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    América Central e Caribe buscam visitantes com festivais gastronômicos

    JOSIMAR MELO
    DE DO COLUNISTA DA FOLHA

    16/03/2017 02h00

    Ir à América Central e ao Caribe para mergulhar, deitar ao sol, badalar e desfilar riqueza? Não. O destino de águas transparentes, calor e charme (menos na época dos furacões) começa a investir num outro atrativo em busca de turistas: a gastronomia.

    A forma de fazê-lo ainda é incerta. Festivais são organizados com o objetivo de atrair visitantes com interesse pela comida, mas o que efetivamente mostrar a eles? Pratos regionais ou internacionais?

    Afinal, o Caribe é dividido entre países independentes, com tradições locais mais arraigadas (como a cultura creole, misto de influências de índios, colonizadores e escravos africanos) e ilhas que constituem territórios europeus, às vezes mais voltadas para exaltar tradições e progressos de suas metrópoles além-mar, só que em ambiente tropical.

    Em geral abertos ao público interessado em gastronomia, os festivais cobram valores diferentes pelos ingressos ou pelos pratos servidos (apenas o Black Carpet, no México, é fechado para convidados). O Menú Panamá, por exemplo, que aconteceu em fevereiro deste ano, tinha ingressos que variavam de US$ 30 a US$ 50 (R$ 95 a R$ 158). Os demais devem ter novas edições no fim de 2017, o que é uma boa oportunidade para planejar uma viagem ao Caribe.

    MARTINICA

    Em novembro do ano passado, a ilha da Martinica, um dos territórios franceses ultramarinos no Caribe, centrou fogo na gastronomia e na produção local. Durante uma semana, entre os dias 14 e 20, aconteceu o Martinique Chefs Festival, reunindo personalidades da gastronomia francesa, chefs e sommeliers.

    A primeira edição do evento, que pretende ser anual, buscou ser uma vitrine da cultura local, marcada por traços afrocaribenhos, e da cozinha creole para torná-la mais conhecida.

    O primeiro festival teve como convidados nomes como os chefs Marcel Ravin (que nasceu na Martinica) e Babette de Rozières.

    ST. BARTH

    Na chique ilha francesa de St. Barthélémy, aconteceu em novembro de 2016, entre os dias 3 e 6, o Taste of St. Barth Gourmet Festival –a terceira edição do evento. Oito chefs franceses de alto coturno, tendo como patrono Christian Le Squer (do Le Cinq, restaurante do hotel George 5 de Paris, três estrelas no "Guia Michelin"), juntaram-se a cozinheiros locais para jantares em hotéis de luxo.

    Fizeram parte nomes de prestígio como Guy Martin (do Grand Véfour de Paris) e Arnaud Donckele (do La Vague d'Or de Saint-Tropez) –respectivamente duas e três estrelas Michelin. A alta gastronomia, com ingredientes locais, imperou no evento. Mas se alguém esperava conhecer sabores caribenhos saiu de boca vazia: o enclave francês investe principalmente nos sabores europeus.

    MÉXICO

    Também no fim do ano passado, houve outro evento gastronômico, dessa vez no México: o Black Carpet, do resort e spa Nizuc, que aconteceu pela terceira vez.

    Ao sul de Cancún, voltado para o mar do Caribe, o hotel fica incrustado numa baía de onde não se avista a agitada zona hoteleira da região.

    O evento, realizado no dia 15 de dezembro, foi ao ar livre, na praia: entre apresentações de dança e música, o público escolhia pratos que desejava provar, dispostos em tendas de um dos seis restaurantes do resort.

    O chef do hotel é o francês Sylvain Desbois, que protagoniza uma venda às sextas de manhã: uma banca na praia expõe peixes trazidos pelos pescadores no dia, e os hóspedes escolhem seus preferidos para consumi-los depois nos restaurantes.

    PANAMÁ

    A tripa de terra chamada Panamá, que liga duas Américas, tem sua capital homônima banhada pelo oceano Pacífico, mas a somente 80 quilômetros dali está sua costa Atlântica, no mar do Caribe.

    E é a cultura caribenha o que mais fascina na culinária panamenha, como pôde ser visto no festival Menú Panamá (que teve sua terceira edição na capital, de 10 a 11 de fevereiro deste ano), e nos principais restaurantes de lá.

    Voltada para o Pacífico, ao lado das comportas do canal homônimo, a capital do país tem um centro pujante, com edifícios modernos projetando sua sombra sobre a baía. Tem restaurantes de culinária contemporânea com produtos locais, assim como lugares simples com uma rica cozinha centro-americana.

    No festival, essas facetas costumam se encontrar. Um de seus organizadores, Mario Castrellón, é chef do mais prestigiado restaurante do país, o Maito (maitopanama.com).

    O evento conta com atmosfera informal, barracas de petiscos típicos como empanadas afroantillanas, frutos do mar e carne de porco, ao som de bandas de calipso –mas há também um salão com jantares de alta cozinha (neste ano, preparados pelos premiados chefs Mitsuharu Tsumura, do peruano Maido, e os mexicanos Edgar Nuñez, do Sud 777, e Pablo Salas, do Amaranta).

    Mas o Panamá tem também a cozinha dos antepassados, em lugares simples como o Donde Iván (av. 1B Norte, Cidade do Panamá), no bairro popular de Río Abajo: para comer abundantes pratos afroantilhanos, como empanadas de camarão, pé de porco com vinagrete, bacalhau desfiado, arroz com feijão e coco e banana com melaço e canela.

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