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Turismo
Monday, 25-Nov-2024 00:44:45 -03Restaurante brasileiro serve coxinha em oásis no meio do Egito
DIOGO BERCITO
ENVIADO ESPECIAL A SIWA (EGITO)09/06/2016 02h00
Entre os poucos restaurantes de Siwa, oásis no Egito e a 50 quilômetros da fronteira com a Líbia, destaca-se um estabelecimento marcado com a bandeira do Brasil.
O local, batizado de Ana Maria Café, serve comida brasileira –incluindo a coxinha, que ali ainda não tem um significado político.
A proprietária, Ana Maria Barbosa, 47, nasceu em Paranaguá (PR) e mudou-se para o Egito há mais de 20 anos. Casou-se com um egípcio e viveu em Alexandria. Em 2014, decidiu abrir um restaurante nesse oásis.
O local é um ponto de encontro entre moradores locais, e mistura a culinária egípcia à brasileira.
Além da coxinha, há pastel e o clássico arroz com feijão. A paranaense também serve uma variedade de sucos, a depender da estação do ano. Um almoço custa em torno de R$ 35.
O restaurante Ana Maria está localizado próximo à principal mesquita, e nos entornos do posto de gasolina. O estabelecimento tem também página no Facebook (Ana Maria Café).
GUERRAS E CASAMENTO GAY
Perdido entre as palmeiras de Siwa, ou entre as dunas ao redor, o visitante evoca as camadas de lendas acumuladas no topo desse oásis.
O historiador grego Heródoto narra que o oráculo local desafiou o invasor persa Cambises no século 6º a.C. O rei, que havia herdado o império do pai, Ciro, enfureceu-se e enviou seu exército a Siwa.
Essa teria sido, ao menos como registra o texto clássico, uma entre as más decisões tomadas pelo persa. Os 50 mil soldados tiveram de marchar centenas de quilômetros no deserto e foram tomados por uma tempestade de areia e soterrados pela história.
Outro grande personagem da Antiguidade está ligado a Siwa. Já imaginou-se que Alexandre, o Grande, estivesse enterrado nos arredores do oásis –ele teria visitado o oráculo em 331 a.C e sido declarado divino pelos sacerdotes.
Uma expedição controversa buscou sua tumba nos anos 1990, mas os supostos achados da grega Liana Souvaltzi foram desmentidos pelo governo egípcio, e o local foi então interditado à visita.
Outra das histórias que circulam pelo oásis, registradas por viajantes, dá conta de um passado cultural hoje delicado. Em Siwa era comum a prática de relações homossexuais entre jovens, e havia até uma espécie de casamento gay, que só deixou de existir no início do século 20.
Hoje, com as duas práticas sendo combatidas pelo governo e por uma sociedade conservadora, o assunto deve ser abordado com cuidado entre os locais, desconfortáveis com a fama.
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