• Turismo

    Wednesday, 01-May-2024 21:32:30 -03

    Turistas endinheirados contratam 'babá de viagem'

    JOANNE KAUFMAN
    DO "NEW YORK TIMES"

    20/07/2017 02h00

    Emily Berl/"The New York Times"
    Douglas Easton e John Ziegler, sócios de agência de viagens de luxo na Califórnia
    Douglas Easton e John Ziegler, sócios de agência de viagens de luxo na Califórnia

    George Straw, 74, um turista muito dedicado, não gosta de água. Perto da água, ótimo, mas na água? Não, obrigado. E a rejeição é ainda maior se a proposta envolve estar embaixo d'água.

    "Uma viagem de observação submarina, com mergulhos para ver os recifes de coral, jamais funcionaria para mim", disse Straw, um dos donos do Santé Center for Healing, centro de tratamento para pacientes de distúrbios alimentares e dependentes de álcool e drogas, em Argyle, no Texas.

    Douglas Easton e John Ziegler, os sócios diretores da Celestielle, uma agência de viagens de luxo em West Hollywood, Califórnia, sabem tudo isso e mais sobre Straw, seu cliente há muito tempo. Sabem que ele não gosta de cebolas, que evita quartos de hotel que não tenham muitas janelas e que ama oportunidades para fotografar.

    É por isso que, algum tempo atrás, o enviaram a uma reserva natural para tigres na Índia, e que, no verão de 2016, organizaram uma viagem a Hudson Bay, no Canadá, para que ele pudesse observar ursos polares e outros animais.

    Easton e Ziegler são parte de um subconjunto de planejadores de viagens –eles preferem se definir como designers de viagens– que fazem mais do que simplesmente reservar passagens e estadias. Eles administram as viagens de seus clientes endinheirados, mapeando agendas que, ao longo do ano, podem incluir fins de semana no Caribe para uma mãe e sua filha, heli-skiing (esqui em áreas acessadas por helicópteros) para um pai e filho e fins de semana românticos para um casal.

    "No mês de junho, converso com Doug e John e eles começam os planos de viagem para o ano seguinte", disse Straw, que estima gastar cerca de US$ 180 mil (R$ 570 mil) ao ano com seu parceiro em turismo. Em 2016, ele fez quatro grandes viagens –Egito e África do Sul; Peru e Colômbia; Camboja, Vietnã, Tailândia e Bali; Irlanda do Norte, República Tcheca e Suíça.

    Alguns planejadores de viagens, como Gonzalo Gimeno, fundador e diretor da Elefant Travel, que tem unidades em Madri e Barcelona, e Susan Farewell, dona da Farewell Travels, em Westport, Connecticut, visitam seus clientes em casa, para descobrir mais sobre a dinâmica de suas famílias e fazer sugestões sobre possíveis destinos –em muitos casos, lugares dos quais seus clientes nem ouviram falar. Também realizam viagens de reconhecimento, para descobrir as melhores acomodações, guias de excursão e passeios.

    Quando Farewell planejou uma viagem de Bobbi Crocker, uma consultora de ensino superior de Westport, e seu marido. Russell, para a África do Sul e Zâmbia, "ela foi para lá primeiro para verificar se tudo funcionava bem", conta Crocker. "Quando voltou, alterou o itinerário e o hotel em que ficaríamos."

    Esse nível de planejamento e envolvimento "é parte de um mercado emergente no qual há pessoas que têm mais dinheiro que tempo, e elas desejam conhecimentos especializados", disse Bjorn Hanson, professor na Universidade de Nova York. "Um agente de viagens tradicional não faria perguntas como 'qual é o menor avião em que você se disporia a viajar?'"

    Clientes como esses, disse Hanson, podem não se importar com preços, mas são muito sensíveis a qualquer deficiência de tratamento.

    Não é incomum que algumas das famílias pequenas se disponham a gastar US$ 50 mil (R$ 158 mil) em viagem de uma semana (sem considerar o preço dos jatinhos).

    "Eles não se preocupam com preços –o tipo de viagem que querem é mais uma educação que uma recreação", disse Susan Farewell, que se reúne anualmente com clientes para revisar as viagens do ano anterior e determinar o próximo passo lógico. Por exemplo: seria melhor ir à Grécia no verão ou levar as crianças à África?

    "O objetivo é preparar pessoas para o sucesso em viagens", disse Farewell, que cobra no mínimo US$ 500 (cerca de R$ 1.600) pela organização de viagens de uma semana. "Não há como repetir a experiência, porque as crianças não voltarão a ter essa idade."

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024