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    Em Marrocos, turista desbrava beleza e caos na forma de sons, cheiros e cores

    LUIZA FECAROTTA
    ENVIADA ESPECIAL AO MARROCOS

    14/04/2016 02h00

    Um jovem marroquino anda de bicicleta na praça principal de Marrakech, apinhada de gente, enquanto, em bom equilíbrio, segura uma corda. Na outra extremidade, um cavalo, a segui-lo, por entre aquele monte de gente.

    Na mesma praça Jemaa El Fna, no mesmo pôr do sol, um contador de histórias é envolvido por um círculo de pessoas quietas. Atentas. Ao lado, adultos e crianças estão a brincar de pescar garrafas de refrigerante, como nas festas juninas dos lados de cá.

    Caminha-se mais ou fica-se a observar tudo aquilo de algum café, do alto, a tomar o típico chá verde com folhas frescas de hortelã, já adoçado, conforto recorrente em toda parte. É fácil mirar uma torre fina e alta, de 77 metros de altura, que marca a paisagem urbana da cidade. Diz-se, puro clichê, um cartão-postal.

    Um sujeito está a falar alto tentando atrair passantes. Diante dele, uma balança. As pessoas param, em meio ao burburinho, e se pesam –e pagam uns trocados pelo serviço. Paga-se por tudo nessa cidade, com a moeda local, o dirham (dez unidades equivalem a um euro) ou com o próprio euro.

    Só de olhar os homens que estão a exibir macacos de fralda, presos a correntes, uma afronta aos defensores de animais, ou as cobras que sobem (e dançam?) ao som das flautas de seus encantadores é capaz que o turista seja cobrado, insistentemente.

    Há montes de barracas de comida, concentradas. Toma-se suco de laranja local, superfresco e naturalmente doce. Há doces confeitados, de amêndoa, pistache, mel. Suportes deixam à mostra espetinhos de carne e legumes. Há cérebros e cabeças inteiras de carneiro.

    Algumas barracas se dedicam a um único quitute: um pão redondo achatado, com recheio de ovos cozidos amassados, purê de batata, queijo (industrializado, como um Polenguinho) e um molho apimentado.

    Está a anoitecer. O movimento cresce. Eis o ambiente para um transe. Absoluto. Com reforço da música que não cessa. Pode ser um estilo hipnótico que combina música da África negra e seus escravos com sons marroquinos com castanholas metálicas, em sequências que se repetem –como mantras.

    Aí que está o maior encanto de Marrakech, a cidade imperial vermelha, na qual todas as construções são obrigatoriamente pintadas de um tom avermelhado, meio ocre e geralmente feitas de adobe (mistura de palha e argila).

    A capacidade –quiçá possamos dizer "o poder"– que essa cidade eleita Patrimônio Mundial da Unesco em 1985 tem é de cercar o turista em um universo particular e o distanciar, portanto, de seu próprio universo particular –da mesmice.

    Marrocos

    INTENSA MARRAKECH

    A mais antiga Marrakech –consideremos que a região tem uma história de 300 mil anos– está resguardada nos limites da medina, uma área cercada por muralhas, cuja origem data o século 12.

    É ali dentro, em um espaço que corresponde a 700 campos de futebol, que estão concentrados os mercados (os souks, uma das experiências mais pulsantes do Marrocos) e a arquitetura de outrora.

    Tome como primeira tarefa para se ambientar caminhar a esmo por aquelas ruelas que se entrelaçam em caminhos emaranhados, a ouvir os chamares dos comerciantes e artesãos –só homens.

    Suas tendas têm tapetes amontoados, luminárias de cobre trabalhadas à mão, objetos de madeira, esculpidos até com os pés ao vivo e a cores, cerâmicas das mais vibrantes cores, joias (ou não).

    E há que gastar certa energia negociando o preço. Quem vai ao Marrocos ouve esse conselho à exaustão: "Não pague o preço cheio, é possível negociar até metade dos valores iniciais", em tudo quanto é lugar.

    Faça também perguntas sobre o modo de vida. Isso vai levá-lo a entender melhor toda a dinâmica dali. Descobre-se, por exemplo, que cada região da medina acolhe ao menos um banheiro comunitário (pois as casas antigamente não eram abastecidas de água –exceto as dos ricos), um forno coletivo, uma escola, uma mesquita.

    SEGREDOS LOCAIS

    A penetração naquele mundo se torna mais intensa em alguns pontos. Quando se passa, por exemplo, por uma portinha, para a qual nada se dá, e, dois passos adiante, eis um jardim encantador. Riads são como pequenas surpresas e, como pequenos e charmosos hotéis, são locais nos quais pode-se hospedar.

    Em uma farmácia, cuja entrada é tomada por mulheres (e só mulheres, de forma a integrá-las à sociedade) sentadas no chão, a moer na pedra semente por semente para obter uma pasta, "que vale mais que petróleo" –a entender: para se fazer um litro de óleo, usa-se 50 quilos de nozes, que correspondem a cinco quilos de amêndoas, manipuladas, manualmente, por seis mulheres, em um dia de trabalho, com oito horas.

    Tratam-se de amêndoas secas de argan, uma árvore típica que não se adapta em outro canto algum, exceto em uma zona no México, das quais se extrai um óleo usado medicinalmente, como cosmético e na gastronomia –para este último fim, a amêndoa é torrada antes.

    Ainda vale uma parada na Madraça Ben Youssef. Existe nessa construção do século 14 um trabalho de paredes esculpidas, como mosaicos coloridos. Sejamos capazes de observar os detalhes, para que haja uma espécie de transporte para o passado –cafona isso, mas vale a pena considerar. Ali funcionou uma escola onde se ensinava versos do alcorão, ainda hoje expressos nas paredes.

    Boa dica para encerrar o dia: um jantar no Ksar el Hamra (restaurant-ksarelhamra.net), em um palácio de 400 anos. Como os riads, não se dá nada ao chegar à porta desse restaurante. Ao que se avança uns passos e surge um cenário encantador: jardim com laranjeiras, uma fonte central, mesas espaçadas.

    Na mesa também é comum encontrar uma variedade de tagines, prato cuja base é uma carne (frango, cordeiro ou boi) cozida em fogo brando na companhia de legumes e temperos marcantes, tais quais gengibre, pimenta e açafrão, em uma panela especial, de barro com uma tampa cônica, que suporta altas temperatura –e mantém o calor.

    *

    CONHEÇA O MARROCOS

    CAPITAL
    Rabat

    IDIOMA
    Árabe (oficial) e francês

    MOEDA
    Dirham (dez unidades equivalem a cerca de € 1)

    TEMPERATURA
    Os termômetros em maio ficam, em média, em torno de 29ºC –um mês bom para visitar o país. Em julho e agosto, as temperaturas médias chegam a 37ºC, e o turista precisa estar preparado para o calor

    DESERTO DO SAARA
    Tours percorrem a região. O pacote, que inclui ida às dunas, andar de dromedário para ver o pôr do sol, jantar, pernoite e café da manhã custa cerca de € 200 (R$ 794) por pessoa –mas há opções mais simples, com banheiro comunitário, por exemplo, que podem sair por até € 50 (R$ 198)

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    PACOTES PARA O DESTINO

    € 1.532 (R$ 6.085)
    Quatro noites, por pessoa, no hotel La Mamounia, em Marrakech, em quarto duplo. Para viagens de 9 de setembro a 31 outubro de 2016. Não inclui aéreo nem passeios. Na Teresa Perez Tours: (11) 3799-4000; teresaperez.com.br

    € 743 (R$ 2.951)
    Duas noites no Kasbah Tamadot, nas Montanhas Atlas, em apartamento duplo. Pacote com validade entre 9 de setembro e 31 de outubro desse ano. Por pessoa. Não inclui aéreo. Na Teresa Perez Tours: (11) 3799-4000; teresaperez.com.br

    € 530 (R$ 2.237)
    Pacote que oferece sete noites nas cidades imperais, em apartamento duplo, com meia pensão. Passeios incluídos. Preço por pessoa. Mais: flytour.com.br

    € 710 (R$ 2.997)
    São sete noites na Costa do Sol, em apartamento duplo com meia pensão. Por pessoa. Saiba mais: flytour.com.br

    R$ 3.250
    Preço para duas pessoas em quarto duplo por cinco noites, em Agadir, no sul do Marrocos. Não inclui aéreo. Informações: (+212) 528-849200; sofitel.com

    R$ 940
    Passe cinco noites em Marrakech em duas pessoas em quarto duplo. Somente café da manhã. Mais informações: (+212) 0525072527; ibis.com.br

    € 430 (R$ 1.707)
    Pacote leva, em cinco noites, para diversos destinos em Marrocos, como Marrakech, Casablanca e Costa del Sol. Preço por pessoa em apartamento duplo. Mais: (11) 3263-0998; specialistas.com

    US$ 2.480 (R$ 8.649)
    Cinco noites, sendo três em Marrakech e duas em Asni, nas Montanhas Atlas. Preço por pessoa. Mais: (11) 3087-9400;
    interpoint.com.br

    US$ 4.450 (R$ 15.518)
    Pacote oferece sete noites em Marrakech e no deserto. Apartamento duplo, preço por pessoa. Inclui passeios e traslados privativos. Mais: (11) 3087.9400; interpoint.com.br

    R$ 3.544
    Seis noites no hotel Riad Calista, em Marrakech. Quarto duplo, sem refeição. Aéreo incluído. Valor por pessoa. Mais: (11) 4003-9888; submarinoviagens.com.br

    R$ 3.519
    Cinco noites no Riad Le Jardin D'Abdou, em Marrakech. Quarto duplo. Preço por pessoa, com aéreo. Mais: (11) 4003-9888; submarinoviagens.com.br

    US$ 1.680 (R$ 5.859)
    Pacote de oito noites, para o casal, nas cidades imperiais (Casablanca, Rabat, Fez, Marrakesh). Café da manhã e jantar incluídos. Sem aéreo. Na Pisa Trekking: (11) 5052-4085; pisa.tur.br

    US$ 3.580 (R$ 12.485)
    Preço para duas pessoas em Marrakesh e mais quatro cidades. Não tem aéreo. Inclui passeios e transfers. Informações: (11) 5052-4085; pisa.tur.br

    US$ 908 (R$ 3.166)
    Passe sete noites em cinco cidades em Marrocos. em quarto duplo com meia pensão. Valor por pessoa. Incluiu passeios. Sem aéreo. Mais informações: (11) 3003-9282; cvc.com.br

    US$ 1.198 (R$ 4.177)
    Pacote de dez noites, visitando sete cidades. Quarto duplo em todas as noites. Passeios panorâmicos e visita ao povo berbere. Valor por pessoa. Mais informações: (11) 3003-9282; cvc.com.br

    US$ 2.026 (R$ 7.065)
    São sete noites, sendo três em Marrakech. Valor por pessoa em apartamento duplo. Regime de alimentação: café da manhã. Aéreo incluído. Mais informações: (11) 5571-2525; ciaeco.tur.br

    US$ 2.435 (R$ 8.492)
    Valor por pessoa em apartamento duplo para passar sete noites, sendo duas em Casablanca, uma em Rabat, duas em Fez e duas noites em Marrakech. Mais: (11) 5571.2525; ciaeco.tur.br

    A jornalista viajou a convite do Escritório de Turismo do Marrocos

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