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    Fortaleza dá indícios de domínio muçulmano na península Ibérica

    DA EFE

    01/09/2011 10h46

    A descoberta de uma fortaleza islâmica do século 12 no sul de Portugal adiciona dados sobre o domínio muçulmano na península ibérica, especialmente sobre o fundador da construção, o filósofo sufi Ibn Qasi.

    Os vestígios descobertos, pertencentes a um tipo de complexo militar e de culto conhecido em árabe como "ribat", são excepcionais na região pelo número de casas e mesquitas, explicou o arqueólogo da Universidade Nova de Lisboa, Mário Varela Gomes, à agência de notícias Efe.

    O achado da construção medieval é quase inédito na península, porque até agora mal se conhecia a de Guardamar del Segura, na província de Alicante (sudeste da Espanha), disse o pesquisador.

    As escavações do "ribat", situadas em Aljezur, um pequeno município na província meridional do Algarve, serviram para identificar nove pequenas mesquitas, um minarete e um muro de orações em seus dois hectares de extensão.

    No entanto, a descoberta mais relevante corresponde às lápides funerárias, cuja leitura revela dados inéditos sobre um personagem importante, mas pouco conhecido da ocupação muçulmana na península Ibérica durante o século 12: o místico Ibn Qasi.

    Segundo Gomes, ele teria fundado as bases de um estado teocrático no sul de Portugal, Andaluzia, Extremadura, Badajoz e Córdoba.

    Fundamentalista do ramo sufi, Ibn Qasi liderou a luta contra os almorávides (dinastia norte-africana) e iniciou o "ribat" em 1130.

    A construção, que formou monges guerreiros que combateram em sucessivas guerras em Al Andalus --a região ibérica dominada pelos muçulmanos-- incitava à meditação por seu isolamento e grandeza natural, explicou o pesquisador.

    Entre dunas e baixa vegetação, estava encravado à beira de uma fileira de penhascos banhados pelo oceano Atlântico.

    No entanto, o projeto de Ibn Qasi foi interrompido em 1151, quando assassinado. "Era visto como um traidor pelos outros muçulmanos, porque tinha assinado um pacto de não agressão com Afonso Henriques (primeiro rei português e de confissão católica)", relatou Gomes.

    O "ribat" acabou sendo abandonado definitivamente pouco depois do desaparecimento de seu fundador.

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