• Turismo

    Sunday, 05-May-2024 15:25:07 -03

    Dubai, terra de superlativos, também ensina costumes e tradições do islã

    FELIPE GUTIERREZ
    ENVIADO ESPECIAL A DUBAI

    28/04/2016 02h00

    No terraço ao qual os turistas têm acesso no alto do arranha-céu Burj Khalifa, em Dubai, foram colocados binóculos acoplados a um computador. Neles, é possível visualizar pontos da cidade e, ao apertar um botão, "ver" a mesma paisagem há 15 anos.

    Era quase tudo deserto. Hoje, há prédios modernos com fachada de vidro, pistas largas para carros, ilhas artificiais e hotéis de luxo.

    Dubai, um dos sete Emirados Árabes Unidos, se modernizou a toque de caixa. A velocidade e os exageros que isso trouxe são o traço mais marcante –não só nas ruas, mas também nos costumes.

    Mas o lugar, originalmente uma vila de pescadores, mantém alguns resquícios do passado. Na parte antiga da cidade, ao redor dos mercados de especiarias, tecidos e bugigangas de ouro, há ruas estreitas, lojinhas, cafés e –algo que quase não se vê nas regiões modernas–, gente nas calçadas (principalmente nas áreas protegidas do sol).

    Vale a pena se perder por esses cantos. Dá para topar, por exemplo, com a mesquita Ali Bin Abi Talib, de fachada feita de ladrilhos azul-turquesa. É um raro centro xiita na cidade, já que o país é de maioria sunita. Outra atração são os barcos que servem como "táxi" para a travessia do canal, o "Dubai creek".

    Nessa região também há um centro cultural para turistas, o Sheikh Mohammed Centre for Cultural Understanding –Mohammed, figura quase onipresente no país, é o emir e primeiro-ministro.

    Ao chegar, o turista tem uma aula dos costumes locais. É explicado, por exemplo, que as mulheres usam o chador (veste que cobre todo o corpo, menos o rosto) para serem modestas e não entrarem em uma espiral de competição. As paqueras são em público, duram mais de ano.

    Também é explicado o jeito correto de cumprimentar –nunca com a mão, que é suja. Homens tocam as pontas do nariz; as mulheres, as bochechas. Cumprimentar o gênero oposto é diferente: coloca-se a mão no próprio colo em um aceno.

    SEM RIGIDEZ

    Embora esses costumes pareçam naturais, Dubai é uma mistura. Praias perto dos hotéis estão cheias de estrangeiros em trajes de banho. Os turistas, muitos europeus, vão à cidade também pela areia, pelo mar e pelo sol.

    Os shoppings, que concentram a vida social, não diferem muito dos brasileiros. O respeito à religião convive com a maneira ocidental de se divertir –compreensivelmente, a cidade virou destino para árabes que querem escapar das regras rígidas.

    E, especialmente, desfrutar do consumo e do luxo. Isso fez com que Dubai se esforçasse para ganhar um verniz de esplendor e conseguisse títulos de maior isso ou aquilo do mundo.

    O Burj Khalifa é hoje a construção mais alta do mundo (e um prédio mais alto ainda já foi anunciado). O shopping vizinho tem fontes que espirram água a alturas que nenhuma outra alcança. O Burj Al Arab é considerado um dos hotéis mais luxuosos.

    É um lugar com uma abastança sem paralelos, pelo menos se comparado aos ricos destinos abertos à visitação.

    *

    RESTAURANTES TÊM ATÉ DRINQUES COM OURO

    Os Emirados Árabes Unidos são um país oficialmente muçulmano, mas os costumes da religião não são reforçados com tanta ênfase como nos vizinhos. Isso fica nítido ao ir a um restaurante em Dubai.

    Alguns deles, por exemplo, funcionam durante o Ramadã (com uma cortina baixada, é verdade, mas ainda assim abertos). O período é considerado sagrado para o islamismo, quando muitos fiéis praticam jejum e não podem nem beber água durante o dia.

    Mesmo estabelecimentos que atendem a um número grande de locais e de outros muçulmanos têm cardápios com bebidas alcoólicas à disposição –artigo proibido pela lei islâmica.

    Outro hábito que hoje causa estranhamento, principalmente para brasileiros que vivem em grandes centros, é ver comensais fumando –narguilé, sobretudo. Em Dubai, isso não só é permitido como se dá com frequência.

    HOMUS E LENTILHA

    Muitos dos pratos nos restaurantes típicos são iguais ao que se entende por comida árabe no Brasil: homus, lentilha, quibe etc.

    Mas há outras comidas menos familiares, como é o caso do machboo (arroz servido com frango) e o luqaimat (sobremesa que lembra o nosso bolinho de chuva, servido com calda doce). Ambos podem ser provados na "aula" do centro cultural Sheikh Mohammed.

    No fim da refeição, o café é ralo, se comparado ao que se costuma tomar no Brasil, e leva cardamomo.

    Os restaurantes mais caros também buscam um brilho de luxo na gastronomia –o que não destoa do resto dos serviços do país, onde a preocupação em ser considerado exclusivo, cinco-estrelas, é onipresente.

    Às vezes, essa característica pode soar exagerada. No restaurante Qbara (qbara.ae), que tem versões modernizadas de pratos árabes tradicionais, um dos drinques do menu leva flocos de ouro como ingrediente.

    A região, porém, nem sempre teve essa suntuosidade. Um passeio para estrangeiros pelo deserto, a poucos quilômetros da cidade, emula as refeições dos antepassados que moravam no lugar. Mesmo sabendo que é uma versão turística de um jantar tradicional, ele serve como contraponto.

    Os pratos são preparados em panelões esquentados por lenha. Há sopa de lentilha como entrada, carne de cordeiro, arroz e quibe. Os turistas fazem fila com o prato na mão e depois se espalham entre tapetes sobre a areia, mesas rústicas e cadeiras bambas.

    *

    O QUE SABER SOBRE OS EMIRADOS ÁRABES E COMO IR PARA LÁ

    • Fuso horário + 7 horas em relação a Brasília
    • Moeda Dirham (R$ 1 = AED 1,03)
    • Visto Brasileiros precisam de visto, fornecido via companhia aérea ou hotel (a partir de AED 200)

    R$ 2.530
    Quatro noites em Dubai (EAU), com café e passeios. Sem aéreo, por pessoa. Na Agaxtur: (11) 3067-0900; agaxturviagens.com.br

    R$ 2.958
    Cinco noites nos Emirados Árabes, com café e passeios em Dubai, Abu Dhabi e Charjah. Por pessoa. Na Flytour: (11) 4004-0008; flytour.com.br

    US$ 953 (R$ 3.389)
    Seis noites entre Emirados Árabes e Omã, com café, city tour em Dubai e safári no deserto. Sem aéreo. Na Flot: (11) 4504-4544; flot.com.br

    US$ 1.038 (R$ 3.691)
    Valor por pessoa, com aéreo e traslados, para quatro noites em Dubai. Inclui café e city tour. Na Viaje Bem: (11) 3266-3070; viajebem.tur.br

    € 1.560 (R$ 6.241)
    Seis noites em Dubai, com café, passeio em Abu Dhabi, ingresso ao Burj Khalifa e safári no deserto. Sem aéreo, por pessoa. Na CVC: (11) 3003-9282; cvc.com.br

    US$ 1.799 (R$ 6.398)
    Valor por pessoa para oito noites entre Dubai e Mascate, com café. Sem aéreo, inclui café, passeios e traslados. Na Viaje Bem: (11) 3266-3070; viajebem.tur.br

    US$ 2.580 (R$ 9.176)
    Valor por pessoa para sete noites entre Dubai e Abu Dhabi, com passeios. Sem aéreo. Na Queensberry: (11) 3217-7100; queensberry.com.br

    US$ 2.613 (R$ 9.293)
    Pacote de sete noites entre Dubai e Abu Dhabi, com tours nas duas cidades. Inclui passagens aéreas, traslados e café. Na Venice: (11) 3087-4747; veniceturismo.com.br

    O jornalista viajou a convite do Departamento de Turismo, Comércio e Marketing de Dubai

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024