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    Acampamentos no deserto do Saara têm conforto e 'banho de areia'

    LUIZA FECAROTTA
    ENVIADA ESPECIAL AO MARROCOS

    14/04/2016 02h00

    Hamid Echatre, 35, não sabe ler nem escrever. Nunca frequentou escola. Mas fala que é uma beleza. Não importa a língua –árabe, inglês, espanhol, italiano, alemão.

    "É como uma escola gratuita trabalhar aqui. Cada dia a comunicação com turistas é diferente; é natural aprender", diz o berbere, de tribo antiquíssima do norte da África, com dialeto próprio.

    Ele conta sobre as tradições de seu povo, sobre as formas de captação de água, em uma profundidade de até dez metros da superfície, e como alimentar animais na região. Como ouvinte, um grupo de viajantes acomodado em uma área ao ar livre, em meio ao deserto do Saara, na qual a areia está coberta por tapetes coloridos. Todos estão sob céu estreladíssimo –as estrelas cadentes, que presente.

    Ali, a 45 quilômetros de Erfoud, percorridos de carros 4x4, está armado um acampamento de luxo, para o qual Hamid trabalha. As pessoas pernoitam em tendas.

    Marrocos

    O pôr do sol, antes de todos se instalarem em seus aposentos, é observado do topo de uma das dunas, que podem alcançar 150 metros de altura, depois de um passeio sobre as corcovas dos dromedários, que andam vagarosamente, em fila. Nessa hora do dia, é como se o sol tingisse a areia de um alaranjado vibrante.

    Uma curiosidade: os animais, criados por famílias que moram nos arredores, nômades, sempre em busca de alimento para os bichos, aguentam passar até uma semana sem ingerir água no inverno –há 20 anos, comenta o homem berbere, encontrava-se gelo no topo das dunas, mas com o "aquecimento global e as mudanças climáticas isso não acontece mais".

    No verão, período em que a temperatura vai de 40ºC a 50ºC, os animais tomam até 40 litros de água por dia. Nessa época, o deserto costuma atrair sobretudo turistas europeus, em busca de banhos aromáticos que prometem melhorar a circulação. São rituais curtos nos quais se encobre o corpo com a areia quentíssima, por cinco minutos, em um ciclo de cinco dias.

    Ao ouvir o berbere, aprende-se mais sobre o deserto. Coisas rotineiras, como o preparo dos pães, em um buraco na areia, com brasa e pedras do rio (que retêm o calor). Eles incham, criam uma crosta e não se misturam à areia. Ou mais de história, como a fronteira entre Marrocos e Argélia, antes livremente cruzada, e hoje fechada por militares.

    Faz um frio agudo depois que o sol se põe. Um ou outro turista pula o banho oferecido nos quartos: um filete de água, meio morna, meio fria. Isso, mesmo depois de uma dança e cantoria em volta da fogueira –e aquele cheiro defumado que toma o cabelo, as roupas e a memória.

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    Árabe (oficial) e francês

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    Os termômetros em maio ficam, em média, em torno de 29ºC –um mês bom para visitar o país. Em julho e agosto, as temperaturas médias chegam a 37ºC, e o turista precisa estar preparado para o calor

    DESERTO DO SAARA
    Tours percorrem a região. O pacote, que inclui ida às dunas, andar de dromedário para ver o pôr do sol, jantar, pernoite e café da manhã custa cerca de € 200 (R$ 794) por pessoa –mas há opções mais simples, com banheiro comunitário, por exemplo, que podem sair por até € 50 (R$ 198)

    A jornalista viajou a convite do Escritório de Turismo do Marrocos

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