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    Prefeita de Barcelona cancela concessões para novos hotéis

    DA AFP

    03/07/2015 07h00

    Mapics/Fotolia
    Vista do parque Güell, em Barcelona
    Vista do parque Güell, em Barcelona

    A prefeitura de Barcelona, chefiada pela "indignada" Ada Colau, aprovou nesta quinta-feira (2) uma moratória para a concessão de novas licenças hoteleiras que afetará cerca de 30 projetos –alguns já iniciados– na cidade, que recebe 27 milhões de visitantes anuais.

    "É uma ferramenta temporária, de um ano, para elaborarmos um plano estratégico para os alojamentos turísticos", explicou Colau em uma entrevista coletiva.

    "O turismo é um dos principais ativos da cidade; portanto, é uma responsabilidade coletiva cuidar dele e torná-lo sustentável com o tempo", se justificou a nova prefeita, apoiada por uma plataforma de partidos de esquerda como os antiliberais do Podemos.

    Ainda que o turismo gere algo em torno de 10% a 12% do PIB municipal, parte da cidade de 1,6 milhão de habitantes o vê como problema, por causa da saturação dos espaços públicos, o encarecimento do custo de vida e o barulho ocasionado por festas de turistas mais jovens.

    A prefeitura não deu uma lista detalhada, mas afirmou que cerca de 30 hotéis e outros alojamentos turísticos serão afetados pela moratória.

    Em alguns projetos, parte do investimento já havia sido feito, como no caso da emblemática torre Agbar, um dos símbolos do "skyline" barcelonês, comprado por € 150 milhões pelo fundo Emin Capital para ser convertido em um hotel da cadeia americana Hyatt.

    As obras para transformar o edifício de escritórios em hotel 5 estrelas com 410 quartos começariam em outubro; sua inauguração estava prevista para o começo de 2017.

    "A medida vai nos afetar fortemente; manter o edifício custa € 2,5 milhões por ano, mesmo com ele vazio. Como explico isso a meus investidores?", lamentou, à AFP, o presidente do fundo, Jordi Badia.

    Cesar Rangel-21.set.2005/AFP
    Vista da construção da torre Agbar em 2005; neste ano, ela seria convertida em hotel
    Vista da construção da torre Agbar em 2005; neste ano, ela seria convertida em hotel

    Segundo suas previsões, o hotel iria a gerar 425 postos de trabalho diretos e 450 indiretos, além de outros 750 nas tarefas de conversão do prédio –isso em um país com taxa de desemprego que afeta uma a cada quatro pessoas ativas.

    "Quantos camareiros, carpinteiros e pintores ficarão sem trabalho neste ano? Não se entende essa decisão", afirmou Badia.

    Em Barcelona, cidade com economia dinâmica mas quase 100 mil desempregados, o turismo gera cerca de 120 mil postos –25 mil diretamente dos 600 hotéis, segundo a associação local de hoteleiros.

    Em comunicado, a entidade celebrou a medida, prometida durante a campanha eleitoral, porque "estava se criando um estado de incerteza sobre sua aplicação total ou não". A associação reclamou o desenvolvimento de alojamentos turísticos "sem afetar vizinhos ou incorrer em crescimento indiscriminado".

    A principal associação de apartamentos turísticos de Barcelona, a Apartur, considerou que a decisão vai "favorecer o diálogo".

    "Queremos aproveitar a moratória para fazer um pacto global para que o turismo não volte a ser fonte de queixas em Barcelona", disse à AFP Enrique Alcántara, presidente da Apartur, associação cujos membros possuem mais de 7.000 apartamentos.

    O setor de apartamentos turísticos já vinha de um ano de moratória para a emissão de novas licenças –a medida foi aprovada em abril de 2014 pelo prefeito anterior, para frear o crescimento descontrolado desse tipo de alojamento.

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