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    Viagem à Ilha Grande pode exigir mais que espírito aventureiro

    ROBERTO DE OLIVEIRA
    ENVIADO ESPECIAL À ILHA GRANDE (RJ)

    25/02/2016 02h00

    Aviso aos navegantes: o turista que visita a Ilha Grande precisa estar preparado para enfrentar alguns perrengues –ainda que espírito ecológico e gosto pela aventura por vezes relaxem um pouco a exigência por conforto.

    Em dias de vento e chuva fortes, é comum ocorrer falha no abastecimento de energia, que chega à ilha por meio de cabo submarino. Carregar uma lanterna pode ser útil.

    Não existem bancos nem caixas eletrônicos, só postos de atendimento (um da Caixa e um do Bradesco). Como o serviço de telecomunicações é precário, nem sempre é possível usar cartão. Dica: leve dinheiro em espécie.

    É verdade que o contato direto com a natureza cobra seu preço a quem se propõe a esquecer temporariamente conveniências e facilidades urbanas, mas o que realmente prejudica o paraíso ecológico são problemas mais graves.

    Nas ruazinhas da Vila do Abraão, onde vivem cerca de 7.000 pessoas e se concentram os comércios, a hospedagem e os serviços, não é raro tropeçar em lixo acumulado.

    O esgoto, que escorre para o mar, exala o cheiro nauseante inclusive perto de restaurantes. E a paisagem já vê surgir, de forma desordenada, "puxadinhos" de alvenaria.

    Responsável por Ilha Grande, a Prefeitura de Angra dos Reis reconhece que o turismo cresceu de forma descontrolada, o que afetou os serviços –inclusive saneamento básico e coleta de lixo. Em momentos de grande ocupação, como no verão, eles não são suficientes para a demanda.

    Segundo o órgão, faltam recursos para aumentar a capacidade de tratamento de esgoto e de oferta de água na vila. A assessoria de imprensa informou que há vários anos é prometido um repasse de verbas da Secretaria Estadual de Turismo –que deverá ser realizado neste ano.

    Informa ainda que há um projeto de instalação de novos cabos submarinos para aumentar a oferta de energia –que ainda depende do licenciamento de órgãos ligados à vigilância ambiental.

    Para a prefeitura, no entanto, a melhor solução é impor restrições ao crescimento desordenado do turismo em toda a Ilha Grande.

    *

    Cobrança de taxa ecológica ainda é incerta

    Para tentar barrar a degradação e o turismo predatório, o Estado do Rio de Janeiro estuda cobrar uma espécie de "pedágio ecológico" na Ilha Grande.

    Um projeto de lei que autoriza o controle da entrada de visitantes mediante pagamento foi aprovado pela Assembleia Legislativa em setembro de 2015, mas não tem data para entrar em vigor.

    A Secretaria do Meio Ambiente diz que a cobrança depende da finalização de estudos –de conclusão prevista para 2017.

    O órgão afirma que os recursos serão destinados a um fundo voltado para a sustentabilidade econômica do parque da Ilha Grande.

    A prefeitura e a Fundação de Turismo de Angra dos Reis entendem que a partilha dos recursos obtidos com a eventual cobrança de taxas deva contemplar o custeio dos serviços básicos na ilha, hoje assumidos pela prefeitura.

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