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Giles passeia sozinho por mercado de Jerusalém |
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Turismo
Saturday, 04-May-2024 14:21:24 -03O mochileiro cego e surdo que já visitou mais de 120 países
DA BBC BRASIL
07/12/2017 13h25
Deficiente visual e auditivo, o britânico Tony Giles faz questão de ser um viajante independente.
E tem uma meta ambiciosa: visitar todos os países do mundo.
Aos 39 anos, ele já riscou 124 países da lista, com direito a salto de paraquedas na Austrália e voo de asa-delta no Rio de Janeiro.
"Viajo sozinho porque é o maior desafio que eu posso encarar", conta Giles, que é completamente cego e tem apenas 20% da audição, em decorrência de problemas genéticos.
BBC Brasil Aventuras de Giles incluem voo de asa-delta sobre a praia de São Conrado, no Rio de Janeiro, em 2004 Ele explica que ser um viajante independente traz muitas vantagens, como o senso de descoberta e liberdade.
"Se eu viajasse acompanhado, sobretudo por alguém que tenha visão, a pessoa estaria fazendo todo o trabalho, estaria me guiando, e eu não conseguiria tocar e encontrar tantas coisas como eu faço por conta própria", diz Giles.
BBC Brasil Aos 39 anos, Giles já visitou 124 países Além disso, é uma oportunidade de conhecer outras pessoas.
"Viajando sozinho consigo interagir com mais gente", acrescenta.
COM A AJUDA DE ESTRANHOS
Mas há muitas dificuldades no caminho.
"É preciso ser paciente, você se perde o tempo todo. É muito difícil procurar algo específico quando você não pode ver, porque obviamente você não consegue identificar", afirma.
"Vão passar umas dez pessoas por você até que alguém pare e pergunte: 'Você está perdido, precisa de ajuda?'. Aí você interage. É como funciona", explica.
BBC Brasil Giles pega ônibus para visitar o Muro das Lamentações, em Jerusalém E foi assim em Israel, seu destino mais recente. Com o auxílio de pedestres, Giles pegou um ônibus para visitar o Muro das Lamentações, na Cidade Velha de Jerusalém.
"Do ponto de vista histórico e espiritual, vale a pena visitá-lo", recomenda.
"Há diversas inscrições nele. São blocos maciços. É tudo muito suave, as texturas, as formas do muro, os tijolos", analisa.
BBC Brasil 'É tudo muito suave', diz ele sobre o Muro das Lamentações Para Giles, viajar significa usar todos os sentidos do corpo. Em um dos mercados de Jerusalém, ele é atraído pelo aroma dos temperos, a textura dos tecidos e a balbúrdia dos comerciantes.
"Gosto da atmosfera, dos cheiros. É estreito e compacto. Parece muito autêntico", descreve.
BBC Brasil 'Parece muito autêntico', afirma Giles em visita a mercado COMO TUDO COMEÇOU
A paixão por viajar foi despertada em 2000, durante um intercâmbio universitário nos Estados Unidos.
"Nova Orleans foi o primeiro lugar que fui sozinho. Estava sozinho em uma cidade estrangeira. Gelei."
"Respirei fundo algumas vezes e disse para mim mesmo: 'É isso o que você quer. Se não quer, vá para casa'", relembra.
Giles não só seguiu em frente, como não parou mais.
BBC Brasil Paixão de Giles por viagem começou em 2000, quando ele fez intercâmbio nos Estados Unidos Nem mesmo um problema renal detectado em 2002, que o obrigou a se submeter a um transplante de rim em 2008, o impediu de continuar viajando.
Segundo ele, a doença o levou a tomar outra importante decisão ainda em 2002: parar de beber, já vez que "estava prestes a se tornar um alcoólatra".
Em meio aos problemas de saúde e às viagens, Giles ainda encontrou tempo para se formar em História Americana, com um mestrado em Estudos Transatlânticos.
Em 2010, lançou o livro Seeing the World My Way ("Vendo o Mundo do Meu Jeito", em tradução livre), no qual narra suas viagens pelo mundo.
Entre as aventuras, estão um voo de asa-delta sobre a praia de São Conrado, no Rio de Janeiro, bungee jumping na Nova Zelândia, escalada de montanhas geladas e salto de paraquedas na Austrália.
"Viajar é mais do que simplesmente ver o cenário bonito ou a paisagem com seus olhos", comenta no livro.
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