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    Revolução russa, 100

    Museus lembram quatro décadas de opressão soviética sobre outros países

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    05/10/2017 02h00

    Nos países que viveram sob a órbita da União Soviética, a lembrança dos tempos de ocupação sugere a história de alguma opressão.

    O grau com que isso acontece, contudo, varia. Nos Estados Bálticos, que foram invadidos nos anos 1940 e fizeram parte do império até sua dissolução em 1991, o assunto é tratado com mais bile.

    Tanto que, até pelo longo tempo de ocupação, museus dedicados ao tema geralmente reduzem bastante o espaço de exposição dedicado ao jugo dos nazistas na região.

    Quando dividiram seu espaço estratégico na Europa Oriental em 1939, os ditadores Adolf Hitler (1889-1945) e Josef Stálin (1878-1953) deixaram os Bálticos nas mãos comunistas a partir de 1940. Com a declaração de guerra e a invasão no ano seguinte, os nazistas ocuparam a região e foram vistos como libertadores por muitos, até pela forte presença de alemães étnicos, até serem expulsos entre 1944 e 1945.

    Assim, no museu sobre o tema de Vilnius (Lituânia), se vê poucas referências ao nazismo, embora o regime tenha matado 240 mil pessoas, a maioria judia, enquanto os soviéticos têm em sua conta cerca de 50 mil pessoas mortas em deportações e prisões.

    Não que se trate de um campeonato de morticínio, mas causa estranhamento, de resto amplificado pela tensão entre as expressivas comunidades étnicas russas e as populações dos três países.

    A versão de Tallinn (Estônia) é mais leve, por assim dizer, e inclui um interessante mostruário de quinquilharias da era soviética. Já o interessante, arquitetonicamente, museu sobre o tema em Riga (Letônia) é mais formalista –e está ironicamente situado ao lado da estátua dos Fuzileiros Letões.

    Esculpida em 1971 para celebrar a guarda pessoal do pai do comunismo soviético, Vladimir Lênin (1870-1924), que confiava pouco em russos para a função, com a queda do comunismo o passado da unidade militar foi resgatado: fora criada em 1915, pelo czar russo, para deter alemães na Primeira Guerra Mundial.

    Menos nuançada é a lembrança em Budapeste. Alvo da primeira repressão soviética a um aliado socialista na Guerra Fria, em 1956, a capital húngara tem a opressiva Casa do Terror a lembrar os regimes fascista e comunista que reinaram de 1944 a 1989.

    Ela acerta ao colocar os dois sistemas políticos como faces de uma mesma moeda autoritária, mas o tom persecutório dedicado a quem colaborou (com direito a fotos com fichas) com os comunistas parece afastar a ideia de conciliação nacional.

    A Hungria é um dos países europeus menos liberais, liderado por Viktor Orbán, premiê em cujo primeiro mandato o museu foi criado.

    Talvez mais impressionante, até por ser um repositório de sombras e celas vazias, é o antigo prédio que sediava a Gestapo (polícia secreta nazista) e, depois, a KGB soviética em Vilnius.

    Em Berlim, o centro nervoso da Guerra Fria, as iniciativas são mornas. O Museu da Stasi, a temida polícia secreta comunista, tem detalhes fascinantes da vida dos espiões, mas historiografia algo rasa. Assim como nas tentativas de abordar o nazismo em museus, isso parece trair a dificuldade do alemão médio em falar sobre o tema.

    Quase toda cidade grande no antigo bloco soviético tem algum tipo de centro sobre a ocupação e, em alguns casos, boas atrações como em Kaunas (Lituânia), onde o Museu da KGB fica num bunker para guerras nucleares.

    *

    ALEMANHA

    MUSEU DA STASI
    Horário seg. a sex., das 10h às 18h; sáb. e dom., das 11h às 18h
    Preço R$ 22 (adultos); R$ 17 (universitários e idosos); R$ 10 (de 12 a 21 anos)
    Site stasimuseum.de/en/enindex.htm

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    ESTÔNIA

    MUSEU DAS OCUPAÇÕES
    Horário ter. a dom., das 11h às 18h
    Preço R$ 24 (adultos); R$ 15 (estudantes e idosos); grátis para menores de oito anos
    Site okupatsioon.ee/index.php/et

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    HUNGRIA

    CASA DO TERROR
    Horário ter. a dom., das 10h às 18h
    Preço R$ 20 (adultos); R$ 10 (entre 6 e 25 anos e 62 e 70 anos, e estudantes estrangeiros); grátis para menores de seis anos
    Site terrorhaza.hu/en

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    LETÔNIA

    BUNKER DE LIGATNE
    Horário sáb. e dom., às 12h, 14h e 16h (visitas guiadas)
    Preço R$ 40 (adultos); R$ 35 (crianças, estudantes, aposentados e pessoas com deficiência)
    Site bunkurs.lv/en

    MUSEU DA OCUPAÇÃO DA LETÔNIA
    Horário seg. a dom., das 11h às 18h
    Preço Doação
    Site okupacijasmuzejs.lv/en

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    LITUÂNIA

    SILO DE PLOKSTINE
    Horário seg. a sáb., às 10h, 12h, 14h e 16h
    Preço R$ 18 (adultos); R$ 9 (crianças, estudantes, idosos e pessoas com deficiência)
    Site zemaitijosnp.lt/en/expositions

    MUSEU DO GENOCÍDIO
    Horário qua. a sáb., das 10h às 18h; dom., das 10h às 17h
    Preço R$ 15 (adultos); R$ 4 (estudantes e idosos); grátis para crianças menores de sete anos
    Site genocid.lt/muziejus/en

    MUSEU DA KGB
    Horário apenas com agendamento
    Preço sob consulta
    Site atominisbunkeris.lt/en/#apie-mus

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    RÚSSIA

    MUSEU CENTRAL ESTATAL DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA RUSSA
    Horário ter., qui. a dom., das 11h às 19h; qua., das 12h às 21h
    Preço R$ 14; grátis para menores de 16 anos
    Site www.sovrhistory.ru

    MUSEU DA COSMONÁUTICA
    Horário ter., qua., sex a dom., 10h às 19h; qui., das 10h às 21h
    Preço R$ 14
    Site kosmo-museum.ru/?locale=en

    MUSEU CENTRAL DAS FORÇAS ARMADAS
    Horário qua. a dom., das 10h às 17h; sáb., das 10h às 19h
    Preço R$ 11; na segunda quarta-feira de cada mês, a entrada é gratuita para menores de 18 anos e estudantes universitários
    Site cmaf.ru/eng/index_eng

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