", diz. "Desde que subimos o site, se tivéssemos mais acomodações a oferecer elas teriam lotado durante os eventos do feriado da maconha que aconteceram em todos os Estados em que o fumo recreativo é permitido... As pessoas estavam desesperadas para encontrar um local de hospedagem que permitisse o consumo de maconha".

    Roby define o Colorado como "o Napa Valley da maconha". Ele diz que gostaria de, no futuro, ver os usuários abordando a maconha no Colorado com a mesma sofisticação que os amantes do vinho empregam na Califórnia. E espera que Boulder, com seus moradores de alto nível educacional –mas também adeptos da maconha–, seja o lugar certo para que essa ideia finque raízes.

    "Não vejo muita gente, entre aqueles que buscam nossas acomodações, que se enquadre à velha mentalidade do chapado tradicional, do hippie", conta. "Estamos falando de profissionais liberais que visitam o Estado para um evento empresarial e gostariam de ter um lugar a que ir para relaxar mais tarde; essa é a nossa clientela".

    Embora a legalização federal da maconha possa vir a desacelerar o turismo, Roby tem mais esperança de que esse dia chegue do que preocupação quanto ao possível efeito da medida sobre seus negócios.

    "Vai ser um processo gradual, até que chegue a hora da legalização federal, e creio que até que essa hora chegue, nossa companhia vai crescer", afirma. "Exponencialmente. Os negócios estão explodindo".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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