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    Chá em Londres celebra a rainha e a bebê real com doces de ouro e prata

    ELIANE TRINDADE
    EM LONDRES

    09/06/2016 02h00

    A menos de um quilômetro do palácio de Buckingham, uma família de bilionários indianos comemora o aniversário de três anos da caçula com um chá da tarde em um ensolarado domingo de fim da primavera em Londres.

    O ritual tipicamente inglês é também uma homenagem aos 90 anos da rainha Elizabeth, completados em abril, e ao primeiro ano de sua bisneta, a princesa Charlotte, festejado em maio.

    É que ambas, símbolos de duas gerações da Casa de Windsor, são o tema do Pink Princess Afternoon Tea, espécie de brunch que será servido todos os dias, até o final de junho, no restaurante do hotel Lanesborough, no coração da capital inglesa –com uma seleção de docinhos da pâtisserie francesa, em formatos que vão de coroa a borboleta, com toques de ouro e prata comestíveis.

    Reinaugurado há um ano (leia mais abaixo), o Lanesborough tem vista para o Hyde Park e fica a alguns passos da residência oficial da realeza britânica. É parte da mesma rede que administra o Le Bristol, na capital francesa, onde Woody Allen gravou cenas do longa "Meia-Noite em Paris".

    Para o chá em Londres, súditos de sua majestade e hóspedes dos quatro cantos do mundo precisam estar dispostos a pagar £ 48 (R$ 243) –com uma taça de champanhe Tattinger, o valor vai a £ 62 (R$ 313); o pacote que inclui uma noite no hotel sai por £ 590 (R$ 2.984).

    Além de guloseimas artisticamente esculpidas em tons de rosa, o chá da tarde (sempre às 15h, não às 17h) inclui sanduíches salgados e saborosos "scoons", os bolinhos que acompanham bem a bebida quente preferida dos ingleses –com ou sem leite.

    O menu de chás é rico (preenche oito páginas de descrição de aromas e sabores). Há opções de £ 5,50 (R$ 28) a £ 18 (R$ 92), passando por extravagâncias como um chá branco do Tibete –cujo quilo, em lojas especializadas, chega a £ 5.000 (R$ 25.921).

    O Formosa Oolong Top Fancy, apelidado de Beleza Asiática, é "verdadeiramente magnífico", descrito como delicado aos olhos e intenso no sabor de flores, com leves pitadas de especiarias.

    Tanto requinte é apreciado por duas senhoras que moram em Mayfair, na vizinhança chique do hotel. Elas parecem estar à espera de sua alteza real, enquanto aguardam para serem acomodadas em uma mesa central do restaurante Céleste, decorado na cor que lhe dá nome e com um enorme lustre ao centro.

    É uma ocasião para reviver tradições, segundo uma delas. "É como tomar chá em casa, mas cercada de mimos", diz Claire, que, sem dizer o sobrenome, interrompe a conversa elegantemente quando descobre se tratar de uma entrevista. "É domingo, minha querida", despede-se, sem mais delongas, com um sorriso no rosto.

    Enquanto isso, a festa infantil indiana parece não perturbar a clientela discreta e elegante. Algazarra só na entrega de dois balões para a aniversariante, enquanto adultos se deliciam com cheesecake de ruibarbo, musse de morango, creme de cereja e biscoitos de framboesa.

    Cada guloseima é esculpida em uma forma delicada e adornada com pérolas ou miniflores de açúcar.

    Com champanhe ou chá, no início da degustação é de bom tom fazer um brinde de vida longa à rainha Elizabeth e à mais nova princesa.

    *

    HOTEL ESTÁ ENTRE OS MAIS CAROS DA CIDADE

    O hotel Lanesborough foi erguido para servir como residência de caça do visconde de mesmo nome, em uma época em que o hoje central Hyde Park era uma zona afastada do centro do Londres.

    A mansão de tijolos aparentes passou por uma reforma de £ 80 milhões (R$ 405 milhões) e foi reaberta, em agosto do ano passado, como um dos hotéis mais caros da capital britânica.

    A fachada, os salões e as 93 suítes –com diárias que podem chegar a custar £ 26 mil (R$ 132 mil)– ganharam detalhes do estilo georgiano, em um trabalho que durou 18 meses e envolveu arquitetos, designers e artesãos de renome mundial, sob supervisão de institutos de preservação e do patrimônio histórico, como a Comissão Real de Belas Artes e a Sociedade Georgiana.

    É um passeio por cômodos que poderiam ser descritos em romances de época como o clássico "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen. Papéis de parede temáticos enfeitam as paredes, que ganharam coberturas de madeira talhadas com motivos de época.

    Tecnologias modernas ficam discretamente escondidas no mobiliário que remonta ao século 19. A TV de tela plana, por exemplo, é sustentada por uma moldura e "encoberta" por uma tela pintada quando não está ligada.

    Todo os aparatos eletrônicos, assim como os dispositivos que abrem e fecham janelas e cortinas, podem ser ligados e desligados de um tablet colocado na mesinha de cabeceira.

    Cada hóspede tem direito a mordomo e motorista 24 horas e ganha cartões de visitas impressos com seu nome e o endereço do hotel.

    Situado no centro da capital, o hotel fica a uma caminhada rápida da movimentada Oxford Street, repleta de lojas de departamento, e da zona comercial mais exclusiva de Londres.

    A jornalista visitou o hotel Lanesborough a convite da rede Oetker Collection

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