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    Turismo afro vai acontecer de forma natural no Brasil, diz Emanoel Araújo

    DENISE MOTA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    20/08/2015 02h00

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Sao Paulo, SP,, 04-12-2012 10h21: Retrato do artista plastico e diretor curador do museu Afro Brasil, Sr Emanoel Araujo, em sua casa no bairro Bela Vistal(Foto Eduardo Knapp/Folhapress. ILUARISSIMA)
    O artista plástico e diretor do museu Afro Brasil, Emanoel Araújo, em sua casa, em São Paulo

    Em 18 de agosto, o museu Afro Brasil, em São Paulo, inaugurou a exposição "Gullah, Bahia, África", que tem por foco o gullah, dialeto do sul dos EUA que tem rastros no Brasil e na África. A reunião de comunidades da diáspora africana por meio da linguagem e também do turismo, como no caso do Black Travel Movement, foi o centro desta entrevista com o artista plástico Emanoel Araújo, fundador e diretor do museu.

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    Folha - Qual a importância dessas iniciativas turísticas?
    Emanoel Araújo - É muito importante o turismo entre culturas das mesmas origens, "afro-atlânticas", uma palavra de que gosto muito. Há muitos anos, a comunidade negra norte-americana vai a Cachoeira, na Bahia, no 13 de agosto, nas festividades de Nossa Senhora da Boa Morte.

    Como eles estão distanciados da questão católica, é interessante que comecem a entender a questão sincrética do Brasil, de Cuba, da santería e de outras comunidades afro-atlânticas. E por que não uma forma de turismo também? O bumba-meu-boi do Maranhão, o maracatu de Pernambuco...

    Nos EUA, o turismo étnico é visto como uma forma de auto-reconhecimento...
    Sim, é uma forma, acho, de auto-reconhecimento e, inclusive, de preservação. Na medida em que essas comunidades, muitas vezes, são minoria. No Brasil, também há o tambor de crioula, o tambor da Casa das Minas, o candomblé da Bahia. Essas manifestações que resistiram ao tempo e que estão, de certa forma, guardadas no novo mundo afro-atlântico. É muito importante para a subsistência delas, de sua memória, que isso seja motivo também de viagens e de reconhecimento. De estudos.

    Essa tendência de viajar em bloco ao exterior também pode vigorar entre a comunidade negra do Brasil?
    Por que o negro hoje viaja? Por uma questão econômica, de uma classe média que está se formando e que foi, durante muitos anos, reprimida para não se formar.

    Esse primeiro passo, viajar de avião, é importante Brasil afora. E depois, em uma segunda etapa, viajar pelo mundo. Isso naturalmente vai acontecer, como acontece com a comunidade negra norte-americana. É uma questão de conhecimento e de demanda econômica que vai fazer com que as pessoas possam ir para a Europa, e da Europa possam ir para a África, porque a África está lá, esperando. Assim como a América Latina.

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