• Turismo

    Monday, 20-May-2024 18:41:38 -03

    Na Nicarágua, turista faz 'esquibunda' em encosta de vulcão a 80 km/h

    BLANCA MOREL
    DA AFP

    06/10/2016 02h00

    Sob um sol inclemente, grupos de turistas escalam como formigas o pedregoso vulcão Cerro Negro, na Nicarágua, para se lançarem em tábuas de madeira desde o topo, a velocidades de até 80 quilômetros por hora.

    O furor por esse esporte radical, conhecido como "volcano boarding", uma versão do "esquibunda", atrai todos os anos cerca de 50 mil ousados turistas –em sua maioria americanos, alemães, canadenses, franceses, austríacos e britânicos, segundo dados do Instituto de Turismo.

    "Adoro a aventura e a adrenalina", conta à agência AFP o austríaco Leo Rainer, depois de descer 700 metros sobre a prancha pela encosta arenosa do vulcão.

    O mecânico de carros de Fórmula 1 decidiu passar férias na Nicarágua atraído pelas emoções intensas de esportes radicais como o "volcano boarding". "Estou muito feliz", diz.

    O Cerro Negro, de 728 metros de altura, está situado no departamento de León, cerca de 50 quilômetros a noroeste de Manágua. É um dos vulcões mais jovens do planeta, com o Paricutín, do México, e um dos mais explosivos da América Central.

    Em 1850, lançou lava e cinzas sobre uma planície da cordilheira dos Maribios, no oeste do país, e teve ao menos dez erupções desde então.

    "Se houver uma erupção agora morreremos todos, mas por enquanto o lugar é seguro", diz o guia Erick Ríos enquanto conduz os turistas até o topo do vulcão.

    O Cerro Negro é vizinho ao vulcão El Hoyo, que no último dia 15 de setembro deu origem a um terremoto de 5,9 graus na escala Richter que sacudiu o lado do oceano Pacífico da Nicarágua.

    DESAFIANDO O PERIGO

    Mas o medo não existe para esse grupo de aventureiros, que começam a escalar a montanha vestindo shorts, camisetas, tênis, chapéus, óculos de sol e mochilas com garrafas de água e protetor solar.

    No lugar em que estão dispostas enormes pedras negras, resíduos da última erupção, começa a aventura. Com suas pranchas nas costas, sob um sol abrasivo, os turistas dão início à subida por um caminho estreito. Todos estão relaxados, otimistas.

    "Vou aproveitar o passeio", afirma, entusiasmado, o britânico Daniel Chad Everitt, estudante de contabilidade que também fez tubing e "bungee-jump" na Colômbia.

    "É uma experiência única", comenta o guia Carlos Cáceres, que recorda da vez em que encontrou um tipo de tamanduá caçando insetos entre as rochas da montanha, onde também vivem iguanas, morcegos e serpentes.

    Depois da uma caminhada de mais de uma hora, interrompida por rápidas paradas em que os turistas aproveitam para descansar e fazer selfies, o grupo chega ao topo, de onde se aprecia parte da cordilheira vulcânica e a cidade colonial de León.

    "Uma paisagem muito bonita", diz o costarriquenho Juan Saballos, que viajou com a namorada, Adriana, com quem antes foi a Machu Picchu, no Peru.

    No topo, a paisagem lembra um deserto de areia negra, formado por partículas de minerais expelidas pelo vulcão, que brilham à luz do sol em meio a fumarolas de gases.

    Em inglês, os guias explicam aos turistas como se sentar nas tábuas para deslizar sobre a encosta, que, lá de cima, parece um precipício.

    "Adoro experimentar coisas novas, isso sim é vida", afirma a jovem costarriquenha Mariela González, enquanto veste um macacão especial para se proteger de arranhões que poderia sofrer durante a descida.

    Sem fazer muitas perguntas, os esportistas se apresentam, se encaminham para a ladeira e começam a se lançar, um atrás do outro, sem titubear.

    BOM NEGÓCIO

    O "volcano boarding" é realizado no Cerro Negro desde 2005, e o interesse pelo esporte vem crescendo –ainda que, de vez em quando, um turista frature um osso, segundo reconhecem os guias.

    Para León, o esporte radical é um bom negócio, que revitalizou o turismo e melhorou as finanças da cidade histórica. O lugar foi fundado em 1524 pelos conquistadores espanhóis e, em 1610, mudada para sua localização atual, depois da erupção do vulcão Momotombo.

    O preço para subir no vulcão é de US$ 5, e as agências que fazem a atividade estimam que cada turista gasta cerca de US$ 50 por dia na região, preços acessíveis para emoções tão grandes.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024