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    Festivais de verão no Japão lembram Carnaval, mas sem latinhas no chão

    FELIPE MAIA
    ENVIADO ESPECIAL A AOMORI (JAPÃO)

    26/11/2015 02h00

    Adultos e crianças se sentam em espaços demarcados com fitas nas calçadas de Aomori, cidade que é a capital da província japonesa de mesmo nome, 700 quilômetros ao norte de Tóquio. Eles batem palma no ritmo e cantam animadamente, e sem parar, as palavras "rassera, rassera, rasserasse rassera" (o "r" tem som de "l", e os últimos "as" são pronunciados como como se tivessem acentos agudos).

    Os termos não têm significado, mas servem para animar as estrelas da noite: homens e mulheres que empurram ou puxam carros alegóricos, tocam flauta e tambor e disputam para ver quem se sai melhor. Eles giram, fazem piruetas e até ameaçam chegar bem perto da plateia, mas, ufa, sempre retrocedem. Para comer, frango agridoce no espetinho.

    O verão no Japão (de junho a setembro) é época de incontáveis festivais. Hora de vestir seu melhor yukata, um quimono para a estação, feito de algodão, e sair às ruas –na capital, fogos de artifício colorem o céu, às vezes por mais de uma hora, em celebrações na época de calor.

    Japão

    Na província de Aomori, os protagonistas são as "nebutas", enormes "lanternas" (os carros alegóricos) feitas com washi (papel robusto), bambu e aço –como no Carnaval brasileiro, podem levar um ano para serem construídos por comunidades locais.

    As duas dezenas de carros em geral representam figuras míticas ou da cultura do país. Na região, destaque para os festivais Aomori Nebuta, na capital, com alegorias mais largas, e o Tachineputa, na cidade de Goshogawara, a cerca de 40 quilômetros dali.

    Os eventos acontecem sempre na primeira semana de agosto, o que permite participar de várias festas em uma mesma viagem.

    Em Goshogawara, a brincadeira é criar a alegoria mais alta –uma lanterna de 23 metros de altura criada por artistas da cidade foi usada no desfile de Carnaval da escola Águia de Ouro, de São Paulo, no ano passado.

    Na cidade, o museu Tachineputa exibe alegorias históricas e algumas em construção. O restaurante que fica no último andar serve combo de quitutes em uma caixa em formato de lanterna por valor equivalente a R$ 90.

    Para brasileiros, acostumados a desfiles de carros alegóricos com criaturas que abrem e fecham bocas graças à tecnologia, pode ser estranho ir ao outro lado do mundo participar de uma festa com cara de interior. Mas é justamente nessa diferença que está o encanto.

    Tal como aqui, os festivais são regados a cerveja, mas a reportagem, nas duas noites em que esteve nas festas, não encontrou nenhuma latinha no chão –cada grupo leva de casa sua sacolinha para guardar o lixo.

    O jornalista viajou a convite da JNTO - Organização Nacional de Turismo do Japão

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