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    Aeroportos dos EUA investem em hotéis dentro dos terminais

    AMY ZIPKIN
    DO "NEW YORK TIMES"

    18/02/2016 02h00

    Durante anos, o terminal da TWA no aeroporto internacional JFK, em Nova York, com seu austero saguão branco e lounge vermelho de pelúcia, serviu como lembrança de uma época mais romântica das viagens aéreas de luxo, antes que os assentos apertados, os compartimentos cheios e as taxas adicionais se tornassem uma rotina.

    Mas agora, o terminal, desenhado por Eero Saarinen e inaugurado em 1962, está prestes a assumir um novo papel no futuro do aeroporto. No final do ano passado, o governador Andrew M. Cuomo anunciou a aprovação formal de um acordo para transformar o local em um complexo hoteleiro em 2018.

    "Ele terá o ethos de 1962, quando a era de ouro das viagens a jato atingia a sua maioridade", disse Tyler Morse, diretor executivo da MCR Development, empresa que investirá US$ 265 milhões para desenvolver um hotel com 505 quartos, espaço social de mais de 12 mil metros quadrados, restaurantes e um spa, e um deque de observação de 3 mil metros quadrados.

    A JetBlue será sócia minoritária do hotel, que estará aberto para os passageiros de todas as companhias aéreas que pousam no aeroporto, bem como para o público em geral.

    Os aeroportos se tornam mais competitivos, na disputa por turistas e viajantes de negócios, e estão entrando no negócio hoteleiro. Nos últimos anos, os aeroportos internacionais de San Francisco, Minneapolis-St. Paul, Baltimore-Washington, Atlanta, Hartsfield-Jackson, Denver e o JFK anunciaram intenções de construir hotéis no próprio aeroporto.

    Tudo isso é parte de uma mudança nos hotéis de aeroporto, que originalmente atendiam a passageiros sem voo e um rodízio de tripulações.

    "San Francisco, Nova York, Denver e Atlanta são todos aeroportos que também são portões internacionais", diz Steven Carvell, reitor associado para assuntos acadêmicos da Escola de Administração Hoteleira da Universidade Cornell. E eles entenderam o recado de "fazer do aeroporto um destino em si e por si mesmo", acrescentou.

    Uma das razões para o aumento nessas construções é que o mercado está maduro. Hotéis nas proximidades de aeroportos têm agora uma taxa de ocupação de 75%, ficando atrás apenas de hotéis em áreas urbanas, de acordo com dados da empresa de pesquisa STR.

    A previsão é de que as novas propriedades serão mais atraentes para os viajantes que priorizam a proximidade do aeroporto, mais do que se hospedar em um centro urbano. Elas também se assemelham entre si; a maioria se situará no status de hotel quatro estrelas, com tecnologia de ponta, restaurantes e instalações para conferências e ginástica, além de acesso ao transporte público.

    "É um luxo não precisar se meter em uma van de aeroporto ou alugar um carro", afirma Scott Berman, chefe do departamento de hotelaria e lazer da consultoria PricewaterhouseCoopers.

    Ao mesmo tempo, a necessidade de atender a passageiros que perderam seus voos continua. "A indústria aérea está repleta de atrasos e má gestão, e é muito mais barato hospedar os passageiros no aeroporto", diz Barbara Lichman, advogada especializada em aviação.

    O hotel no aeroporto de Denver –de 14 andares, 519 quartos de hóspedes e 11.280 metros quadrados de espaço para conferências– incluiu a criação de uma praça ao ar livre e uma estação de trens urbanos ao lado do hotel.

    Possibilidades de ganho de eficiência foram incorporadas ao projeto. Os quartos serão equipados com um sistema de entrada sem chave. Os membros do programa de fidelidade Starwood poderão baixar um aplicativo por celular, receber o seu número de quarto em um texto ou e-mail e ignorar a recepção.

    Tais características atraem viajantes como Eliot Lees, vice-presidente da ICF, empresa de consultoria de gestão sediada em Boston. Pelo fato de as suas viagens de negócios terem se tornado mais curtas em termos de tempo disponível, Lees desenvolveu uma estratégia para maximizar sua produtividade, fazendo suas viagens pelo Dallas-Fort Worth ou por Miami, dois lugares que têm hotéis no aeroporto, ou ficando perto do terminal em Chicago.

    "Dependendo da natureza da viagem, não quero desperdiçar meia hora ou uma hora para chegar a um hotel", disse. Um desembarque recente à meia-noite terminou sendo desagradável, afirmou.

    Mas Lees e outros viajantes terão que esperar por novas hospedagens em aeroportos. O aeroporto de San Francisco, o primeiro a ter a ideia de um hotel no aeroporto em 2000, planeja estrear o seu em 2019. O BWI não tem um cronograma específico. O de Minneapolis-St.Paul espera ter um hotel preparado para receber hóspedes quando Minneapolis for anfitriã do Super Bowl, em 2018.

    E há uma preocupação extra para a construção de um hotel de aeroporto: os projetos têm que passar pela inspeção da Administração Federal de Aviação em relação ao local designado para o empreendimento, restrições de altura e, em alguns casos, materiais de construção. E se –como o Dallas-Fort Worth, o aeroporto Metropolitano de Detroit e o Internacional de Pittsburgh– eles permitirem que os hóspedes tenham acesso a áreas de segurança do aeroporto, o Departamento de Segurança de Transportes (TSA, na sigla em inglês) também pode pesar nesses projetos.

    Esses hotéis participam de um programa que permite que os passageiros obtenham um passe válido por uma vez para entrar na área de segurança através de um posto de controle específico para compras e refeições. O passe não pode ser utilizado para entrar em áreas de verificação para voar, de acordo com o TSA. Há um local proposto para esse programa em Denver que ainda não está totalmente definido.

    Em Nova York, a Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey vai investir mais US$ 8 milhões em uma conexão para o Terminal JetBlue adjacente, para uma garagem e uma estação da AirTrain que atenderá o complexo hoteleiro.

    Enquanto os especialistas afirmam que hotéis no aeroporto permitem que eles desenvolvam fontes de receita adicional e proporcionam a seus hóspedes uma experiência cosmopolita sem terem de se aventurar cidade afora, certamente há outro apelo especial.

    "Você pode pular da cama", diz Lees, "e chegar ao portão de embarque sem a incerteza de se terá ou não transporte para o aeroporto".

    Tradução de DENISE MOTA

    Edição impressa
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