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    Portugal chega a 26 estrelas Michelin e confirma boa fase de sua gastronomia

    GIULIANA MIRANDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA

    24/11/2016 08h00

    A edição ibérica do Guia Michelin, divulgada na noite de quarta-feira (23) na Espanha, foi a mais generosa da história com Portugal, distribuindo nove novas estrelas ao país. Seis restaurantes debutaram na lista, dois ganharam uma estrela adicional e um voltou à constelação após um ano de ausência.

    O resultado contrasta com a versão de 2015 do guia, quando Portugal manteve a quantidade de estrelas do ano anterior, e reforça o bom momento da alta gastronomia portuguesa, impulsionada pela expansão do turismo com visitantes de alto poder aquisitivo e por uma geração de chefs que apostou em releituras da cozinha tradicional.

    As estrelas foram bem distribuídas, com novidades por todo o país. Com um total de 26 estrelas, Portugal está à frente de países como Brasil (19) e Dinamarca.

    Para os críticos, entre os novos restaurantes contemplados com uma estrela, não houve nenhum nome surpreendente. Fazem sua estreia na constelação Michelin: em Lisboa, Alma (Henrique Sá Pessoa) e Loco (Alexandre Silva); em Sintra, LAB by Sergi Arola; no Porto, Antiqvvm (Vítor Matos); em Leça da Palmeira, Casa de Chá da Boa Nova, e no Funchal, William (Luís Pestana e Joachim Koerper).

    O restaurante L'AND, em Motemor-o-Novo, volta à lista após ter perdido sua estrela no ano passado. Foi a primeira vez que um chef português recuperou uma estrela perdida em tão pouco tempo.

    "A recuperação da estrela demonstra o reconhecimento do trabalho que toda a equipe do L'AND realizou neste último ano, que envolveu tanto empenho e dedicação. Estou muito focado neste projeto e acredito que a proposta gastronômica que apresentamos no L´AND é uma forma de colocar no mapa esta região e os sabores portugueses que a caracterizam", disse Laffan, logo após o anúncio. Com o resultado de seu restaurante, o Alentejo volta a aparecer no guia.

    Já entre as casas que mantiveram sua única estrela, havia duas com forte expectativa de receber um "upgrade" galáctico que, no fim das contas, não se realizou: o São Gabriel (Leonel Perereira), no Algarve, e o Feitoria (João Rodrigues), em Lisboa.

    Completam a lista no Algarve, Bon Bon (Rui Silvestre); Willie's (Willie Wurger) e Henrique Leis (Henrique Leis); em Cascais Fortaleza do Guincho (Miguel Rocha Vieira); em Lisboa, Eleven (Joaquim Koerper); no Porto, Pedro Lemos (Pedro Lemos); em Amarante, Largo do Paço (André Silva).

    Não foi desta vez que Portugal chegou às três estrelas, distinção máxima do guia. Tampouco foi a vez de ter uma mulher no comando de uma cozinha estrelada.

    Dois novos restaurantes chegaram à dupla distinção: no Funchal, o Il Gallo d'Oro (Benoît Sinthon): e em Vila Nova de Gaia, o The Yeatman (Vila Nova de Gaia, chef Ricardo Silva).

    Eles se juntam ao Belcanto (José Avillez), o único português na lista "50 Best, dos cinquenta melhores restaurantes do mundo", em Lisboa; e ao Ocean (Hans Neuner) e ao Vila Joya (Dieter Koschina), no Algarve.

    CRÍTICAS

    Apesar do bom resultado, muitos portugueses se mostraram um tanto decepcionados com o anúncio. Há um mês, a organização do guia, majoritariamente composta por espanhóis, vem fazendo declarações que sinalizavam para uma mudança muito significativa para Portugal, o que naturalmente empolgou a opinião pública.

    "Não foi bombástico, mas foi bem bom", resumiu o jornal "Observador" sobre o resultado, anunciado na noite desta quarta (23) em Girona, Espanha.

    Nos últimos anos, os portugueses têm reclamado dos critérios de avaliação dos restaurantes nacionais, acusando os avaliadores -praticamente todos espanhóis- de só valorizarem cozinhas luxuosas e de influência francesa ou anglo-saxã.

    Recentemente, os chefes estrangeiros têm perdido espaço para uma geração de nomes da cozinha portuguesa -a maioria com formação gastronômica em grandes escolas da Europa e dos EUA- que tem dado nova cara à culinária tradicional, especialmente na preparação de peixes e frutos do mar.

    ESPANHA

    O bom desempenho português ainda está longe de alcançar o do país vizinho, que tem 249 estrelas distribuídas em 2013 restaurantes.

    Do lado espanhol, a grande novidade foi a chegada de Barcelona à seleta lista de cidades com restaurantes três estrelas, com Lasarte, do chef Paolo Casagrande. Além dele, outros oito estabelecimentos têm o reconhecimento máximo no país.

    Houve uma certa frustração porque nenhuma casa da Catalunha ganhou um segunda estrela neste ano, apesar dos vários nomes inéditos que receberam a primeira.

    No total, a edição de 2016 traz 23 restaurantes espanhóis com duas estrelas e 150 com uma, sendo 15 deles novidade no ranking.

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