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    análise

    Mistura de culturas gera sabor de rotas e uvas sul-americanas

    ALEXANDRA CORVO
    DE COLUNISTA DA FOLHA

    30/07/2015 02h00

    Para aqueles que gostam de vinho, o simples gesto de sentir os aromas em uma taça equivale a pegar uma estrada que os leva ao lugar de origem da bebida. Os fatores que explicam esses sabores estão na terra, no clima e na cultura dos seres humanos que os elaboram.

    Na América do Sul, o enoturismo é uma realidade há alguns anos. Podemos dizer inclusive que a vocação para a recepção de estrangeiros é forte porque nasce da interação entre culturas diversas.

    As primeiras rotas vinícolas no Chile e na Argentina foram construídas com a chegada de conquistadores espanhóis no início do século 16. O Uruguai teve desenvolvimento mais recente, com imigrações de bascos, franceses e galegos no século 19.

    A Argentina, de influência italiana e espanhola, tem como núcleo enoturístico a cidade de Mendoza. Desde o renascimento qualitativo, nos anos 1990, produtores foram bastante claros na estratégia: adotar uma variedade como icônica (malbec) e trabalhar a comunicação em cima dela. Por um lado é frustrante e entediante provar vários malbec com o mesmo gosto. Por outro, pode ser divertido e didático degustar as diferenças da mesma uva, produzida em diferentes partes da região por produtores com mentalidades diferentes.

    No Uruguai, a herança viticultural está fortemente ligada à origem basca. Isso explica a onipresença da uva tannat, que vem dos Pirineus.

    Os vinhos feitos com ela são duros e precisam de tempo para amaciar. Mas outras uvas têm mostrado potencial, como merlot, usada para amaciar a tannat, syrah e algumas brancas, como sauvignon blanc e alvarinho.

    O Chile tem no quente vale do Maipo sua mais importante região vinícola. Dali vêm alguns dos cabernet sauvignon mais icônicos do país. Diferentemente da Argentina, o país tem uma variedade enorme de vales com climas e estilos de vinhos muito diversificados. Nas regiões costeiras, mais frias, como Casablanca, encontram-se elegantíssimos pinot noirs, syrah, rieslings, chardonnays e sauvignon.

    Vales mais escondidos, que ficam entre as cordilheiras, são boas fontes de tintões encorpados com cabernet, carménères e syrahs potentes e longevos. E novos vales não cessam de surgir: para quem gosta de novidades de sabores, o Chile é o futuro.

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