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    análise

    Selfie substitui narrativa de viagem pela 'grámatica do eu'

    BRUNO SCATENA
    DE SÃO PAULO

    15/10/2015 02h00

    Remy de la Mauviniere - 6.jan.2015/Associated Press
    FILE - In this Tuesday, Jan. 6, 2015, Chris Baker and Jennifer Hinson from Nashville, Tennessee, use a selfie stick in front of the Louvre Pyramide in Paris. A French palace and a British museum have joined the growing list of global tourist attractions that have banned "selfie sticks" _ devices visitors use to improve snapshots, but which critics say are obnoxious and potentially dangerous. Officials at Chateau de Versailles outside Paris and Britain's National Gallery in London announced the ban Wednesday, saying they need to protect both the artworks and other visitors. (AP Photo/Remy de la Mauviniere, File) ORG XMIT: LON102
    Turistas fazem selfie em frente à pirâmide do Louvre, em Paris

    Ainda deve haver gente a queixar-se de que a experiência de reunir a família e ver fotografias de viagem já não existe mais. Teria sido dizimada pelas redes sociais: olhar, curtir, compartilhar, partir para a próxima.

    Não se trata de saudosismo –um estranhamento do mundo onde até a fotografia, que não deixa de ser um instrumento de memória, perde-se nos bits e bytes.

    É mais como um adeus à linguagem. A geração acostumada a fazer imagens no celular cortou a narrativa pela metade. A formulação "este sou eu no Corcovado" foi substituída pelo mais econômico "este sou eu". E ponto.

    A nova gramática está na imagem. Marcar a fotografia com uma #hashtag é até dispensável: todos sabem quando uma selfie é uma selfie.

    Em 2014, uma foto tirada de si mesmo pelo ator Bradley Cooper no Oscar desbancou a imagem da reeleição de Obama em tuítes. Ali estavam estrelas de Hollywood a dizer: "Olha a gente aqui!". Quem liga para o Oscar?

    O álbum de fotografias ainda existe. Basta disposição para revisitar as milhares de imagens reunidas no Google ou no Facebook.

    O que muda do velho álbum para a experiência das redes é o deslocamento que a selfie produz. Quem viaja sozinho pode pedir para alguém tirar uma foto ou apoiar uma câmera com um timer em um tripé ou outro lugar. Ainda que não seja tão prática, a imagem dá destaque à paisagem, não à pessoa. Mas hoje não importa (muito) que eu esteja no Corcovado. Agora, estou no Instagram.

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    DICAS PARA TIRAR SUA FOTO

    PAU DE SELFIE
    O bastão ajuda, sim, quem está sozinho a enquadrar melhor. Evite incomodar os vizinhos

    TEMPORIZADOR
    Se sua câmera tiver recurso de intervalo de tempo, 10 s são suficientes para entrar no quadro e arrumar o cabelo

    LENTES
    Há lentes que encaixam no celular. Uma grande-angular enquadra mais da paisagem

    TRIPÉ
    Use um tripé para afastar a câmera ao fazer um autorretrato

    BACKUP
    Faça backups num serviço como Dropbox, Flickr ou Google Photos

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