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    Proximidade entre natureza e cidade encanta em Belém do Pará

    JOSIMAR MELO
    COLUNISTA DA FOLHA

    24/09/2015 02h00

    Um silêncio sobrenatural, riscado por raros ruídos silvestres abafados pela vegetação intensa, é das lembranças mais fortes que tenho de um passeio de barco pelos "furos e ilhas" que cercam Belém do Pará.

    Embora a minutos do centro da cidade, de cujo porto a traineira se soltou pela baía de Guajará, logo estávamos imersos num cenário amazônico, navegando pelos igarapés, observando as margens frondosas. Ao desligar-se o motor do barco, o silêncio nos remetia ao umbigo do Brasil.

    Mas Belém, e a civilização (?), estavam ali ao lado. Essa proximidade dos dois extremos é o que mais me encanta na cidade.

    É algo que se impõe a todo instante. A natureza está presente brutalmente nas pancadas de chuva diárias, na alta umidade do ar, na presença ali ao lado do rio Amazonas, cujo braço de mar envolve ali a ilha de Marajó.

    A comida é maravilhosa e marcada pela proximidade com a natureza (sim, o alimento não nasce nas bandejas de supermercado).

    Do tacacá que se come nas ruas (o mais autêntico dos pratos brasileiros, quase pré-brasileiro), ao festejado pato (ou peixe) no tucupi. Sem falar no casquinho de muçuã, tartaruguinha que hoje se pode criar para o consumo.

    No mercado, peixes de aparência jurássica, ervas com aromas gustativos e curativos, garrafas de tucupi, tudo remete à cultura da selva, inclusive a bela e frenética feira do açaí que acontece nas madrugadas bem ao lado.

    Nos restaurantes mais festejados –como o Lá em Casa, da família de Paulo Martins, banhado pela mansa baía do Guajará, e os Remansos do Peixe e do Bosque, dos irmãos Castanho– o que brilha não é a cozinha europeia, mas a de ingredientes nativos.

    Mas, no meio de tanta selva, está a mão do homem, que, entre muitos estragos, também deixou belas marcas.

    O próprio Mercado Ver-o-Peso tem uma imponente estrutura de ferro datada do começo do século. Época da riqueza da borracha, que produziu ainda marcos arquitetônicos como o Theatro da Paz e o cinema Olympia.

    Em Belém tenho que comer pirarucu, mas também ir ao museu Emílio Goeldi.

    Tenho que passear diante do que resta de fachadas coloniais. E tenho que fazer meu farnel, como eles: o paraense é famoso pelas caixas de isopor que despacha no avião quando viaja para fora de casa (com jambu, pimenta-de-cheiro, açaí de verdade.... e pratos prontos).

    Também deveria ir à grande festa local, o Círio de Nazaré. Este eu tenho perdido, ano após ano, e lamento. Mas acho que devo ir, apesar da multidão que me cansa. Deve ser como o desfile de Carnaval no Rio: é preciso ir ao menos uma vez na vida, e se extasiar. Mas este eu já tiquei.

    JOSIMAR MELO é crítico gastronômico e colunista do "Turismo". Apresentou o programa de viagens "O Guia" (National Geographic) e já perdeu a conta de quantos lugares visitou. A lazer, o que mais gosta é, como dizem os franceses, de "se balader", sair sem horário nem destino.

    Para mais destinos, clique na cidade correspondente no mapa abaixo.

    Capa de turismo

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    PACOTES PARA BELÉM

    R$ 473
    Três diárias no Soft Inn Hangar, com café da manhã e passeios. Na Flytour: 0800 11 8687; flytour.com.br

    R$ 520
    Pacote de três noites no hotel Golden Tulip, com café da manhã. Reservas: (91) 3366-7575; goldentulipbelem.com

    R$ 1.700
    Pacote para o feriado da Consciência Negra, com aéreo e café. Na Trip4u: (21) 3449-3545; trip4u.com.br

    R$ 2.633
    Quatro noites em Belém e três em Alter do Chão, com café e passeios. Na Ambiental: (11) 3818-4600; ambiental.tur.br

    R$ 3.498
    Quatro noites no hotel Manacá, em Belém, e duas na pousada Marhesias, na ilha de Algodoal. Inclui café e passeios. Na Cia Eco: (11) 5571-2525; ciaeco.tur.br

    R$ 4.020
    Pacote de seis noites, com café da manhã e passeio na ilha de Marajó. Sem aéreo. Na Aoka Tours: (11) 2337-0292; aokatours.com.br

    R$ 2.931
    Quatro noites em Belém e duas noites na ilha de Marajó. Inclui café da manhã e passeios. Na Ambiental: (11) 3818-4600; ambiental.tur.br

    R$ 4.299
    Seis noites para passar o Réveillon na Ilha de Marajó (4 noites) e mais duas noites em Belém. Com café e passeios. Na Adventure Club: (11) 5573-4142; adventureclub.com.br

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