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    Novo diretor do Airbnb no Brasil cogita taxar usuários

    GUSTAVO SIMON
    DE SÃO PAULO

    05/11/2015 02h00

    Em um tempo marcado por brigas entre setores de serviços tradicionais com inovações da economia compartilhada, como o Uber e o Airbnb, o site de aluguel por temporada já reuniu experiências em dois extremos.

    Em Nova York, chegou a ser proibido. Em San Francisco, onde nasceu, adotou, em parceria com o governo local, uma taxa semelhante à cobrada em hotéis.

    No Brasil, os rumos têm apontado cada vez mais para a segunda política.

    Em entrevista à Folha, o novo diretor-geral da plataforma no Brasil, Leonardo Tristão, disse que existe a possibilidade de repetir, aqui, a cobrança de taxas já adotada em outros locais. Serviriam de referência acordos feitos em cidades da Califórnia, em Nova Jersey (um dos mais recentes), em Paris e na Índia.

    "Procuramos ter uma postura proativa com os poderes locais. Não é nossa estratégia sentar e esperar algo ser feito", disse Tristão.

    Os modelos variam: há taxas de 3% a 14% do preço do aluguel, mas também valores fixos –em Chamonix-Mont-Blanc, na França, é de € 0,75 por noite (veja todos os casos clicando aqui ).

    Hoje, em destinos em que não há regulamentações, o Airbnb cobra taxas de administração –de 3% do proprietário e de 6% a 12% do locatário, sempre sobre o valor acordado entre as partes.

    O Ministério do Turismo já defendeu que o Airbnb está amparado pela lei do inquilinato, ou seja, não é um serviço hoteleiro, e sim de aluguel de casas. Mas também aventou a criação de uma taxa para o serviço no Mercosul –o tema seria debatido em uma reunião em outubro, mas a discussão foi postergada.

    "Não vemos como pegar a legislação vigente para a indústria hoteleira e aplicá-la para proprietários de imóveis", diz Tristão. "Queremos algo que seja positivo para o Estado, mas positivo para os usuários também."

    A ideia é evitar problemas como o de Nova York. "Temos mais sucessos do que insucessos", afirma o executivo.

    RIO-2016

    Além de discutir a taxa, Tristão assumiu o Airbnb no Brasil com a missão de aumentar o conhecimento da marca. Entre suas estratégias está uma parceria com a Olimpíada do Rio, a primeira com um grande evento.

    A cidade carioca é a sexta no mundo em número de anúncios – 20 mil, pouco menos da metade do total de ofertas do Brasil.

    "Queremos ser protagonistas da Olimpíada. Teremos uma oferta de 80 mil leitos na cidade, quase o mesmo que os hotéis", afirma Tristão.

    CONCORRÊNCIA

    Procurado pela Folha, o site AlugueTemporada, um dos principais concorrentes do Airbnb, também disse trabalhar de forma colaborativa com os governos locais.

    Mas o site, filial da rede HomeAway, funciona de maneira um pouco distinta. "A transação entre o proprietário e o viajante não é feita pela plataforma do AlugueTemporada, os viajantes negociam e fazem o pagamento diretamente com o proprietário. O AlugueTemporada não interfere nessa transação e não retém qualquer valor", disse a empresa, em comunicado.

    Em Paris, por exemplo, o Airbnb recolhe o valor da taxa municipal e o repassa à prefeitura mais tarde.

    "A HomeAway recomenda fortemente aos proprietários que sigam as leis locais e formalizem em contrato todos os aluguéis realizados", disse o AlugueTemporada. "Com o contrato de aluguel por temporada, não só os valores e formas de pagamento estão previstos, mas também as normas, inclusive dos condomínios, que devem ser seguidas".

    *

    PARIS (França)
    Cobra-se uma taxa de € 0,83 (R$ 4,17) por pessoa e por noite

    AMSTERDÃ (Holanda)
    Taxa de 5% do valor acordado entre proprietário e locador

    NOVA JERSEY (EUA)
    6% do valor da hospedagem

    SAN FRANCISCO (EUA)
    14% do valor da hospedagem

    ÍNDIA
    14% do preço da acomodação

    NOVA YORK (EUA)
    O serviço só pode ser usado se forem alugados cômodos da casa, com o dono presente

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