• Turismo

    Tuesday, 07-May-2024 02:37:17 -03

    Airbnb chega a Cuba, mas decepciona os donos das casas

    BRUNO MOLINERO
    DE SÃO PAULO

    18/06/2015 02h00

    Divulgação
    Sala de casa que fica perto do centro de Havana, da proprietária Ruby; dois cômodos estão disponíveis por diária de US$ 35
    Sala de casa que fica perto do centro de Havana, da proprietária Ruby; dois cômodos estão disponíveis por diária de US$ 35

    Turistas de várias partes do mundo, fila de espera de clientes e dinheiro extra para incrementar o orçamento da família. Tudo o que a cubana Ruby Levya, 38, esperava quando resolveu anunciar dois quartos de sua casa no site Airbnb não se concretizou.

    "Começamos a alugar quartos para turistas há dois anos. Pensamos que a procura aumentaria com o site, mas isso ainda não aconteceu", diz Ruby, que cobra US$ 35 (R$ 109) pela diária do cômodo, próximo do centro de Havana.

    O Airbnb, principal portal global para pessoas alugarem quartos ou imóveis por temporada, passou a oferecer seus serviços em Cuba em abril, quatro meses depois que o presidente americano, Barack Obama, restabeleceu relações diplomáticas entre os dois países. A estratégia seguiu o movimento de outras empresas como Netflix e Mastercard, que também passaram a operar na ilha.

    Uma das explicações para a baixa procura sentida por Ruby após o anúncio feito no Airbnb é que apenas norte-americanos podem usar a página para alugar casas na ilha.

    A legislação dos EUA em relação a Cuba só permite que a companhia ofereça hospedagens a cidadãos americanos. Eles precisam se enquadrar em uma das 12 licenças do governo para ir a Cuba, que incluem visitas a parentes, viagens a trabalho e pesquisas acadêmicas. Turismo ainda não foi liberado.

    "Estamos tentando obter uma licença para oferecer nossos serviços a pessoas do mundo inteiro, incluindo brasileiros, no futuro", conta Kay Kuehne, diretor regional do Airbnb na América Latina. Hoje, se um brasileiro quiser se hospedar na casa de um cubano, pode procurar anúncios na internet e dicas em guias de viagem –ou, então, usar o Airbnb para entrar em contato com proprietários e tentar uma negociação direta.

    Cubanos alugam há anos quartos de suas casas para visitantes, atividade que costuma complementar suas rendas, uma vez que grande parte dos salários no país é fixada pelo Estado. O trabalho do Airbnb foi o de encontrar, organizar e reunir os muitos anúncios que já rodavam pelo boca a boca na ilha.

    Divulgação
    Casa com piscina em Havana, do dono Michel, custa US$ 30 por dia
    Casa com piscina em Havana, do dono Michel, custa US$ 30 por dia

    Para Michel Piguet, que aluga um quarto da casa onde vive em Havana também há dois anos, só a abertura do site para outros países pode aumentar o número de turistas interessados. "Os clientes ainda vêm da rua, por indicação de amigos ou da vizinha, que também aluga a casa e às vezes não tem espaço."

    Com vista para o mar e para a plaza de la Revolución, o quarto oferecido por Michel fica na parte superior da residência e tem uma cozinha e um terraço. Abaixo, ficam os três quartos que ele e a família utilizam. A diária custa US$ 30 (R$ 93). "A diferença que vemos nos turistas do Airbnb é que eles gostam de conversar mais", acredita.

    Embora até existam casas de luxo disponíveis no catálogo, grande parte das opções do site é formada por residências comuns, longe do conforto e facilidades da rede hoteleira. "Oferecemos a vantagem de falar com cubanos e conhecer o estilo de vida local", completa Kuehne.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024