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    Restaurante brasileiro serve coxinha em oásis no meio do Egito

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A SIWA (EGITO)

    09/06/2016 02h00

    Entre os poucos restaurantes de Siwa, oásis no Egito e a 50 quilômetros da fronteira com a Líbia, destaca-se um estabelecimento marcado com a bandeira do Brasil.

    O local, batizado de Ana Maria Café, serve comida brasileira –incluindo a coxinha, que ali ainda não tem um significado político.

    A proprietária, Ana Maria Barbosa, 47, nasceu em Paranaguá (PR) e mudou-se para o Egito há mais de 20 anos. Casou-se com um egípcio e viveu em Alexandria. Em 2014, decidiu abrir um restaurante nesse oásis.

    O local é um ponto de encontro entre moradores locais, e mistura a culinária egípcia à brasileira.

    Além da coxinha, há pastel e o clássico arroz com feijão. A paranaense também serve uma variedade de sucos, a depender da estação do ano. Um almoço custa em torno de R$ 35.

    O restaurante Ana Maria está localizado próximo à principal mesquita, e nos entornos do posto de gasolina. O estabelecimento tem também página no Facebook (Ana Maria Café).

    GUERRAS E CASAMENTO GAY

    Perdido entre as palmeiras de Siwa, ou entre as dunas ao redor, o visitante evoca as camadas de lendas acumuladas no topo desse oásis.

    O historiador grego Heródoto narra que o oráculo local desafiou o invasor persa Cambises no século 6º a.C. O rei, que havia herdado o império do pai, Ciro, enfureceu-se e enviou seu exército a Siwa.

    Essa teria sido, ao menos como registra o texto clássico, uma entre as más decisões tomadas pelo persa. Os 50 mil soldados tiveram de marchar centenas de quilômetros no deserto e foram tomados por uma tempestade de areia e soterrados pela história.

    Outro grande personagem da Antiguidade está ligado a Siwa. Já imaginou-se que Alexandre, o Grande, estivesse enterrado nos arredores do oásis –ele teria visitado o oráculo em 331 a.C e sido declarado divino pelos sacerdotes.

    Uma expedição controversa buscou sua tumba nos anos 1990, mas os supostos achados da grega Liana Souvaltzi foram desmentidos pelo governo egípcio, e o local foi então interditado à visita.

    Outra das histórias que circulam pelo oásis, registradas por viajantes, dá conta de um passado cultural hoje delicado. Em Siwa era comum a prática de relações homossexuais entre jovens, e havia até uma espécie de casamento gay, que só deixou de existir no início do século 20.

    Hoje, com as duas práticas sendo combatidas pelo governo e por uma sociedade conservadora, o assunto deve ser abordado com cuidado entre os locais, desconfortáveis com a fama.

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