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    Serra gaúcha aposta em roteiros que vão além de vinhos e espumantes

    BRUNO MOLINERO
    ENVIADO ESPECIAL À SERRA GAÚCHA

    13/04/2017 02h00

    Um dos motivos para conhecer a serra gaúcha certamente é provar um bom cabernet sauvignon e avaliar se os taninos do vinho estão suaves ou não –ou então para ignorar tudo isso e só encher a cara.

    Mas a região, conhecida como a referência de vinhos no Brasil, tem apostado em atrações que passam à margem da bebedeira, principalmente em Bento Gonçalves, Garibaldi e Pinto Bandeira (cidade a cerca de 35 minutos de carro das vizinhas mais conhecidas), onde há sessões de cinema ao ar livre e rotas de bicicleta.

    Boa notícia para uma região cujo único meio de transporte é o automóvel e que tenta evitar os motoristas bêbados. Confira abaixo.

    O jornalista viajou a convite da Associação Brasileira de Enologia

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    Rota de bicicleta passa por cachoeiras

    Não tem jeito: a melhor maneira de conhecer a serra gaúcha é alugando um carro –além de ter um transporte público deficiente, a região preserva pequenas propriedades e mirantes nas estradas que são ideais para uma parada e para serem conhecidas com calma. Justamente por isso, um passeio de bicicleta pode ajudar ainda mais o visitante a descobrir lugares nas cidades que formam a região.

    Mesmo com essa vocação, poucos pacotes de cicloturismo são vendidos pelas agências locais e rotas de bike ainda são raras. Uma das poucas iniciativas estruturadas é a oferecida pelo hotel Dall'Onder, que fica em Bento Gonçalves.

    Com cinco rotas diferentes, as pedaladas podem ter três níveis: do principiante (com duração de quatro horas) ao avançado (que chega a oito horas em cima da magrela). Os caminhos passam por vinhedos, propriedades cujos donos são descendentes de italianos e cachoeiras. O passeio inclui ainda carro de apoio, guia, equipamentos de segurança, comida, água e bicicletas –é possível solicitar modelos elétricos.

    CICLOTURISMO
    Quanto de R$ 130 a R$ 500
    Quando diariamente, com agendamento
    Mais dallonder.com.br

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    Passeio em 4X4 atrai aventureiros

    Na Cave Geisse, uma das mais premiadas vinícolas do Brasil e cujos espumantes já receberam medalhas de ouro internacionais, o turista que deseja ir além do álcool tem duas opções: comer ou apostar em adrenalina.

    A vinícola oferece um tour pela propriedade em um carro 4X4, que passa por cachoeiras e estradinhas enlameadas. Se a rota não chega a assustar, ela rende um frio na barriga por causa do terreno acidentado e irregular. No meio do passeio, há uma parada: em um deque na frente do rio, é oferecida uma degustação de espumantes. O preço do passeio depende do número de pessoas interessadas e varia de R$ 200 a R$ 350 por grupo.

    Quem foge da adrenalina pode aproveitar para ficar no Open Lounge, espaço que é aberto nos fins de semana e feriados e onde um food truck serve comes e bebes. Destaque para a porção de empanadas (R$ 35, seis unidades). A tábua de frios, com presunto serrano e geleia de pimenta artesanal (R$ 70), serve de petisco a uma família.

    TOUR EM 4X4 (GEISSE)
    Quanto R$ 200 (grupo de 2 pessoas) a R$ 350 (grupo de 5)
    Quando diariamente, com agendamento
    Mais cavegeisse.com.br

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    Região tem raízes italianas para turista ver

    Até os anos 1960, quando as famílias de descendentes de italianos se encontravam, homens iam para um lado e mulheres iam para o outro –os primeiros bebiam e jogavam cartas; elas aproveitavam para conversar e trançar chapéus de palha.

    Esse encontro tradicional, conhecido como filó, foi retomado para turista ver em um sítio próximo a Bento Gonçalves. Ao chegar, o visitante é recepcionado por um coral vestido com roupas do século 19, em uma casa que imita as residências dos colonos, com cadeiras de palha, bules, máquinas de costura e espaço para fazer pães e geleias.

    A visita é organizada pelo hotel Dall'Onder e custa R$ 150 por pessoa, valor que inclui comida e traslado. No início do ano, quando acontece a colheita da uva, é possível acompanhar a pisa –os turistas são convidados a também tirar os tênis e pisotear os frutos maduros.

    O local fica no roteiro conhecido como Caminhos de Pedra, que tem 12 km de extensão e é considerado Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul. Foi ali que italianos criaram suas propriedades e onde até hoje elas estão preservadas pelos filhos e netos desses estrangeiros.

    No fim do passeio, vale passar no alambique e provar a grapa feita por lá. A bebida, parecida com a cachaça e feita com o bagaço da uva, leva um toque adocicado de anis.

    VINDIMA DALL'ONDER
    Quanto R$ 150
    Quando todos os sábados
    Mais dallonder.com.br

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    Pôr do sol vem com taça de espumante

    Uma das melhores maneiras de terminar um dia na serra gaúcha, após dirigir o tempo todo e conhecer vinícolas e plantações, é ver o pôr do sol cercado pelos morros.

    Na Don Giovanni, em Pinto Bandeira (a propriedade fica a cerca de 12 km do centro de Bento Gonçalves), o turista assiste ao sol se esconder em vinhedos e plantações de girassol, sempre com petiscos e uma taça de espumante na mão.

    O passeio começa uma hora antes, em frente a um casarão dos anos 1930, e segue por entre as vinhas. É possível também se hospedar na vinícola, que tem uma pousada com sete apartamentos.

    VISITA (DON GIOVANNI)
    Quanto R$ 40, passeio pelos vinhedos (hospedagem na pousada, com café da manhã, custa R$ 450 para duas pessoas)
    Quando diariamente, com agendamento
    Mais dongiovanni.com.br

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    Vinícola tem espaço para piquenique

    Com 80 mil metros quadrados, o Ecomuseu da vinícola Dal Pizzol é uma área que concentra lagos e áreas verdes que fazem do espaço um dos mais indicados de Bento Gonçalves para quem deseja fazer um piquenique.

    O espaço, que é povoado por animais soltos como coelhos, cisnes e pavões, não é muito grande se comparado ao parque Ibirapuera, em São Paulo, que tem 1,5 milhão de m². Mas, mesmo assim, não cansa de receber turistas brasileiros e estrangeiros, principalmente nos fins de semana.

    Tanto que a propriedade oferece um pacote de piquenique, que vem com vinho ou espumante, suco, pães e outros quitutes inclusos. O pacote custa R$ 150 para até quatro pessoas. Depois da comida, vale fazer a digestão dando uma volta no vinhedo com 400 variedades de uvas, provenientes de 30 países, e no museu, que traz centenas de garrafas de vinho.

    ECOMUSEU (DAL PIZZOL)
    Quanto de R$ 5 a R$ 10, a entrada (pacote de piquenique custa R$ 150 para 4 pessoas)
    Quando seg. a sex., 9h às 17h; sáb. e dom., 10h às 16h30
    Mais dalpizzol.com.br

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    Cinema ao ar livre acontece nas plantações

    As crianças chegam correndo, em busca de um espaço bem na frente, próximo ao telão. Enquanto isso, pais pegam pipoca e taças de vinho ou espumante. Nas últimas fileiras, casais de namorados se ajeitam abraçados.

    Todos os anos, a vinícola Peterlongo, em Garibaldi, promove sessões de cinema ao ar livre –as exibições acontecem sempre durante a primavera e o verão; são interrompidas no inverno por causa das baixas temperaturas da região.

    Num gramado em declive, em frente a vinhedos carregados de uvas, os espectadores se aconchegam em cadeiras de praia, bancos de madeira e tapetes sobre a grama. Os filmes são projetados em um telão montado no local.

    Na programação do início deste ano, que aconteceu até março, foram exibidos longas como "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (2001) e "Cinema Paradiso" (1988). No próximo dia 23 de setembro, a mostra volta a acontecer.

    WINE MOVIE (PETERLONGO)
    Quanto de R$ 30 a R$ 40 (com direito a uma taça de vinho, espumante ou suco)
    Quando mensalmente, aos sábados
    Mais peterlongo.com.br

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