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    Naufrágio e 'Las Vegas grega' dividem turistas nas ilhas Jônicas

    JULIA LATORRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA GRÉCIA

    01/12/2016 02h00

    O público que desembarca em Zaquintos (ou Zante, como denominaram os italianos) pode ser dividido entre os que buscam a bagunça de Laganas, uma espécie de Las Vegas que se instalou no sul da ilha, e os que querem ver a praia do Naufrágio.

    A água cristalina que alcança o recuo de uma enorme falésia coberta por pedrinhas brancas dá as boas-vindas para quem visita a praia, batizada dessa maneira por causa da carcaça enferrujada do navio Panagiotis.

    A história contada por habitantes da ilha e marinheiros é que em 1982 o navio transportava cigarros contrabandeados e foi descoberto pela guarda costeira em um dia de mau tempo. O capitão não viu outra saída a não ser se proteger em meio aos penhascos, onde naufragou e virou cenário para fotos.

    Como é impossível chegar ao local a pé, a única maneira de ver o navio encalhado de perto é contratando um passeio de barco, que pode sair tanto da capital de Zaquintos quanto de Porto Vromi, ao norte da ilha.

    Vale agendar uma embarcação que pare para um mergulho nas Blue Caves. Assim, dá para tirar suas próprias conclusões se a água é "tão azul quanto um Smurf", como dizem os moradores.

    Mas é bom ser rápido. A mesma guarda costeira que encurralou Panagiotis no passado não permite que as embarcações fiquem mais de uma hora e meia ancoradas, a fim de minimizar os impactos ambientais no local.

    Zaquintos tem uma área total de 407 quilômetros quadrados. Alugar carro ou quadriciclo é uma boa opção para quem deseja visitar diferentes pontos da ilha sem depender de guias especializados ou excursões –é relativamente simples conseguir se localizar na estrada principal com um mapa.

    Mas, mesmo se as coordenadas não ajudarem muito, a graça de se perder pelo caminho é justamente ter que pedir informações pelos vilarejos– no mínimo, o visitante receberá um convite para provar um vinho caseiro de alguma taverna grega.

    Na volta, pela costa leste da ilha, ainda dá tempo de se encantar com o charme da praia Xygia e fazer uma parada para conhecer a capital homônima da ilha.

    Se resta energia para uma noite de festa, a parada é em Laganas. Localizado a cerca de 12 km da capital, o lugar tem dezenas de bares, baladas, cassinos e clubes de striptease que ficam apinhados de gente.

    Os turistas são europeus (sobretudo ingleses) e raríssimos brasileiros, que se unem para brindar e dizer saúde como os gregos ensinam: "Yamas"!

    Onde fica - Grécia

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    ARQUIPÉLAGO FICA IMUNE À CRISE DE REFUGIADOS

    Se em 2015 a preocupação de viajantes que iam à Grécia era a crise econômica e a possível saída do país da zona do euro, hoje a principal questão é a crise dos refugiados. Cerca de 850 mil pessoas chegaram ao país no ano passado, principalmente por causa os conflitos na Síria.

    O número de refugiados de janeiro a agosto deste ano caiu 31% de acordo com o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), em comparação com o mesmo período do ano passado. Já o número de entradas de turistas no país cresceu 1,3%, de acordo com a revista "Greek Travel Pages".

    Mas nas ilhas Jônicas quase não se percebe a crise. O arquipélago está mais próximo da Itália e da Albânia do que da própria capital grega, Atenas. Refugiados sírios, afegãos e iraquianos chegam às ilhas mais próximas da Turquia. Lesbos, Quios e Samos são as que registraram a maior taxa de imigrantes vindos de países em conflito.

    Em tempos de euro oscilando entre R$ 3,50 e R$ 4, a Grécia continua um destino barato no Mediterrâneo, se comparado a França e Itália. Nas ilhas Jônicas, é possível hospedar-se em pousadas confortáveis por € 30 (R$ 108) a noite.

    O dinheiro é pouco para a calorosa recepção grega. Em qualquer destino, moradores buscam oferecer a melhor experiência do país –seja ensinando como se toma ouzo (um destilado de uva típico, aromatizado com anis) ou indicando uma paisagem que pouca gente conhece.

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