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    Em Aracaju, neta de Lampião preserva até mecha de Maria Bonita

    LÍVIA MARRA
    ENVIADA ESPECIAL A ARACAJU

    31/03/2016 02h00

    Livia Marra/Folhapress
    Vera Ferreira, 61, neta de Lampião e Maria Bonita
    Vera Ferreira, 61, neta de Lampião e Maria Bonita, e Expedita, 83, filha do casal

    Era julho de 1938 quando Lampião, Maria Bonita e outros nove do bando de cangaceiros foram mortos em uma emboscada da polícia. A Grota do Angico, em Poço Redondo (a 179 quilômetros de Aracaju ), local das mortes, é hoje ponto de visitação, onde o turista revive a época do cangaço.

    Para tentar preservar a história, Vera Ferreira, 61, neta de Lampião e Maria Bonita, se empenha nas pesquisas desde que era criança. Entre compras e doações, guarda objetos como punhais e até uma mecha do cabelo que diz ser da avó."Essas peças precisam ser mostradas", diz. Vera busca há anos uma parceria para criar um museu sobre a época de Lampião, plano que ainda não saiu do papel. A expectativa é que outros objetos surjam a partir da exposição do acervo.

    HISTÓRIA DE FAMÍLIA

    Organizadora do livro "Bonita Maria do Capitão", ao lado de Germana Gonçalves de Araujo, a neta dos cangaceiros iniciou suas pesquisas aos 13 anos, quando conheceu alguns integrantes do bando no lançamento de um livro em São Paulo. "Todos pararam, olharam para minha mãe e para mim com muito respeito. Era como se vissem meu avô em pessoa. Foi aí que percebi que ele era muito mais do que eu tinha ouvido. E decidi iniciar minha pesquisa."

    Antes desse dia, o cangaço era um assunto pouco comentado em sua casa. Mas diversas críticas vinham da rua. "Ouvíamos que a raça de Lampião não prestava. Ninguém brincava com a gente na escola", relembra.

    Opiniões sobre o cangaço divergem, por isso ela compara o trabalho de pesquisa à areia movediça. "Procurei saber quem era Virgulino para entender quem foi de verdade Lampião."

    Ao lado de Vera, Expedita, 83, única filha dos cangaceiros, recebeu a Folha na casa da família, em Aracaju, com simpatia e sorriso no rosto.

    Expedita não foi criada por Lampião e Maria Bonita, mas recebia sempre a visita dos pais. "Até os nove anos, ela foi criada por um vaqueiro e sua mulher. Depois, passou a ser criada por João, o único irmão de Lampião que não entrou para o cangaço", diz Vera.

    A jornalista viajou a convite da Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo de Aracaju

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