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    Trem de luxo que sai de Curitiba corta mata atlântica até Morretes; veja fotos

    KARIME XAVIER
    ENVIADA ESPECIAL AO PARANÁ

    13/04/2017 02h00

    Numa mão a taça de champanhe e na outra o celular ou a máquina fotográfica. Assim se equilibram passageiros dos vagões do Great Brazil Express, trem de luxo que sai de Curitiba rumo à cidade histórica de Morretes, no litoral do Paraná, desde 2008, em finais de semana e feriados, pontualmente, às 9h15.

    A bebida é um dos mimos para quem paga R$ 360 (adultos) pela viagem –há também café da manhã com chá, biscoitinhos, tortinhas e croissants–, mas o maior presente é mesmo a paisagem de bromélias, helicônias, samambaias e cachoeiras da serra do Mar cortada pela estrada de ferro.

    A ferrovia, inaugurada em 2 de fevereiro de 1885, foi planejada pelos irmãos Antônio e André Rebouças (engenheiros abolicionistas que hoje são nome de túnel no Rio de Janeiro e de avenida em São Paulo). São 110 km de percurso incrustado na vegetação. O passeio dura cerca de três horas e meia, a uma velocidade média de 20 km/h.

    Entusiasta de viagens de trens, o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, 62, aproveitou o dia livre na véspera de uma visita oficial ao governador Beto Richa (PSDB), em março, para conhecer o roteiro paranaense. "Eu adoro trens, já viajei muito, e esse passeio me chamou a atenção porque é um trajeto curto e especial, atravessa a mata atlântica", disse o diplomata.

    A vista do verde é também o que mais chamou a atenção de Sara, 8, e da mãe dela, Vanessa de Souza, 37. "Gosto de ver as flores pela janela", contou a garota de Rondônia, que viajou a Curitiba para ser submetida a uma cirurgia.

    POMPA DE OUTRA ÉPOCA

    Do lado de dentro, o ambiente é de certa nostalgia, com mobiliário escuro, estofados de couro e em capitonê e gravuras com reproduções do artista francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e do alemão Rugendas (1802-1858) nas paredes de madeira.

    Dois guias informam aos turistas as atrações pelas quais o trem passa. Túneis, estações como as do pico Marumby e de Engenheiro Lange, e pontes que fazem o passageiro achar que está literalmente nas nuvens acompanham o viajante até o destino final no litoral.

    "A sensação é de estar em uma novela de época", afirmou Francine Hatem, 32, de Santa Maria (RS), que viajou acompanhada dos pais.

    Segundo o designer Paulo Peruzzo, responsável pela decoração do trem, a "ideia era trabalhar com dois pontos importantes de entrada do Brasil, as cidades do Rio de Janeiro e de Foz do Iguaçu, e trazer a estética do Brasil império, muito charmosa pela influência europeia".

    Os vagões que levam justamente o nome de Copacabana e Foz têm capacidade para 23 passageiros cada um. Um terceiro (o Curitiba) pode levar até 40 pessoas.

    De acordo com o presidente da empresa Serra Verde, que mantém as litorinas de luxo, 22% dos turistas que procuram o passeio são estrangeiros e, em sua maioria, alemães.

    O mesmo trajeto pode ser feito também no trem com classe econômica (R$ 94), turística (R$ 119) e executiva (R$174) e partida diária às 8h15 da capital paranaense. Mais acessível, mas não menos atraente, a viagem nessa locomotiva tem um detalhe: os vidros podem ser abertos. Assim, sente-se o cheiro do caminho. E ele é bom.

    *

    COMO IR

    Três litorinas de luxo (veículos sobre trilhos com motor próprio) Foz, Copacabana e Curitiba fazem o trajeto até Morretes aos sábados, domingos e feriados, às 9h15.

    Nas duas primeiras, o bilhete custa R$ 360 (adultos) e R$ 260 (crianças) –na terceira, R$ 283 (adultos) e R$ 180 (crianças).

    Podem ser comprados no terminal de Curitiba ou pelo site serraverdeexpress.com.br. O retorno também pode ser feito por ônibus, ao custo de R$ 19,79.

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