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    Pirenópolis, cidade próxima a Brasília, é Paraty com ar sertanejo

    BRUNO MOLINERO
    ENVIADO ESPECIAL A PIRENÓPOLIS

    08/12/2016 02h00

    Pirenópolis é uma Paraty que vive dentro de uma música sertaneja tocada por Leandro e Leonardo. Está tudo lá: as casinhas históricas coloridas, as ruas feitas com pedras, as mesinhas com grupos que tomam cerveja na calçada por causa do calor.

    Mas o clima colonial logo ganha um ar matuto quando uma tropa de vaqueiros vestindo camisa xadrez, bota e espora dobra a esquina. Todos sobre os seus cavalos, que fazem as ruas vibrarem com o impacto da ferradura nos pedregulhos do chão. Com um olhar atento, percebe-se o berrante pendurado na parede da vendinha.

    Localizada entre Goiânia e Brasília (a cerca de 130 km da primeira e de 150 km da segunda), Pirenópolis funciona como um refúgio histórico e caipira para as duas cidades –onde pessoas vão passear por igrejinhas aos fins de semana e mergulhar nas quase cem cachoeiras da região.

    A proximidade com o centro nervoso da política brasileira também fez do município um ponto de veraneio para poderosos e funcionários que orbitam o Planalto Central desde a inauguração de Brasília, nos anos 1960.

    Moradores mais antigos contam que já viram até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda no cargo, sentado em banco de praça em algumas manhãs de domingo.

    Talvez ele estivesse contemplando a igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, erguida em 1728 e uma das mais antigas de Goiás. Restaurada após um incêndio que a destruiu em 2002, ela é um clássico arquitetônico de estilo colonial brasileiro, com paredes de taipa e alicerces feitos de pedra –o que a fez ser nomeada Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1941.

    Aliás, desde 1988 o centro histórico de Piri, como é carinhosamente chamada, é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e fornece aos visitantes um ar que lembra a época em que ali havia só um arraial fundado por garimpeiros ligados ao bandeirante Anhanguera, no século 18.

    Foi justamente com a exploração do ouro que a cidade começou a crescer e a enriquecer, surgindo as igrejas do Senhor do Bonfim e a de Nossa Senhora do Carmo, ambas de 1750 e com prédios ainda abertos a visitação.

    VELHO E NOVO

    Mas Pirenópolis vai além da poeira da história. Da igreja da Matriz, é possível contratar um passeio de tuk-tuk pelo centro da cidade que leva cerca de 40 minutos.

    Com passagens que custam R$ 50 para duas pessoas, o trajeto é uma boa maneira de entender o município, conhecer a ponte sobre o rio das Almas e ver o museu das Cavalhadas, que guarda elementos da manifestação cultural típica da região. Durante a Festa do Divino, 50 dias após a Páscoa, pessoas se mascaram e saem às ruas numa festa que dura cerca de 20 dias, sem hora para acabar.

    O roteiro termina na rua do Lazer, que concentra uma média de 20 bares e restaurantes com mesas do lado de fora. Lá, toma-se uma pinga na cachaçaria Seo Rosa, que funciona em um casarão colonial, ou prova-se um prato com pequi no Empório do Cerrado.

    Aos sábados, madrugada adentro, alguns dos estabelecimentos oferecem música ao vivo e pista de dança a visitantes que aguentam firme até o dia amanhecer.

    Mas o agito não vence o silêncio. A poucos passos da rua do Lazer, um vendedor de algodão doce espera sozinho o próximo cliente em frente a uma casa colorida. Poucos carros cruzam as ruas. O som dos cavalos segue distante.

    O jornalista viajou a convite do Enecob (encontro de jornalistas de turismo)

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