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    análise

    Obras contra a crise hídrica podem alterar paisagem turística na costa

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    10/09/2015 02h00

    Há um ano e meio, desde que a Grande São Paulo vive a perspectiva de colapso no abastecimento de água, o governo estadual e a Sabesp (empresa de saneamento) debruçaram-se sobre o mapa do Estado em busca de alternativas em rios e represas.

    Uma das soluções encontradas foi captar a água de rios que nascem no topo da serra do Mar e caem por 700 metros de altitude até o oceano Atlântico. Esse remédio preocupa ambientalistas e moradores de cidades do litoral.

    Desde janeiro deste ano, um projeto já retira mil litros de água por segundo do rio Guaratuba, que nasce na Grande São Paulo e encontra o mar em Bertioga. O próximo passo é retirar, até 2017, mais 3.000 litros por segundo do rio Itapanhaú (a Grande São Paulo consome 50 mil litros por segundo).

    Ainda são desconhecidos, porém, os impactos que as obras devem ter sobre o Parque Estadual da Serra do Mar e a mata Atlântica ainda preservada da região –os extensos relatórios requeridos para obras dessa magnitude ainda não foram entregues.

    O mais provável, se for mantido o padrão da atual crise hídrica, é que as obras se iniciam antes mesmo de os estudos serem concluídos.

    Prova disso é o o governo do Estado ter solicitado em agosto o licenciamento ambiental de obras prontas desde junho. O pedido atrasado veio acompanhado de uma solicitação por um "rito especial" na aprovação.

    "Os estudos de impacto servem justamente para avaliar que medidas poderiam evitar e minimizar danos. Por isso, o licenciamento não pode ser posterior à obra", diz o oceanógrafo Fabrício Gandini, que há anos estuda os mangues da Baixada Santista.

    Não há previsão para que esses projetos sejam analisados em audiências públicas e comitês que permitam o debate com a sociedade.

    O Ministério Público teme que a captação no topo da serra diminua a água que chega pelo rio ao litoral -o que afetaria o ecossistema do mangue, berçário de animais marinhos e morada de aves.

    Na tese do governo, caso fossem adotados os ritos ambientais, a Grande São Paulo correria o risco de sofrer desabastecimento.

    O problema é que, para garantir a água dos próximos meses, talvez tenhamos que comprometer o ambiente para as próximas décadas.

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