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    Toronto tem passeio a 356 metros de altura na torre mais alta da cidade

    BRUNO MOLINERO
    ENVIADO ESPECIAL A TORONTO

    21/07/2016 02h00

    É impossível saber se o seu corpo está todo tremendo por causa da temperatura que beira 0ºC ou pelos 356 metros de altura que separam o frio na barriga da calçada lá embaixo. Mas uma coisa é certa: encarar o Edge Walk, em Toronto, é para quem tem um parafuso a menos.

    A atração, que recebeu 19 mil visitantes em 2014 e é uma das mais famosas entre turistas que visitam a cidade do Canadá, consiste em dar uma volta no topo da CN Tower –torre quase dez vezes mais alta que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Detalhe: pelo lado de fora dela.

    No início, a decisão de encarar o passeio parece brilhante. Depois de pagar os salgados 195 dólares canadenses (R$ 490,80), você veste feliz da vida a roupa obrigatória, que inclui macacão vermelho, luvas e gorro, e dá risada quando se olha no espelho, ainda no térreo, e percebe que está parecido com um oompa-loompa esquimó de "A Fantástica Fábrica de Chocolate".

    Mas, na hora em que o elevador começa a subir em direção ao 116º andar, tudo muda.

    Após uma breve explicação do guia do passeio, a porta se abre, o vento bate no rosto e é preciso caminhar por 30 minutos sobre uma grade de metal do lado de fora do prédio, sem corrimão ou rede de segurança –apenas uma cordinha presa ao corpo impede o visitante de se estatelar no chão. Independentemente de a corda ser segura ou não, é inevitável pensar de onde veio a ideia de jerico de fazer esse trajeto.

    Depois de alguns minutos, porém, o medo começa a sumir. A visão deixa de ficar turva, os joelhos passam a se firmar e então percebe-se que Toronto vista do alto é encantadora. Parece uma colcha de retalhos à beira das águas do Ontário, um dos cinco Grandes Lagos na fronteira entre Canadá e Estados Unidos.

    Os prédios azuis e espelhados do centro comercial convivem lado a lado com as casas de tijolinho dos bairros arborizados. Com atenção, avista-se no meio da malha urbana prédios com a forma de um submarino, de uma caixa de giz de cera e outras coisas meio malucas –antes de qualquer suspeita, um teste de bafômetro proíbe turistas bêbados no Edge Walk.

    O que se vê do alto é um pouco da variedade arquitetônica cultivada pela cidade. Grandes nomes da arquitetura como Frank Gehry e o espanhol Santiago Calatrava assinam construções que podem estar em grandes avenidas ou em vielas escondidas. Gehry, por sinal, é nascido na cidade de Toronto.

    ESPAÇOS CULTURAIS

    Muitos desses prédios são museus, centros culturais, universidades, galerias de arte e instituições que promovem a intensa vida cultural da região. E é aí que mora uma das principais engrenagens do motor turístico de Toronto. Além dos engravatados atrasados para compromissos de negócio, a cidade recebe gente em busca de exposições, festivais, peças e concertos.

    Isso ajuda o lugar a ter um número crescente de turistas há seis anos consecutivos –em 2015, recebeu mais de 40 milhões de visitantes, entre canadenses e estrangeiros, segundo dados oficiais.

    Festivais de cinema, fotografia, música e outros tipos de arte inundam a cidade durante todo o ano e colaboram para manter o fluxo de visitas estável mesmo no inverno, apesar das temperaturas que podem chegar a -10ºC. Afinal, teatros, museus e cinemas são fechados, quentinhos, ótimos antídotos para narizes congelados.

    No verão, a programação artística se estende para a rua. No bairro Queen West, próximo à avenida Spadina, onde é possível chegar a partir do centro após uma caminhada de menos de dez minutos, as fachadas são grafitadas há anos por artistas canadenses e estrangeiros. Os becos ganham um colorido psicodélico e se tornam um museu a céu aberto de arte urbana (veja roteiro cultural pela cidade aqui ).

    Se é possível ver tudo isso lá de cima do Edge Walk? Com um pouco de atenção (e coragem), sim. Se dizem que a melhor maneira de conhecer um lugar é caminhar por ele sem ter um rumo certo, Toronto talvez seja uma exceção –vale a pena ficar parado, nas alturas, encarando a metrópole de frente.

    Toronto

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