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    Lençóis Maranhenses valem a visita até na estação de seca

    DANTE FERRASOLI
    ENVIADO ESPECIAL AO MARANHÃO

    28/12/2017 02h00

    Esqueça a divisão climática do ano em quatro estações. Na região dos Lençóis Maranhenses, os locais só consideram duas: a chuvosa, que vai de janeiro a julho, e a seca, de agosto a dezembro.

    A atração turística fica dentro do Parque dos Lençóis Maranhenses, que tem 155 mil hectares e cujos principais acessos são por Barreirinhas, cidade a 255 km de São Luís, a capital do Estado.

    Na estação chuvosa, cada uma das incontáveis dunas de areia branca esculpidas pelos ventos esconde uma lagoa de águas pluviais; na seca, estas desaparecem progressivamente, à exceção de algumas, que sobrevivem com um volume menor de água, mas igualmente mornas, limpas e convidativas.

    Uma das eternas é a lagoa dos Toyoteiros, que recebe esse nome por ficar perto de onde as jardineiras –caminhonetes adaptadas para levar visitantes ao lugar, muitas vezes da montadora Toyota– ficam estacionadas.

    Assim, o passeio vale a pena mesmo na seca. Se o viajante preferir locais sem muitos turistas, a época é até mais recomendada.

    As dunas, afinal, continuam lá, com suas areias frias mesmo sob o sol mais inclemente. Isso acontece porque o vento modifica suas formações constantemente, evitando que seus grãos fiquem parados, expostos ao sol.

    A impressão é que você está em um grande deserto. Para qualquer lado que se olhe, uma infinidade de dunas se apresenta. Todas parecem iguais, se perder ali é muito fácil. Por isso é importante ir à região das lagoas acompanhado por um guia local.

    Vistas de cima, as montanhas de areia parecem um lençol amarrotado, e é daí que vem o nome do lugar.

    O parque não se resume às dunas. Há uma fauna rica que inclui raposas, corujas, gatos-maracajás, tatus, pacas, ovelhas, guarás na cor vermelho incandescente, além dos onipresentes jumentos e burros.

    Os Lençóis Maranhenses são uma das atrações mais conhecidas da Rota das Emoções, excursão criada por uma parceria entre Maranhão, Piauí e Ceará, com apoio do Sebrae (órgão de capacitação e fomento a pequenas empresas). O trajeto passa por 14 cidades e une pontos turísticos dos três Estados: além de Lençóis, delta do rio Parnaíba e Jericoacoara.

    Para chegar a Barreirinhas, quem desembarca em São Luís vai ter que encarar três horas e meia de estrada em direção ao leste. A via, asfaltada, foi um dos motivos para o aumento de turistas na área. Antes de sua construção, a viagem entre as cidades durava quase um dia.

    A paisagem, durante boa parte do caminho, é aquela previsível de interior do Nordeste do imaginário popular –pequenas vilas pobres com casas de barro e campinhos de futebol improvisados.

    Editoria de Arte/Folhapress
    (((MAPA MOSTRANDO A ROTA DAS EMOÇÕES, COM LINHA PONTILHADA LIGANDO SANTO AMARO-MA A CRUZ-CE, MOSTRANDO AS SEGUINTES CIDADES: SANTO AMARO-MA, BARREIRINHAS-MA, PAULINO NEVES-MA, TUTOIA-MA, ARAIOSES-MA, PARNAIBA-PI, ILHA GRANDE-PI, LUIS CORREIA-PI, CAJUEIRO DA PRAIA-PI, CHAVAL-CE, BARROQUINHA-CE, CAMOCIM-CE, JIJOCA DE JERICOACOARA-CE, CRUZ-CE))) (((TAMANHO: 3x9))) (((mapa para referência: https://www.google.com.br/search?q=rota+das+emo%C3%A7%C3%B5es+mapa&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=T2lv2sofQ7-oEM%253A%252CiPnWlHlRwRDnLM%252C_&usg=__sUAidjvNlLvTdx9QnhV16TmwAWQ%3D&sa=X&ved=0ahUKEwjrupap9IfYAhWB3SYKHRFpAY4Q9QEIMzAD#imgrc=DPSptBxP-wlDBM:)))

    Barreirinhas, que tem cerca de 62 mil habitantes, é uma cidade pobre. Uma boa parte das casas é de tijolo aparente. Entretanto, há boa estrutura para o turismo, com muitos hotéis e pousadas.

    Na avenida Beira-Rio, que margeia o rio Preguiças, há bares e restaurantes, além de galerias onde é possível encontrar artesanato feito a partir da fibra do buriti.

    Uma vez na cidade, o visitante que quiser chegar aos Lençóis precisa cruzar o rio Preguiças numa balsa e depois seguir, de jardineira ou de quadriciclo, por 40 minutos por um caminho "com emoção", que passa por dunas, poças (profundas na época de chuva) e, para quem vai de jardineira, galhos passando bem perto da cabeça.

    Quando se chega à área das lagoas, os veículos estacionam. A partir dali, só a pé.

    PREGUIÇAS

    Não é fácil competir com Lençóis, mas o rio Preguiças também é uma atração e tanto na parte maranhense da Rota das Emoções. Há duas versões sobre o porquê de o rio, que fica cem por cento no Maranhão, ter sido batizado assim. Uns dizem que havia muitos bichos-preguiça no entorno; para outros, o nome vem de seu formato, quase todo em zigue-zague, como se não tivesse pressa nenhuma para chegar ao mar.

    Em suas margens, a vegetação vai se transformando à medida que o mar se aproxima: de carnaúbas e buritis para manguezais.

    Há também a Área de Proteção Ambiental dos Pequenos Lençóis, com dunas menores, dentro do parque.

    Em passeio de barco a partir de Barreirinhas em direção ao Atlântico, vale parar no povoado de Vassouras, onde estão algumas dessas dunas.

    Ainda na margem do Preguiças, há um farol alto, construído na década de 1940. Quem se aventurar a subir seus 160 degraus poderá contemplar, ao mesmo tempo, o rio, o mar e a área dos Pequenos Lençóis. Outra parada interessante acontece na quase deserta península de Caburé, onde começa o encontro entre o rio e o mar.

    Finalmente, o forasteiro chega a Atins, povoado rústico de Barreirinhas, onde está a foz do Preguiças. As ruas são de areia e não existe sinal de celular, mas há pousadas e uma outra entrada para o Parque dos Lençóis.

    O jornalista viajou a convite da pousada Encantes do Nordeste

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