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    No Palácio do Planalto, gabinete de Dilma só permite selfie do lado de fora

    IVAN FINOTTI
    ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

    17/12/2015 02h00

    Dentre todos os prédios de Brasília, não há nenhum mais importante que o Palácio do Planalto. É a sede do Poder Executivo, onde a chefe de 200 milhões de pessoas (sendo 140 milhões de eleitores) trabalha, afinal de contas.

    Por fora, bela viola projetada por Oscar Niemeyer (1907-2012), a construção tem uma sequência de colunas com curvas impressionantes e uma rampa, por onde os presidentes eleitos sobem a cada quatro anos.

    Lá no alto, ficam dois militares da Guarda Presidencial, que se alternam a cada duas horas. Para impressionar, eles tentam não se mexer, como na Inglaterra. Mas aqui eles ficam bem mais longe dos visitantes e, por isso, não dá para fazer macaquices em busca de sorrisos involuntários.

    A visitação é feita apenas aos domingos, e basta chegar lá no térreo e perguntar. Não é preciso roupa social; bermuda com boné é o que mais tem. No domingo (6) em que a Folha esteve lá não havia filas, nem estava vazio. Muitos idosos e crianças, algumas famílias.

    Os guias separam 50 pessoas por grupo e as levam ao raio-X, como num aeroporto. Este é o único procedimento de segurança exigido, pois nem mesmo o nome ou documentos são solicitados.

    AMPLITUDE

    "Achei que fosse um lugar mais requintado, mas não é tanto assim, né?", segreda, em voz baixa, a contadora Sonia Veloso, ao entrar no Salão Oeste, onde Dilma discursou para a imprensa há duas semanas, após ser informada do pedido de impeachment. Moradora de Brasília, Sonia aproveitou o domingo para conhecer e apresentar o palácio à sua irmã de Minas e à sobrinha.

    Os grandes espaços internos não a impressionaram, mas sim ao guatemalteco Jorge Soto. Funcionário da superintendência dos bancos da Guatemala e acostumado a viajar, Soto teve um surto de felicidade arquitetônica.

    "Por causa do meu trabalho, já visitei as sedes de governo de toda a América (menos Canadá), muitas na Europa e algumas na Ásia. Nada é como aqui. Que conceito! Que amplitude!"

    Enquanto crianças tiravam fotos de maquete com celular, a guia apresentava quadros (Djanira da Motta e Silva, Di Cavalcanti), esculturas (Frans Krajcberg, Zezinho de Tracunhaém) e móveis (Oscar Niemeyer, Sérgio Rodrigues).

    Todas essas obras foram finamente dispostas no Salão Nobre, mais conhecido como Salão dos Espelhos, porque, adivinhe?, tem uma parede inteira forrada disso aí.

    O grupo sobe ao mezanino, onde há muitas cadeiras de grife e corredores para salas bem importantes, ou pelo menos com nomes bem intimidantes: Sala de Reunião Suprema (também chamada sala secreta, porque repórter não entra) e O Gabinete.

    Decepção! Não podemos entrar em O Gabinete. Imaginei circular por entre os móveis dos anos 1940 ou ler possíveis bilhetinhos esquecidos na mesa de Dilma Rousseff, talvez descobrir uma manchete de alta voltagem política para a Folha. Que nada!

    Pode-se apenas olhar através da porta, quem sabe fazer uma selfie. Mas bem rápido, porque há uma fila de 40 pessoas atrás de você querendo dar uma olhada.

    Por fim, na hora de sair, a irmã mineira da contadora Sonia dá seu veredicto: "Eu sou do interior, sabe? Amo meu país. Mas estava esperando um lanchinho agora no final..."

    PALÁCIO DO PLANALTO
    Quando aos domingos, das 9h30 às 14h
    Onde praça dos Três Poderes
    Quanto grátis, sem necessidade de agendamento
    Traje sem exigências

    Edição impressa

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