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    Ser eunuco aumenta expectativa de vida, sugere estudo

    RICARDO BONALUME NETO
    DE SÃO PAULO

    11/10/2012 14h25

    Quer viver mais, jovem do sexo masculino? Quase vinte anos mais do que a média dos homens? Basta fazer uma cirurgia simples: castração.

    Já se desconfiava que homens castrados viviam mais do que os "intactos", assim como se sabe que mulheres vivem mais tempo do que homens, e que o mesmo efeito existe em outros animais. Castrou o gato ou o cachorro? O bicho viveu mais.

    Mas um estudo feito na Coreia e publicado em edição recente da revista científica "Current Biology" deu provas sérias de que ser um eunuco faz o homem viver bem mais tempo.

    A escolha é potencialmente terrível: viver mais sem sexo, ou viver menos com a coisa? Pois tudo parece indicar que são os hormônios sexuais masculinos que fazem os homens viverem menos que os eunucos -- mortos antes, embora mais felizes, na maioria dos casos.

    Os hormônios poderiam agir tanto afetando o sistema de defesa do organismo quanto prejudicando o sistema cardiovascular. Não há provas definitivas.

    Três pesquisadores da Coreia do Sul, liderados por Kyung-Jin Min, da Universidade Inha, checaram um registro histórico e genealógico, sobre eunucos que serviram a dinastia Chosun (que governou a Coreia entre 1392 e 1910).

    Ser um eunuco na corte coreana era um privilégio, por isso havia jovens que voluntariamente se castravam para virar funcionários públicos. E eles podiam "casar" e adotar meninos castrados ou meninas normais como "filhos". Os meninos castrados podiam ser tanto vítimas de acidentes quanto voluntários.

    O registro genealógico conhecido como Yang-Se-Gye-Bo foi escrito em 1805 por Yoon-Muk Lee e narra a história da "família" iniciada por Deuk-Bu Yoon.

    O registro dá detalhes sobre a vida de 385 eunucos, mas a duração da vida de apenas 81 deles foi identificada com precisão. E os números foram comparados com idades de três famílias contemporâneas de homens "intactos" e com o mesmo nível social.

    Os eunucos tinham idade média de 70 anos ao morrer; havia, no grupo, homens que morreram com 27 anos, mas também um recordista com 109 anos.

    Os homens das três famílias contemporâneas tiveram suas idades checadas na hora da morte, e deu para ver que viveram bem menos: em média entre 50,9 a 55,6 anos.

    Mesmo os reis coreanos -- que supostamente tinham um padrão de vida superior a todo -- viviam bem menos: 47 anos em média.

    E houve um número acima do normal de eunucos longevos, com mais de cem anos: três, um morto aos 100 anos, outro aos 101, outro aos 109.

    "A incidência corrente de centenários é um para cada 3.500 no Japão e um por 4.400 nos Estados Unidos. Portanto, a incidência de centenários entre os eunucos coreanos é pelo menos 130 vezes maior do que em países desenvolvidos do presente", escreveram os autores no artigo científico.

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