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Marílson diz que se aposenta em 2016 e se preocupa com novos maratonistas
MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
MARIANA LAJOLO
COLUNISTA DA FOLHA03/02/2016 17h26
Marílson Gomes dos Santos, 38, não compete desde abril do ano passado. Uma grave lesão na panturrilha o tirou do Pan de Toronto e do Mundial de Pequim em 2015.
Mesmo assim, a última maratona que ele correu foi também a qual lhe rendeu o índice para a Olimpíada (2h11min em Hamburgo, na Alemanha). Hoje, Marílson é o melhor brasileiro do ranking mundial da prova de 42,125 km-três irão à Rio-2016.
Ele deve voltar a correr provas de 10 km nas próximas semanas e só participará de uma maratona antes dos Jogos do Rio se outros brasileiros fizerem tempos melhores que o dele e ameaçarem tirar sua vaga olímpica.
Em entrevista nesta quarta-feira (3), à TV Folha, Marílson mostrou preocupações além da sua chance de disputar a terceira maratona em Jogos Olímpicos -abandonou em Pequim-2008 e foi quinto colocado em Londres-2012.
Bicampeão da Maratona de Nova York (2006 e 2008), ele afirmou que se aposenta ainda neste ano, falou das perspectivas do atletismo brasileiro na Rio-2016 e para depois dos Jogos.
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Maratona olímpica no Rio
"É um percurso sem tantas dificuldades, quase todo plano [largada e chegada no Sambódromo]. É um circuito de quatro voltas, o que é bom para o público, não para quem está correndo. Demora mais passar. Se tiver úmido, os atletas que vivem na altitude tem dificuldade. A umidade aliada ao calor prejudica muito os atletas, principalmente os africanos, que tem tendência a sofrer nessas condições. O clima do Rio pode ajudar os brasileiros. Mas toda regra tem exceção. Eu tenho dificuldade em correr no Rio, nasci em Brasília e estou acostumado com um clima mais seco. Mas é questão de aclimatação. Favorável é não ter fuso-horário, que acaba influenciando no sono."Aposentadoria
"Este vai ser meu último ano. Possivelmente a aposentadoria vai ser na maratona do Rio. Pode ser que faça alguma outra prova, depende do resultado. Mas 2016 vai ser meu último ano. A rotina de atleta é muito dura. Comecei com 12 anos e já tenho algumas sequelas disso na musculatura. E o lado psicológico já não é mais o mesmo. Preciso descansar corpo e mente. E dar espaço para atletas que podem surgir."Próxima geração
"Não sei se vai ter a mesma qualidade que a gente está tendo nos últimos Jogos. É possível que melhore, mas ficou uma lacuna muito grande entre a minha geração e a seguinte. São anos e anos vagos, sem surgimento de novos maratonistas. Não sei se na próxima Olimpíada vai ter maratonistas no mesmo nível. A torcida é grande. Mas não é qualquer atleta que faz maratona. É preciso se adaptar aos treinos e à distância."Chance de medalhas
"A maratona pode ser que tenha chance. É imprevisível. As marcas não representam nada na maratona. São diversas outras características que podem influenciar o resultado. A Fabiana Murer [salto com vara] tem chance. O Duda [Mauro Vinícius da Silva, salto em distância] se voltar a saltar o que já saltou talvez tenha chance. Os revezamentos. Mas temos que ver que os demais países estão crescendo. Mesmo os da América do Sul, que a gente sempre ganhava facilmente, eles agora começaram a ganhar uma ou mais medalha que a gente. A Colômbia por exemplo, tem um ouro no salto triplo [Caterine Ibarguen é a atual bicampeã mundial]. A concorrência está cada vez maior."Preocupação com resultado
"[No Rio] Não vai fugir muito do padrão dos últimos Mundiais e Olimpíadas. Uma, duas medalhas ou nada. Já está sendo preocupante, a gente tem que se mover. O que está acontecendo com o atletismo brasileiro hoje eu não tenho uma resposta. O que faço é correr. Não estou envolvido com a máquina. Mas a gente sabe que tem que detectar mais talento, disseminar mais a modalidade. É um país muito grande com uma população muito grande. A gente pode ter atletas não só na maratona mas em provas de velocidade, de saltos, em todas. Temos que fazer que esses talentos apareçam e possam dar sequência em um projeto."Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
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