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    Entenda as complicações da doença renal crônica

    MARINA LANG
    enviada especial da Folha Online ao Rio

    12/03/2009 10h56

    No Dia do Rim, lembrado mundialmente nesta quinta-feira (12), 1% dos brasileiros têm pouco para comemorar. É esse o volume de pessoas no país afetadas pela doença renal crônica, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Nefrologia.

    Seus sintomas não são perceptíveis nos primeiros estágios da doença. Ou seja, a perda da capacidade e da função renal ocorre sem que o indivíduo saiba.

    Quando há mais de 50% de danos em relação ao funcionamento dos rins, os sintomas começam a aparecer. Alguns deles são náuseas e vômitos, emagrecimento, dores lombares, ardor ou dificuldade ao urinar, alterações na coloração ou presença de sangue na urina.

    Arte

    "Esse é um estágio avançado da doença", afirma o nefrologista Hugo Abensur, que também é professor da Faculdade de Medicina da USP. Com 90% de perda renal, o paciente é obrigado a fazer diálise, técnica pela qual o sangue é fluído para fora do organismo e filtrado pela máquina, para daí ser reposto no corpo novamente.

    "As pessoas devem pedir aos seus médicos exames de urina que investiguem o funcionamento renal. Eles geralmente não são pedidos pelos médicos", indica Abensur.

    Anemia

    A pessoa que tem doença renal crônica costuma apresentar anemia renal, devido à falência na produção de glóbulos vermelhos.

    "A falta de vitamina D, que se concentra nos rins, afeta o metabolismo mineral dos ossos, assim como a produção de glóbulos vermelhos, que são responsáveis pela distribuição de oxigênio no tecido", explica Abensur.

    Esse conjunto, de acordo com ele, leva à anemia renal, ou seja, a incapacidade de produção de um hormônio chamado eritropoietina, que estimula a produção de hemácias (responsáveis pelo transporte de oxigênio no organismo) na medula óssea.

    Segundo estudo publicado na revista "Current Medical Research and Opinion", 25% dos pacientes em estágio inicial da doença renal crônica apresentam anemia --o índice aumenta para 75% no estágio final, ou seja, quando há falência total dos rins e a diálise se torna necessária.

    Divulgação
    A doença renal crônica pode levar também à anemia renal, devido à falência na administração de vitamina D, que se concentra no órgão
    A doença renal crônica pode levar também à anemia renal, devido à falência na administração de vitamina D, que se concentra no órgão

    "A tendência é que o número cresça, a partir de estimativas de aumento de doenças como diabetes e hipertensão", afirma Paulo Roberto Abreu da Silva, responsável pelo setor de nefrologia do Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro. Ele diz ainda que o número de especialistas em tratamento do rim precisa aumentar, à medida que aumentam os casos.

    A anemia renal é um dos tipos de anemia e, por sua vez, traz redução da função cognitiva, aumento do tamanho do coração que eleva o risco de insuficiência cardíaca, fadiga debilitadora, perda da libido, depressão e palidez.

    O tratamento da anemia renal, inclusive para indivíduos que não estejam em diálise ou para os que recebem um transplante renal, é feito por medicamentos que simulam o hormônio eritropoietina.

    Além do tratamento das doenças correlatas, o paciente com anemia renal precisa de uma dose injetável com três aplicações semanais de remédios para controle da doença.

    O laboratório Roche desenvolveu um medicamento que reduz essas aplicações para apenas uma vez ao mês. Lançado em 2007, o remédio Mircera já tem uso difundido em outros países e foi aprovado recentemente no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

    A jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite da Roche

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