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    Mendoza aproveita água da cordilheira para produzir seus vinhos

    LUIZA FECAROTTA
    ENVIADA ESPECIAL A MENDOZA (ARGENTINA)

    30/07/2015 02h00

    Liberdade, para mim, é não ter medo, disse outrora a cantora e pianista Nina Simone (1933-2003). Alejandro Vigil, um dos principais enólogos de Mendoza, na Argentina, também fala da importância de afastar o medo para chegar aos melhores vinhos –ele fala, de certa forma, sobre liberdade.

    O problema mais grave para a bebida, diz, são os paradigmas. "Eles diminuem a diversidade", ensina. Por isso, é essencial não ter "medo de romper, de mudar".

    Vigil é o chefe das vinícolas Catena Zapata e criador do projeto El Enemigo, uma adega inspirada na "Divina Comédia", de Dante, na qual as bebidas mais preciosas ficam acomodadas no "Inferno", uma sala subterrânea meio obscura.

    Afora os paradigmas (qual barrica usar, quanto tempo a bebida deve envelhecer), os vinhos dessa região trazem características comuns.

    Um breve giro por algumas vinícolas, seja você um expert, um aspirante ou um leigo, é suficiente para entender o perfil básico do que ali é produzido. São informações, inclusive, que ajudam a traçar o perfil de Mendoza –temperatura, precipitações, solo, natureza.

    Como é, afinal, essa província, que elabora 80% dos vinhos da Argentina, cultiva frutas (maçã, pêssego, pera...) e é um dos maiores produtores de alho do mundo?

    Bem, os vinhedos costumam ser irrigados via sistema de gotejamento –a região é muito seca e faz malabarismos para capitalizar a água (o que chove o ano todo em Mendoza é quase o mesmo que apenas em janeiro em São Paulo, em média).

    Aproveita-se, portanto, a água do degelo das cordilheiras. Não só as plantas fazem bom uso dessa fonte, mas também a população.

    Mesmo do carro, em alta velocidade, pode-se observar videiras protegidas por telas para que estas resistam às violentas tormentas de granizo. E elas costumam conseguir. Também por crescerem em uma região de grande amplitude térmica (a oscilação de temperatura da noite e do dia), que estimula a planta a desenvolver cascas mais grossas para se resguardar.

    Por consequência, geram vinhos mais concentrados, com sabor e complexidade mais ricos.

    Há ainda bebidas marcadas por notas minerais. Sobretudo nas faixas mais próximas à cordilheira dos Andes, onde o solo fica mais mineral e rochoso.

    Os minerais (oxidados) são capazes de dar um colorido chocante ao visual das montanhas. A vegetação passeia por tons de amarelo (enxofre), de vermelho (ferro), de verde (cobre). Uma beleza.

    A jornalista viajou a convite do Ministério de Turismo de Mendoza e da Gol

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